terça-feira, 20 de julho de 2010

O DOM DE LÁGRIMAS

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O Dom de Lágrimas

Eu estava passando a noite com um maravilhoso casal da Igreja Presbiteriana, um presbítero e sua esposa. Eu ia pregar na sua igreja aquela noite e nas duas ou três noites seguintes. Tivemos um encontro no primeiro dia para conversar. Harold era um homem amável, mas percebi logo que havia algo errado, algo no 
seu interior que o estava impedindo. Comecei a orar por ele.
 Falei: "Senhor, mostra-me como orar por Harold. Há algo errado, mas não tenho a menor idéia do que seja".
 Naquela noite, fomos à igreja e tivemos um culto maravilhoso. Quando chegamos em casa, antes de dormir, eu disse: "Por que não oramos juntos?". Então Harold, sua esposa e eu nos demos as mãos e começamos a orar.
  
Abri minha boca e disse: "Senhor, quero levar Harold diante de ti...", e sem qualquer emoção, sem qualquer sensação de entrar nos meus próprios sentimentos humanos, foi como se a tristeza invadisse todo meu ser. Minha voz começou a embargar e pensei: "O que está acontecendo comigo?". Meus olhos começaram a lacrimejar, e perguntei a mim mesmo o que iam pensar sobre este pregador se chorasse na oração.
  
Tentei me recompor, mas tudo que conseguia dizer era apenas: "Harold... Harold...". As lágrimas escorriam pelas faces e caíam do meu queixo. 
Humilhado, não conseguia soltar minhas mãos para pegar meu lenço, porque estávamos de mãos dadas. Continuei tentando me controlar, mas não pude fazer outra coisa senão soluçar e dizer: "Harold... Harold...".
  
Isso continuou por uns dez minutos. Estava totalmente humilhado. Finalmente, tudo que consegui dizer era: "Perdoem-me. Não sei o que está acontecendo".
  
No mesmo instante, Harold disse: "Pois eu sei o que está acontecendo". Fomos dormir. No dia seguinte, de manhã, tivemos uma reunião de oração. Harold ficou em pé e disse: "Quero agradecer a Deus por ter me libertado ontem à noite naquele momento de oração – depois de trinta anos de 
 escravidão!".
  
Gemidos Inexprimíveis
 Fiquei profundamente comovido. Fui para um lugar para estar sozinho com o Senhor. Perguntei: "Senhor, o que está tentando me ensinar? O que está acontecendo?".
  
O Senhor respondeu: "Você queria saber como orar por Harold. Mas você não ama Harold como eu o amo. Eu o amo. E você não conhece a Harold como eu o conheço. Como pode orar por Harold? Mas você disse que queria aprender a orar por ele. Então eu aceitei suas palavras ao pé da letra. Tomei suas emoções emprestadas. Tomei seu coração emprestado. Tomei suas palavras emprestadas. E orei por Harold através de você. Você entrou numa dimensão de oração que pouco conhece. O Espírito de Deus fez intercessão através de você com gemidos que nunca poderiam ser colocados em palavras humanas, pois eram grandiosos demais, profundos demais para isso; como isso seria impossível, tomei suas faculdades emprestadas para fazer minha oração. E a propósito, Al, o Pai sempre ouve minhas orações".
  
Então eu disse: "Senhor, isso é realmente algo que dá para experimentar? Podemos entrar nisso?". E o Senhor começou a mostrar-me Epafras no livro de Colossenses (4.12): "... que sempre luta por vós nas suas orações". A palavra "luta" é a palavra agonizomai no grego. É a mesma palavra usada para se referir à luta de Jesus no Jardim do Getsêmani (Lucas 22.44). "E, posto em agonia..." (agonai). É a mesma palavra usada para a Maratona Grega de 41 quilômetros. E é a mesma palavra que Paulo usou quando disse que queria que os cristãos romanos lutassem (agonizomai) juntos com ele em oração (Rm 15.30).
  
Mas onde está hoje a agonia? Deus está nos dizendo que devemos ir além da nossa posição atual na oração, que devemos esperar nele até que nossos corações se quebrantem, até que sejamos conduzidos a uma nova dimensão. Nossas orações terão  uma dimensão cósmica, e veremos coisas surpreendentes acontecerem.
  
Quem Quer o Dom de Lágrimas?
  
Este é um dom de Deus, e não o receberemos se não o pedirmos. Gálatas 4.6 diz: "E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai". Sempre lia essa passagem e achava que se referia a falar suavemente: “Aba, Pai”. Mas a palavra "clama" escolhida aqui é krazein, que é usada na descrição do geraseno endemoninhado, que andava gritando pelos sepulcros e montes (Mc 5.5). O que Gálatas 4.6 quer dizer é que quando nos colocamos diante de Deus, o Espírito do Filho amadurecido é enviado ao nosso coração e clamamos Aba – que é um gemido impossível de ser colocado em palavras. É um estado de enfraquecimento, uma carga no coração, uma atitude de "não mais eu, mas Cristo em mim" na oração.
Examine a história e verá que foi nos grandes momentos de avivamento, quando lágrimas e quebrantamento vieram para a igreja, que Deus rasgou os céus e desceu. Foi quando as pessoas rasgaram seus corações e choraram diante dele.
 Isso é muito além de chorar por arrependimento ou por alegria diante do Senhor. É entrar na comunhão do seu sofrimento, é relacionar-se com o Espírito Santo, é orar com o Espírito. É colocar a mim mesmo e as minhas faculdades à disposição do Espírito Santo. Torno-me como leito seco de rio, e Deus derrama o seu Espírito; de repente, através dessa pessoa seca e vazia passa um fluir torrencial da sua Presença. Começamos a ver com seus olhos e a sentir com seu coração, a ansiar com seus desejos e a respirar com seu sopro. Isso nunca pode ser produzido pelo homem. É trabalhado em nós pelo próprio Deus. Esse é o dom de lágrimas.
  
Tenho visto homens fortes e durões, homens que normalmente não chorariam, dizer: "Senhor, concordo com isso; quero pedir o dom de lágrimas". Lembro-me de um homem desse tipo, um homem dedicado, mas que não tinha lágrimas nas suas orações. Ele pediu: "Senhor, quero o dom de lágrimas".
  
Uma semana depois, ele estava numa reunião do conselho da sua igreja. A única coisa que conseguia dizer na reunião era: "Senhor, estou sentindo tanta angústia em favor da nossa igreja". E disse o mesmo também aos outros diáconos presentes. De repente, começou a tremer por dentro e não conseguiu mais ficar na sua cadeira. Caiu no chão e começou a chorar e a clamar em agonia em favor da sua igreja. Os outros ficaram olhando, querendo saber o que estava acontecendo. Mas o Espírito Santo tomou conta dos seus corações também, e logo todos os diáconos estavam no chão, chorando diante de Deus em favor da igreja.
  
"Buscai ao Senhor com Lágrimas"
  
A Bíblia foi escrita com lágrimas, e é às lágrimas que seus maiores tesouros se abrirão. "De todo o meu coração tenho te buscado" (Sl 119.10). Se você for lá fora e olhar para o sol, e lágrimas não encherem seus olhos, você ficará cego. 
A pessoa que estuda a Bíblia, já resolveu todos os impasses, freqüenta as melhores reuniões e sabe extrair verdades radiantes e brilhantes, contudo, sem lágrimas, se tornará fariseu. Os sacerdotes cegos nem reconheceram Jesus quando esteve entre eles.
  
Nunca houve um avivamento enquanto a igreja não ficasse desesperada, enquanto não houvesse lágrimas. Estamos desesperados? A igreja está desesperada? Eu estou desesperado?
  
O Salmo 42 diz: "Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo...". Minha alma é como um deserto seco. Preciso de água. "Quando entrarei e verei a face de Deus?".
  
Depois continua: "As minhas lágrimas têm sido o meu alimento, dia e noite...". Não são palavras de quem está entoando um doce cântico. É alguém que não consegue comer, que não consegue fazer nada mais de dia ou de noite. Ele se coloca diante de Deus e diz: "Rasga os céus! Age, ó Deus!". Suas lágrimas são a única coisa que sua boca está provando. Está clamando com agonia. É isso que precisa acontecer no nosso meio e na Igreja do Senhor antes que o avivamento possa realmente chegar.
  
Não vejo muita esperança de que a Igreja chegue facilmente a esse ponto. Joel 2 fala de uma assembléia solene e diz: "Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor..." (v. 17). A palavra significa, na verdade, "uivar", e é uma ordem, não uma sugestão. Era para ser feito continuamente, entre o pórtico e o altar, ou seja, entre o altar de oração e o pórtico, onde o povo ficava, por meio de intercessão com oração e uivos.
  
Esse é o anseio do Senhor, é o que pesa seu coração. Foi o que aconteceu no cenáculo, por dez dias antes do Pentecoste, cumprindo o que Joel havia ordenado, de tal forma que Pedro pudesse falar: "Isto é o que foi dito pelo 
 profeta Joel" (At 2.16).
  
Senhor, Reverte o Nosso Cativeiro!
  
Somos muito duros e temos medo dos sentimentos. Ou, em outras palavras, estamos em cativeiro. Estamos fechados no nosso egoísmo e naquilo que outros podem pensar de nós. Não é uma questão de gostar de lágrimas nem de pedir que o Senhor nos faça mais emotivos. Pelo contrário, é dizer: "Senhor, dá-me o privilégio de entrar nas orações da própria divindade. Permite que eu entre nessa dimensão de oração. Torna-me a ti, ó Senhor, e serei restaurado. Faze-nos retornar do cativeiro!".
  
ocê permitirá que o Senhor o quebrante? Ele ouvirá o clamor daqueles que o invocam de dia e de noite. "No dia em que eu clamei, atendeste-me; alentaste-me, fortalecendo a minha alma” (Sl 138.3).
  
Este artigo foi adaptado de uma mensagem pregada numa conferência sobre avivamento em maio de 2000, nos EUA. Foi publicado em inglês no jornal “Herald of  His Coming” (Arauto da Sua Vinda), edição de setembro de 2000, e no “Arauto da Sua Vinda” em português, na edição de janeiro/fevereiro de 2001.
  
Al Whittinghill ministra em conferências e campanhas evangelísticas através do mundo com o grupo “Ambassadors for Christ, International” (Embaixadores por Cristo, Internacional), com sede na Geórgia nos Estados Unidos (www.afci-usa.com).


por Al Whittinghil
Postado por Roberto
fonte: Jornal Arauto da Sua Vinda
Abraço




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