segunda-feira, 12 de julho de 2010

FICA FIRME

 Ficar Firmes

De acordo com o livro de Efésios, a experiência cristã inicia-se com o assentar-se (Ef 2.6), passando depois para o andar (4.1), mas não pára aí. 

Cada cristão precisa aprender a FICAR FIRME (6.11). Todos nós precisamos estar prontos para o conflito. Precisamos saber como nos assentar em Cristo nos lugares celestiais, e precisamos saber como andar de modo digno dele aqui na terra. Mas precisamos também saber como resistir firmes diante do inimigo. Este conflito, que é o assunto da terceira seção do livro de Efésios (6.10-20), é o que Paulo chama “a nossa luta ... contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (v. 12). 
Contudo, vamos relembrar mais uma vez a ordem em que Efésios apresenta estas questões para nós. A seqüência é “assentar-se... andar... ficar firmes”. É que nenhum cristão pode esperar engajar-se no conflito dos séculos sem primeiro descansar em Cristo e naquilo que ele fez por nós. A seguir, mediante o poder do Espírito Santo agindo dentro do cristão, ele passa a seguir a Cristo numa vida santa e prática aqui na terra. Se ele for deficiente em qualquer uma dessas duas áreas, descobrirá que toda a conversa a respeito de uma guerra espiritual não passa realmente de uma conversa; ele jamais conhecerá a realidade dessa luta. 

Existe uma Guerra 

Deus tem um arquiinimigo, sob cujo poder estão incontáveis hostes de demônios e anjos decaídos, os quais procuram infestar o mundo com o mal e excluir Deus de seu próprio reino. Esse é o significado do versículo 12. É uma explanação das coisas que estão acontecendo ao nosso redor. Nós só vemos “carne e sangue” armados contra nós – isto é, um sistema mundial de reis e governantes hostis, de pecadores e pessoas perversas. 

Todavia, diz-nos Paulo, a nossa luta não é contra esses, “mas contra as astutas ciladas do diabo... contra as potestades, contra os poderes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais da maldade nas regiões celestes” – em suma, contra os enganos do próprio Satanás. Dois tronos estão em guerra. Deus afirma seu domínio da Terra, e Satanás procura usurpar a autoridade de Deus. A igreja é chamada para desalojar Satanás do seu reino atual e tornar Cristo o supremo Senhor de todos. O que estamos fazendo a respeito desta guerra? 

Satanás desfere muitos ataques diretos contra os filhos de Deus. É claro que não devemos atribuir ao diabo aqueles problemas que são o resultado direto de nossa própria e deliberada quebra das leis divinas. Por esta altura, já deveríamos saber como distinguir entre uma coisa e outra. Mas há ataques físicos aos santos, ataques do maligno contra seus corpos e mentes, e precisamos estar bem conscientes disso. É certo que muitos cristãos ignoram o inimigo, que não sabem nada sobre os assaltos dele contra nossa vida espiritual. Porém, devemos, por isso, deixar que esses ataques fiquem sem resposta? 

Uma Guerra Defensiva, não Ofensiva 

Temos a nossa posição no Senhor, nos lugares celestiais, e estamos aprendendo como andar com ele, diante do mundo; porém, como devemos nos comportar na presença do adversário – adversário de Deus e nosso? Diz-nos a palavra de Deus: “Ficai firmes”. “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo". No grego é um verbo, “estar firmes”, acompanhado de uma preposição, “contra”, no versículo 11, o qual realmente significa “manter o território” ou “sustentar a sua posição”. Há uma preciosa verdade oculta nessa ordem de Deus. Não se trata de uma ordem para invadir um território que não é nosso. 

Uma guerra, em termos modernos, implicaria uma ordem para “marchar”. Os exércitos marcham e invadem outros países a fim de ocupá-los e subjugá-los. 

Deus não ordenou que agíssemos dessa forma. Não somos ordenados a marchar, mas a ficar firmes. As palavras ficar firmes implicam que o território disputado pelo inimigo realmente pertence a Deus e, por conseguinte, a nós. Não precisamos lutar para conquistar um palmo sequer ali.

Quase todas as armas de nossa guerra, descritas em Efésios, são puramente defensivas. Até mesmo a espada pode ser usada tanto para a defesa como para o ataque. A diferença entre guerra ofensiva e defensiva está aqui: na defensiva, retemos o território, e basta-nos defendê-lo; na ofensiva, não temos território e lutamos a fim de obtê-lo. E essa é precisamente a diferença entre a guerra empreendida pelo Senhor Jesus e a guerra empreendida por nós.

A guerra de Cristo é ofensiva; a nossa, em essência, é defensiva. Jesus lutou contra Satanás a fim de vencê-lo e dar-nos a vitória. Mediante a cruz, ele levou a batalha ao âmago do próprio inferno, e assim levou cativo o cativeiro (4.8,9).

Hoje, a guerra contra Satanás existe somente para manter e consolidar a vitória que ELE já obteve para nós e nos entregou. Por meio da ressurreição, Deus proclamou o seu Filho vitorioso sobre todos os reinos das trevas. 

O território conquistado por Cristo, o Senhor no-lo concedeu. Não precisamos lutar para conquistá-lo. Precisamos somente mantê-lo e defendê-lo contra todos os desafiantes. 

Dentro do território de Cristo, a derrota do inimigo já é um fato consumado, e a igreja foi colocada ali exatamente para assegurar a derrota dele. Satanás é quem precisa contra-atacar nos seus esforços para nos desalojar daquele lugar. De nossa parte, não precisamos lutar para ocupar um terreno que já é nosso. Em Cristo nós somos vencedores - aliás, “mais que vencedores” (Rm 8.37). É nele, portanto, que estamos firmes. Os vencedores são aqueles que descansam na vitória alcançada para eles por seu Deus, em Cristo.

Na hora em que você luta para obter a vitória, já perdeu a batalha antes de começar. Suponha que Satanás se empenhe em assaltá-lo em sua casa ou no seu serviço. Surgem dificuldades, despontam desentendimentos, é uma situação que você não consegue controlar e tampouco dela escapar. Você se põe a orar, jejuar, lutar e resistir por dias, mas nada acontece. Por quê? 

Porque está lutando para obter a vitória e, ao fazê-lo, está cedendo ao inimigo todo o terreno que já lhe pertence. A vitória lhe parece um alvo distante demais, muito longe, fora do seu alcance. 

Somente aqueles que se assentam podem permanecer firmes. O poder que nos vem para que fiquemos firmes, tanto quanto para que andemos, está em que primeiro nos assentamos com Cristo nos lugares celestiais. Tanto o andar como o guerrear do cristão dependem do poder de sua posição em Cristo. Se ele não estiver assentado diante de Deus, não pode esperar ficar firme diante do inimigo. 

A Tática do Inimigo 

O primordial objetivo de Satanás não é induzir-nos a pecar, mas simplesmente facilitar para nós o pecado, fazendo-nos sair do território do triunfo perfeito para onde o Senhor já nos levou. Utilizando-se da avenida de nosso intelecto, ou de nosso coração, mediante nossa mente ou através de nossos sentimentos, o diabo nos assalta no descanso que usufruímos em Cristo ou em nosso andar no Espírito. Todavia, para cada ponto do seu ataque há uma armadura defensiva: o capacete, a couraça, o cinturão, o calçado e, cobrindo-nos completamente, o escudo da fé para desviar os dardos inflamados. A Fé diz: Cristo é exaltado! A Fé diz mais: Somos salvos pela sua graça! Continua a Fé: Temos livre acesso ao Pai! E termina a Fé: Ele habita em nós pelo seu Espírito (veja 1.20; 2.8; 3.12,17). 

Visto que a vitória é do Senhor, ela se torna nossa. Basta-nos que não pretendamos conquistar uma vitória, mas simplesmente mantê-la: veremos o inimigo fragorosamente afastado de nós. Não devemos pedir ao Senhor que nos capacite a vencer o inimigo, nem que ele o vença, mas louvá-lo porque ele já fez essa obra em nosso lugar. O Senhor é o Vencedor! É uma simples questão de termos fé nele. Se cremos no Senhor, não vamos orar tanto quanto louvar. Quanto mais simples e mais clara for nossa fé nele, menos oraremos em situações de guerra, e mais o louvaremos pela vitória já obtida. 

A minha oração por você não pode ser outra senão a do apóstolo Paulo, em favor de seus leitores efésios. É a oração em que ele pede que “sejam iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação”. Que você consiga ver-se assentado com Cristo “acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia” (1.20, 21). Talvez as dificuldades ao seu redor não se alterem; o leão poderá rugir com furor como nunca; mas você não precisa se esforçar para ter esperança de vencer. Em Cristo Jesus você é o vencedor nesta batalha. 


Extraído do livro “As Três Atitudes do Crente”, de Watchman Nee, Editora Vida
por Watchman Nee
Postado por Roberto
Fonte: Revista Impacto


 

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