domingo, 25 de julho de 2010

COMO SEI QUE DEUS RESPONDE A ORAÇÃO

orando


Jonathan e Rosalind Goforth foram missionários canadenses na China de 1888 a 1934. Durante esse período, tiveram onze filhos (cinco dos quais morreram como bebês ou muito novinhos), passaram por perseguições e dificuldades e testemunharam grandes moveres do Espírito de Deus, trazendo convicção, arrependimento e conversões. Este é o nono e último capítulo na série de relatos extraídos de um livro escrito por Rosalind e contém um testemunho pessoal de como ela encontrou vitória e descanso em Cristo. 

Não me recordo de uma época em que não tivesse algum grau de amor por Jesus Cristo como meu Salvador. Quando ainda não havia completado 12 anos de idade, numa conferência de reuniões especiais, aceitei Cristo publicamente e o confessei como meu Senhor e Mestre.

Daquele tempo em diante, nasceu no meu coração um profundo anseio para conhecer Jesus mais de perto, pois ele me parecia muito irreal, distante e visionário.

Uma noite, quando ainda era bem jovem, lembro-me de ter ido embaixo das árvores no jardim e de ter olhado para o céu estrelado, com um anseio muito grande de sentir Jesus bem perto de mim. Ao ajoelhar-me ali na grama, sozinha com Deus, o clamor de Jó tornou-se meu: “Ah! Se eu soubesse onde o poderia achar!” (Jó 23.3).

Se eu soubesse que quase quarenta anos se passariam antes que esse anseio fosse satisfeito, será que teria suportado?

Junto com o anseio de conhecer a Jesus, ou literalmente de encontrá-lo, veio também um desejo intenso de servi-lo. Mas que natureza terrível eu tinha! Cheia de paixões, orgulhosa, voluntariosa 
 – eu sabia que nada disso era semelhante a Jesus.

Uma Grande Chacoalhada

Passando por cima de vários anos de certa mornidão na minha luta contra a natureza pecaminosa, minha narrativa recomeça no quinto ano do nosso trabalho missionário na China. Lamento ter de confessar que a nova vida numa terra estranha, com o clima difícil, empregados irritantes e circunstâncias totalmente desgastantes, ao invés de subjugar meu temperamento natural, na verdade o fez manifestar-se com força ainda maior.

Um dia (que jamais esquecerei), eu estava sentada dentro de casa perto da janela, ao entardecer. Duas mulheres chinesas cristãs sentaram-se do lado de fora. Sem saber da minha presença, começaram a falar a meu respeito e eu (indevidamente) fiquei a ouvi-las.

 “Sim”, uma disse, “ela trabalha muito, prega com muito zelo e – com toda certeza – nos ama; mas que pavio curto ela tem! Se ela vivesse mais o que prega...”

Em seguida, as duas passaram a fazer uma descrição completa e verdadeira da minha vida e caráter. O que disseram foi tão verdadeiro que não houve espaço para gerar aborrecimento ou ira no meu interior; deixou-me simplesmente humilhada até o pó. Vi, então, como era inútil, pior que inútil, ter vindo para a China pregar Cristo – e não estar vivendo Cristo. Mas como viver Cristo?

Eu conhecia alguns (incluindo meu querido marido) que tinham paz e poder em suas vidas – sim, e algo além disso que eu não sabia definir, algo que eu não tinha. Quanto eu ansiava para descobrir o segredo!

Seria mesmo possível, com uma natureza como a minha, que um dia eu me tornasse paciente e mansa?
 Seria possível que um dia eu parasse de me preocupar?
 Será que eu podia ter esperança de realmente viver Cristo e não somente de pregá-lo?

Eu sabia que amava Jesus; vez após vez, eu havia provado minha disposição de entregar tudo por amor a ele. Mas eu sabia, também, que uma explosão de ira com os chineses ou com os meus filhos na frente deles poderia desfazer semanas ou, talvez, meses de sacrifício abnegado em favor da causa de Deus.

Encontrando o Poder do Espírito

Os anos que se seguiram me conduziram muitas vezes pela fornalha de fogo. O Senhor sabia que nada menos do que fogo seria capaz de queimar a escória em mim e subjugar minha teimosa vontade própria. Esses anos podem ser resumidos em uma frase: “Lutando, mas não encontrando; seguindo, guardando, pelejando.” Sim, e falhando!

Às vezes, encontrava-me nas profundezas do desespero pelos fracassos; depois, levantava-me outra vez, determinada a fazer o meu melhor – porém, como era fraco o meu melhor!

No ano de 1905, e nos anos seguintes, enquanto eu via a forma maravilhosa como o Senhor guiava o meu marido e testemunhava o poder do Espírito Santo em sua vida e mensagem, comecei a buscar mais especificamente a plenitude do Espírito para mim.

Foi um tempo de profundos auto-exames interiores. O pecado foi revelado para mim como extremamente abominável, de uma forma que nunca antes havia sentido. Muitas, muitas coisas precisaram ser consertadas diante de homens e de Deus.

Foi nessa época que aprendi o que significa “pagar o preço”. Houve maravilhosas experiências no pico das montanhas, em que aprendi a honrar o Espírito Santo e a buscar o seu poder para vencer o pecado de uma maneira totalmente nova.

Contudo, para mim, Jesus ainda permanecia distante e difícil de se conhecer, como antes, e eu ainda sentia grande anseio para me aproximar dele – para achá-lo. Mesmo tendo mais poder sobre os pecados que me atormentavam, eu continuava a passar por muitos períodos de trevas e fracassos.

Enfim, a Resposta

oi durante um desses vales mais escuros que fomos obrigados a retornar para o Canadá, em junho de 1916. A saúde do meu marido não permitia que ele falasse em público, portanto parecia que agora eu teria de assumir esse dever para ele e para mim. Porém, eu tinha muito receio de enfrentar a igreja sede sem ter graça espiritual, visão ou esperança para mim mesma. O Senhor viu a fome do meu coração e, a seu próprio modo, cumpriu literalmente a promessa: “Pois ele satisfaz a alma sedenta, e enche de bens a alma faminta” (Sl 107.9).

Uma conferência espiritual estava programada para o final de junho, na província de Ontário, e senti direção de ir para lá. Durante a conferência, fui a uma das reuniões, meio a contragosto, porque estava me sentindo mais atraída a permanecer próximo a um lindo lago que havia no local.

Porém, o Senhor tinha algo de especial para mim. O pregador não me era conhecido, mas desde suas primeiras palavras, conseguiu cativar minha atenção, pois seu assunto era “Vitória sobre o Pecado”. Bem, esse era o motivo das minhas lutas, da minha fome, durante toda minha vida! Será que eu acharia a resposta?

O pregador começou descrevendo, de forma bem simples, a experiência comum da vida cristã – ora nos cumes das montanhas, com visões de Deus; ora nas recaídas, com diminuição da visão, frieza, desânimo, quem sabe até uma desobediência explícita, e as conseqüências do declínio espiritual. Depois, talvez, uma tristeza ou até uma misericórdia especial de Deus trazia a pessoa de volta dos seus caminhos tortuosos.

O pregador pediu que todos que sentiam ser esse o quadro real da sua experiência cristã levantassem as suas mãos. Eu estava sentada na primeira fileira, e somente a vergonha me impediu de levantar a mão imediatamente. Porém, eu queria muito alcançar tudo que Deus tinha para mim e estava determinada a ser autêntica; por isso, depois de uma luta, levantei minha mão.

Curiosa para saber se os outros estavam se sentindo como eu, aventurei um olhar para trás e vi muitas mãos levantadas, embora a audiência fosse formada quase exclusivamente de obreiros cristãos, pastores e missionários.

Em seguida, o pregador disse que a vida que acabara de descrever não era aquela que Deus planejara ou pretendera para seus filhos. Ele descreveu a vida mais elevada de paz e descanso no Senhor, de poder e libertação das lutas, das preocupações, da ansiedade.

Enquanto eu ouvia, quase não conseguia acreditar que isso pudesse ser verdade; no entanto, todo meu ser se comoveu, de tal forma que era difícil controlar minhas emoções. Vi, então, embora ainda sem muita clareza, que estava me aproximando do alvo que havia lutado tanto para alcançar durante toda a minha vida.

Na manhã seguinte, logo depois do alvorecer, coloquei-me de joelhos e comecei a passar cuidadosamente e em espírito de oração por todas as passagens bíblicas sobre a vida vitoriosa que encontrei em um pequeno folheto distribuído pelo pregador do dia anterior.

Que conforto e força eu recebi ao ver claramente na Palavra de Deus que a vontade dele para seus filhos era justamente essa vitória – não a derrota. E que provisão maravilhosa ele havia preparado para esse fim!

Durante os dias que se seguiram, maior luz veio para mim. Fiz o que o pregador havia indicado: de maneira quieta, porém bem definida, aceitei Cristo como meu Salvador do poder do pecado, assim como, há tantos anos, eu o havia aceitado como meu Salvador da penalidade do pecado. E nisso eu descansei.

Saí daquele lugar consciente, porém, que algo ainda estava faltando. Senti-me como o homem cego deve ter se sentido quando disse: “Vejo os homens, porque como árvores os vejo, andando” (Mc 8.24). Eu estava começando a ver a luz, porém de forma ainda muito incompleta.

Um dia depois de chegar em casa, peguei um pequeno livreto intitulado A Vida Que Vence, que ainda não havia lido. Indo ao lado da cama do meu filho, expliquei para ele que continha o testemunho pessoal de alguém que Deus usara para trazer grande bênção para minha vida. Comecei, então, a ler em voz alta até chegar a estas palavras: “Finalmente, reconheci que Jesus Cristo estava realmente e literalmente dentro de mim”.

Parei, atônita. Parecia que o sol acabara de sair de detrás das nuvens, inundando todo o meu ser de luz. Como eu fora cega! Finalmente, pude ver o segredo da vitória: era simplesmente o próprio Jesus Cristo vivendo sua vida em nós.

Na verdade, a idéia de vitória até ficou em segundo plano diante da alegria incalculável de reconhecer a presença dele, habitando no meu interior! Como uma viajante, cansada e exausta, que acabou de achar o caminho de volta para casa, finalmente pude simplesmente descansar nele. Descansar no seu amor – descansar nele mesmo. 

Que paz e gozo inundaram minha vida!
 Uma quietude e um descanso de espírito que nunca pensei que iria alcançar tomaram conta do meu ser, de forma tão natural. 

Literalmente, uma nova vida iniciou-se para mim, ou melhor, em mim. Era simplesmente a “vida que está em Cristo”.

 O primeiro passo que tomei nessa nova vida foi firmar-me na própria Palavra de Deus e não nos meros ensinamentos dos homens ou mesmo na experiência pessoal. E, enquanto eu estudava, especialmente a verdade da habitação interior de Deus, da vitória sobre o pecado e da abundante provisão de Deus, a Palavra parecia estar literalmente iluminada de maneira nova.

Os anos que se seguiram foram anos de abençoada comunhão com Cristo e de alegria no seu serviço. Uma amiga me perguntou há pouco tempo se eu podia dar em uma frase o resultado na minha vida dessa experiência que tive em 1916, e eu respondi: “Sim, posso resumir tudo em uma palavra: descansar”.

Alguns me perguntaram: “Mas você nunca mais pecou?” Sim, lamento muito dizer que ainda tenho pecado. O pecado é aquilo que mais aborreço – pois é a única coisa que pode nos separar, se não houver arrependimento, não só de Cristo, mas da consciência da sua presença. Contudo, tenho aprendido que há perdão instantâneo e restauração sempre à nossa disposição. Não precisamos mais nos desesperar.

Um dos resultados mais abençoados dessa nova vida é não só a consciência da presença de Cristo, mas a realidade da sua presença manifestada em coisas definidas quando, nos detalhes diários, as questões são colocadas em suas mãos e ele assume o controle.

Lembremos que simplesmente saber da existência das riquezas nunca nos beneficiará de fato. Precisamos apropriar-nos delas.

Toda a plenitude habita em Cristo. É somente quando nos apropriarmos de Cristo pelo Espírito Santo que será possível essas riquezas se tornarem nossas. O lema dessa gloriosa vida em Cristo é: “Solte as rédeas e coloque-as nas mãos de Deus!”
 
por Rosalind Goforth
Postado por Roberto
Fonte: Jornal Arauto Sa Sua Vinda
Abraço

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