quinta-feira, 27 de maio de 2010

DEUS PEDE TUDO

 Dr. Scofield nos conta de uma experiência que o tocou profundamente. Ele ouviu um pregador irlandês falar sobre o leproso Naamã. O pregador e a mensagem estavam sem vida. Ao sair da igreja, um outro irmão cochichou para o dr. Scofield: “Este querido irmão precisa dar mais um mergulho no Rio Jordão”.
 O afamado expositor da Bíblia relata: “Pedi licença e me retirei para ir ao campo na escuridão da noite. Olhei para as estrelas e pedi a Deus com lágrimas nos olhos: ‘Oh Deus, eu sou o homem que precisa de um novo mergulho no Jordão’!” Deus encontrou-se com o dr. Scofield lá. Que Deus nos ajude a buscar semelhante renovação na presença dele!

 Cristo é a Fonte da Vida

 "Se alguém tem sede”, nosso Senhor disse, “venha a mim, e beba” (Jo 7.37). É só quando um cristão está tão sedento, a ponto de desistir de tudo que impede o enchimento do Espírito, que ele é realmente cheio. Disse um cristão a outro: “Eu daria tudo para ter a experiência que você tem com o Senhor”. “Foi o que me custou”, replicou o segundo.
 Douglas Brown conta como foi severamente tratado pelo Senhor quando era um bem-sucedido pastor em Londres. Deus o estava preparando para ser um instrumento para avivamento nas igrejas do Reino Unido, para trazer milhares de pessoas a Cristo. Ele queria o melhor de Deus, mas definitivamente não estava disposto a pagar o preço. Queria que Deus o usasse nos termos de Douglas Brown. Após quatro meses de batalha, prostrou-se derrotado e vazio aos pés da cruz. Quando conta essa experiência, ele diz: “Deus é muito paciente. Ele levou quatro meses para me ensinar a dizer três palavras: ‘Qualquer coisa, Senhor’”.
 Posso falar de coração para coração com você agora? Você não gostaria de se ajoelhar em reverência ante o Trono da Graça e pedir a Deus para ajudá-lo a entrar na vida abundante? Lembre-se, a plenitude do Espírito é uma parte integral do plano de salvação: o Senhor Jesus morreu não apenas para que você fosse salvo, mas para que pudesse ser cheio do Espírito. Eu gostaria de chamar sua atenção para quatro fatos fundamentais sobre a plenitude.

 1. O Que Deus Pede, Preciso Entregar

 O primeiro fato é que quando Deus pede alguma coisa, preciso entregá-la. É necessário passar por uma experiência clara de consagração. J. H. McConkey diz: “Quer sejam necessários longos anos para chegar a essa crise de rendição, quer seja alcançada em um salto único, todo filho consagrado a Deus sabe que o ato de rendição foi o passo supremo que o trouxe à plenitude de um caminhar mais íntimo com Deus. Sua experiência pode ter sido complicada, confusa, difícil de entender; mas que esse ato de rendição foi a culminação de tudo, e que a plenitude do Espírito foi o resultado desse ato – a graça de Deus em resposta a esse ato – todos vão testificar”. É a nossa vida inteira que Deus pede. Não pode haver reservas.
 Deus está pedindo agora sua completa rendição: do coração, da vontade, do intelecto. Ele vai lhe mostrar agora, se você for sincero e honesto, tudo o que ele reivindica na sua vida. É totalmente impossível você receber essa bênção se há qualquer resquício de insinceridade ou rebeldia em seu coração e mente. Não pode haver reservas em sua mente. Não é para você apenas entregar a Deus algumas coisas em sua vida de acordo com seu próprio critério; Deus requer sua vida inteira.
 Ele não só pede uma rendição completa do passado e do presente, mas de tudo que se refere ao seu futuro até que você seja chamado para a glória. Muitos estão em perigo de achar que já se renderam quando, na verdade, não foram até o fim nesse assunto. Talvez tenham tomado uma decisão rápida em uma conferência sem nunca ter ficado a sós com Deus para que ele lhes mostrasse o que estava envolvido nesse grande passo.
 Pode levar dias ou semanas nos estágios preliminares, sozinho com Deus no lugar secreto, até que você consiga entender o que ele requer pessoalmente em sua vida. Isso demora, às vezes, porque não estamos afinados com Deus. Lembre-se, Deus lida com cada um de nós como indivíduos. As pessoas que estão buscando a Deus sempre me perguntam que preço precisam pagar para serem cheios do Espírito Santo. Nenhum pregador pode dar uma fórmula de maneira profissional a quem quer que seja. Não existe uma resposta pronta para essa pergunta.
 Eu aprendi durante um período de trinta anos que apenas nosso amoroso Pai pode nos revelar o verdadeiro preço da consagração. Eu não posso dizer a você o preço que você deve pagar. Eu só sei o preço que Deus cobrou de mim – tudo! A batalha decisiva quase sempre envolve uma questão aparentemente banal, embora na visão de Deus nada seja banal. Desse problema que Deus considera vital na sua vida pode depender o resultado da batalha inteira. Lembre-se que a rendição a Deus na experiência da consagração é um estágio mais avançado e, conseqüentemente, mais difícil que a rendição na conversão. É mais fácil abrir mão do que achamos que é moralmente errado do que aquilo que pode ser certo em si mesmo, mas que não é a vontade de Deus para nós.
O ato de render-se precisa ser incorporado a uma vida de submissão. Consagração é apenas o limiar da vida cheia do Espírito. O ato leva a uma atitude, e a atitude diária leva a uma vida mais rica e completa em Cristo, à medida que nossa capacidade vai aumentando.

 2. O Que Eu Entrego, Deus Aceita

 O segundo fato importante é que aquilo que eu entrego, Deus aceita. Uma fé firme nesse fato é extremamente importante. Eu já apresentei definitivamente meu corpo como um sacrifício vivo ao Espírito Santo de acordo com a exortação em Romanos 12.1: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”.
 Agora olhe para cima e diga: “O que eu entrego, Deus aceita! Obrigado, Senhor Jesus, por esse fato!”. Uma vez que a percepção desse fato da aceitação de Deus seja firmada na mente e no coração, a alma sedenta começará a sentir progresso em sua jornada.
 Já que Deus aceita tudo o que lhe entrego, preciso ter muito cuidado para analisar o custo antes de entregar qualquer coisa para a sua aceitação. Não podemos brincar com um Deus santo. Ele sempre considera seu tudo aquilo que o convidamos solenemente a aceitar e passa a usá-lo de acordo com sua boa vontade.
 Se quisermos tomar de volta e apropriar para nosso uso o que foi entregue a Deus, seremos culpados de fraude. No instante em que nos retiramos do altar de Deus, nesse momento nos tornamos apóstatas. Deus não apenas aceita a completa rendição de nossas vidas, mas também de tudo o que possuímos.

 3. O Que Deus Aceita, Ele Enche

 O terceiro fato importante é que quando Deus aceita a entrega de alguém, ele o enche. Muitos cristãos são severamente tentados por Satanás nesse ponto, porque sua experiência não parece ser tão carregada de emoções quanto a dos outros. É aqui que o cristão precisa aprender a descansar puramente na promessa da Palavra de Deus: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva” (Jo 7.37-38).
 Tão certo como ele aceita o que lhe entrego, ele o enche também! Não há uma experiência padronizada do que é ser cheio com o Espírito, assim como não há padrão de conversão. É verdade que existem fatos fundamentais comuns a todos, assim como há no novo nascimento, mas nossas experiências emocionais não são iguais.
 O que eu entreguei, Deus aceitou, e o que ele aceitou, ele encheu com um propósito. Somos cheios para fazer a vontade de Deus, não importa o que nos custe. Deus só nos enche para que tenhamos poder para fazer o que nos ordenou a fazer.
 A um é dado o poder de eloqüência eficaz, a outro o ministério da intercessão e a outro o poder de sofrer com paciência. Ele designa os membros no corpo “como lhe apraz” e, então, dá a cada um a capacidade de cumprir sua função individual (1 Co 12.18). Como se pode ver em 1 Coríntios 12, alguns desses dons são para serviço longe dos holofotes. Mesmo assim, a pessoa menos importante recebe o mesmo poder para executar sua função para a glória de Deus que a pessoa mais proeminente.

 4. O Que Deus Enche, Ele Usa

 O quarto fato importante é que quando Deus enche alguém, ele o usa. Deus certamente levará você ao serviço assim que estiver cheio da vida do Espírito. Uma coisa é trabalhar para Deus, outra é Deus trabalhar através de nós. Sua atitude de entrega absoluta dá a Deus a chance de operar a perfeita vontade dele através de você. No momento em que você foi salvo, Deus tinha um plano perfeito para sua vida (Ef 2.10). A tragédia dos nossos tempos é que poucos cristãos vivem no centro da doce, amável vontade de Deus. Eles planejam suas próprias vidas.
 Concluindo, deixe-me dizer que não há um enchimento único que não precise ser renovado diariamente. Não podemos continuar vivendo e trabalhando como se Deus nos tivesse dado um capital espiritual inesgotável, do qual podemos fazer ilimitadas retiradas. Precisamos depender de Cristo momento por momento, para que tenhamos a constante manifestação e plenitude do Espírito.
 “Estou convencido de que alcançarei o maior nível de felicidade presente”, disse Murray McCheyne, “se eu mantiver a consciência sempre lavada no sangue de Cristo, se sempre me encher com o Espírito Santo o tempo todo e se me tornar o mais parecido com Jesus em mente, vontade e coração que é possível para um redimido pecador neste mundo.”
 Oremos com D. L. Moody:
 Nosso Pai Celestial, vimos aqui para esperar em ti pelo dom de teu Espírito Santo que nos capacita a servir. Oh Deus, dá-nos o Espírito! Esvazia-nos de nós mesmos e do nosso egoísmo. Oh Deus, humilha-nos no pó diante de ti, para que sejamos cheios do Espírito Santo e para que tenhamos poder com Deus e com os homens! Oh, Deus de Elias, oramos para que a porção dobrada de teu Espírito venha sobre nós hoje, que sejamos ungidos para o trabalho que nos deste para fazer; sabemos que temos pouco tempo para ficarmos aqui!
 Oh Deus, ajuda-nos a dar fruto enquanto vivemos! Que não mais fiquemos labutando dia após dia, mês após mês, sem ver fruto algum. Oh Jesus, Mestre, tu subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro. Estás à destra de Deus e tens poder.
 Oh, dá-nos poder, uma nova unção. Oramos para que o faças hoje. Oramos para que sopres sobre nós com o sopro dos céus. Permite que experimentemos o Espírito Santo habitando em nós e capacitando-nos para o serviço. Pedimos tudo isso no Nome e para o bem de teu amado Filho. Amém!

 Extraído do capítulo “Four Fundamental Facts” (Quatro Fatos Fundamentais) do livro “Heaven’s Throne Gift” (O Dom do Trono Celestial), por James A. Stewart. Copyright 2001 por Revival Literature, P. O. Box 6068, Asheville NC 28816, EUA. 


Postado por Roberto
Seja abençoado em nome de Jesus
Abraço 

COMO ORVALHO DA MANHÃ

orvalho2.jpg
   Como o Orvalho da Manhã – Mesmo Quarenta Anos Depois

Que tipo de evento seria capaz de cativar o coração de uma pessoa, deixando uma impressão indelével durante quarenta anos, retendo detalhes como se tivessem acontecido ontem? Se você já experimentou um derramamento, enviado do céu, do poder santo de Deus, já sabe a resposta! É como aquela frase bem conhecida: “A sua vida nunca mais será a mesma”.

 Meu marido Charles e eu viajamos como evangelistas por cerca de dez anos e, por isso, pensávamos ter uma boa experiência em avivamento. Tivemos muitas “boas reuniões” nas quais inúmeras pessoas encontraram-se com Cristo.

 Em 1963, recebemos um convite para pastorear um igreja na Califórnia (EUA). Depois de três anos lá, parecia que estávamos tentando puxar a igreja e ela não saía do lugar; era como se estivéssemos tentando funcionar a máquina sem óleo. Verificamos que não tivemos sequer um interessado no evangelho durante um ano e meio. Pessoas não-convertidas apareciam, mas não tomavam a decisão para serem salvas. Havia muitos atritos entre membros da igreja. Estávamos quase a ponto de “jogar a toalha”. Meu marido disse: “Eu daria qualquer coisa para conseguir água do poço de Belém” (citando as palavras de Davi em 2 Samuel 23.15).

 Havia três mulheres na igreja que estavam orando juntas há algum tempo, pedindo a Deus que enviasse um avivamento. Numa manhã, na saída do culto, uma delas disse ao meu marido: “Pastor, temos orado por um avivamento e Deus vai mandá-lo”. Meu marido pensou: “Nesta igreja? Nunca!”.

 Então chegou o dia 15 de outubro de 1967. O culto da noite estava quase terminando, de forma muito costumeira. Mas, de repente, as pessoas começaram a vir para a frente, ao altar. Um dos homens, ajoelhado, chamou o meu marido e lhe disse: “Pastor, tenho que lhe pedir perdão. Tenho falado mal de você. E quero que me perdoe, porque senão não vou conseguir orar”. Meu marido respondeu: “Homem, você está perdoado. Vá em frente e ore!”.

 Umas doze pessoas haviam vindo à frente para orar. Depois que terminaram de orar, o nosso amigo visitante que tinha pregado naquela noite disse: “Quantas pessoas aqui têm orado por um avivamento?”. Algumas levantaram as mãos. Então ele disse: “Por que vocês não param de orar e começam um avivamento de verdade? Se vocês estão realmente sinceros a respeito disso, me encontrem aqui amanhã às 6 horas da manhã.”

 Na manhã seguinte, cerca de quarenta e cinco pessoas apareceram, de todas as idades, para orar. No final, o nosso amigo disse: “Vamos voltar hoje à noite para o culto”. Isso não tinha sido previamente anunciado. Na noite de segunda feira, quando viemos para o culto, havia algo diferente; o ar parecia eletrificado, era diferente de tudo que conhecíamos até então. Naquele culto, Deus começou a fazer coisas maravilhosas e poderosas que nunca antes tínhamos visto.

 Uma das coisas novas que Deus fez foi trazer convicção dos pecados, real, profunda. As pessoas passavam pela porta e imediatamente sentiam seus pecados diante delas. Entravam como se fossem os melhores cristãos do mundo, mas seus corações não estavam em paz com Deus, e ele os fazia sentir forte convicção. Isso aconteceu na noite de segunda feira.

 Deus diz na sua Palavra que o Espírito Santo “convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8). Parte da congregação não gostava disso porque sabia que teria os seus pecados expostos. No avivamento, o Espírito Santo é imprevisível. Nós não podemos colocá-lo numa forma. Pensávamos que sabíamos o que era avivamento porque tínhamos sido evangelistas durante dez anos, mas um verdadeiro avivamento trazido pelo Espírito Santo é totalmente diferente. É como Dennis Kinlaw disse a respeito do avivamento em Asbury: “Deus dignou-se a sair do céu para chegar-se a nós”.

 E ele entrou como um trator. Não veio como uma pomba silenciosa. Os primeiros a serem atingidos eram os anciãos. Eles tinham que se pôr de pé diante da congregação e confessar publicamente os seus pecados. Estavam dispostos a fazer isso porque Deus lhes fez cair tamanha convicção que não havia outro caminho para obterem paz no coração e na mente. Gotas de suor apareciam nas testas de homens adultos enquanto confessavam e oravam. Nada mais lhes importava senão acertar suas vidas com Deus. Deus tratou com o nosso orgulho. Todos precisaram humilhar-se. É essa profunda convicção que faz a diferença entre avivamentos e reuniões regulares.

 Deus começou com os anciãos da igreja, no topo, e foi trabalhando dali para baixo. As crianças observavam para ver se os seus pais iriam se acertar com Deus. Elas sabiam que havia hipocrisia em casa. Não dá para enganar crianças. Quando os pais começaram a consertar suas vidas, fazendo restituições e se desculpando com seus filhos, as crianças diziam: “Há realidade aqui!”. Foi impressionante o que Deus fez com as crianças.

 Começamos a ter três cultos por dia, e continuou assim por cerca de cinco semanas. Fazíamos uma reunião de oração às 6 horas, voltávamos às 10 e depois para a oração antes do culto da noite. Os cultos duravam em média três horas. O avivamento não parou depois de cinco semanas. Continuou por cerca de cinco anos.

 Pessoas eram salvas. Algumas vinham diretamente das ruas. Na nossa cidade, há três bases militares. Um dos jovens que freqüentava a nossa igreja era da Marinha. Ele estava na rodoviária quando foi abordado por duas prostitutas que lhe fizeram propostas. No culto daquela noite, duas moças entraram na igreja e foram direto para o altar, onde estávamos orando, para receberam Jesus como Salvador. O marinheiro nos contou que eram as prostitutas que falaram com ele na rodoviária. Um bêbado entrou, e Deus o tornou sóbrio, o salvou e o livrou do vício do álcool.

 As crianças iam para a calçada e distribuíam folhetos, convidando as pessoas ao culto. Muitas aceitavam. Algumas vinham de outras cidades, já que as noticias sobre o avivamento se espalhavam. Quando as pessoas começam a fazer restituições no comércio da cidade, os outros percebem que algo de diferente está acontecendo. Não era uma questão de simplesmente dizer “Desculpe-me”. Elas diziam: “Preciso acertar este problema”.

 Crianças Inflamadas por Deus

 Não é necessário pregar um sermão sobre evangelizar os perdidos quando há um avivamento. As pessoas não conseguem parar de falar sobre o que está acontecendo. Uma menininha de 7 anos na segunda série ganhou 23 crianças para o Senhor no playground de sua escola. Ela não deixava que os interessados fizessem uma oraçãozinha curta para aceitar Jesus. Ela os fazia ajoelharem-se no playground para serem salvas.

 Meu filho, que tinha 9 ou 10 anos, ficou na escola uma noite para encontrar-se com a sua professora. Ela queria conhecer mais a respeito da vinda do Senhor e da salvação, e ele a levou a Jesus. As crianças estavam muito inflamadas pelo Senhor. Não é que exortávamos para que falassem de Jesus; elas simplesmente não conseguiam ficar quietas.

 Elas também começaram a voltar aos lugares onde tinham errado para fazer restituição. Os pais tinham que levá-las de loja em loja para acertar as coisas que haviam furtado. Havia dois cinemas na cidade que projetavam filmes pornográficos, e o governo dizia não poder legalmente fechá-los; com oração, porém, e ações de ir até lá para testemunhar de Cristo, ambos os locais acabaram se fechando depois de algum tempo.

 Fomos também alvos de oposição na igreja. Fizeram campanha e, em um ano e meio, o meu marido foi destituído da sua posição como pastor. Ele havia falado com Deus: “Tu podes tirar tudo o que eu tenho se mandares um avivamento. Quero ver o poder de Deus em ação mais uma vez”. Deus aceitou sua oferta. Ele não somente perdeu o seu púlpito, mas também a sua reputação, porque nossos colegas chegaram ao ponto de não querer nem falar conosco. Eles não conseguiam nos entender.

 O pastor que veio substituir o meu marido não sabia como conduzir uma igreja avivada e acabou entregando o cargo em um ano e meio. Chamaram meu marido de volta para pastorear a igreja. Quando voltamos, foi como se não tivéssemos nos afastado um dia sequer. Recomeçamos exatamente onde havíamos parado e tivemos um tempo maravilhoso pastoreando uma igreja avivada. A oposição foi embora quando viu que ele estava voltando.

 Buscando a Glória e a Presença de Deus

 Não estávamos procurando manifestações. Estávamos buscando Deus e a glória da sua presença. Era isso que animava os nossos corações – o desejo de ver a glória da sua presença pelo menos uma vez. Não há substituto para isso. Não há nada neste mundo que possa nos satisfazer como isso.

 Vimos muitas vidas salvas e muitas vidas transformadas. Havia curas. Antes de terminarmos o culto, tínhamos o que chamávamos “o círculo de glória”. Qualquer um podia vir e orar no círculo. Um menino de cerca de oito anos, que nunca tinha falado uma palavra sequer na sua vida, foi trazido de Los Angeles, a cem quilômetros de distância. Os pais nos pediram para orar por ele. Depois que oramos, eu disse para ele: “Diga ‘Jesus’”. E ele disse: “Jesus”. Aquilo magnetizou os pais e toda a congregação. Então eu disse: “Diga ‘Jesus me curou’”. E ele disse: “Jesus me curou”. Levaram-no de volta para casa e ele foi matriculado numa escola pública e passou a freqüentar a escola normalmente desde então.

 Em outra ocasião, no berçário da igreja estava um bebê que tinha entre seis e nove meses que parou de respirar. A atendente do berçário ficou muito assustada porque o bebê estava ficando azulado. Ela correu do berçário para o altar na igreja, onde estávamos orando. Meu marido pegou o bebê nos seus braços e levantou a perninha dele; a perninha estava mole, sem vida. A criança estava morrendo. Oramos por ele, e quase instantaneamente voltou à vida.

 Depois que experimentamos todas essas coisas, começamos a ouvir a respeito de acontecimentos similares em outros lugares. Um pastor amigo nosso e sua esposa estavam de férias e passaram pela Faculdade Asbury em Wilmore, Kentucky no domingo depois que o avivamento chegou lá, em fevereiro de 1970. Eles nos enviaram uma fita cassete pelo correio. Depois de apenas três minutos ouvindo aquela fita, olhamos um para o outro, e as lágrimas começaram a correr nos nossos olhos. “Aconteceu a mesma coisa em Asbury; talvez eles tenham uma reputação melhor”, nós dissemos.

 Deus enviou pessoas da Faculdade Asbury para nossa região. Dois jovens vieram para Los Angeles, para a Igreja da Unidade de Cristo. Participamos daquele culto e Deus se moveu da mesma maneira lá. Ele derramou o seu Espírito. Nosso filho tinha cerca de doze anos, e ele falou para a igreja, uma igreja enorme. Os dois jovens de Asbury entregaram uma mensagem simples e fizeram o apelo. Praticamente todas as pessoas da igreja foram à frente. O pastor se converteu e a igreja recebeu um novo nome. Em Habacuque 1.5, diz o seguinte: “Vede entre as nações, e olhai; maravilhai-vos e admirai-vos; porque realizo em vossos dias uma obra, que vós não acreditareis, quando vos for contada”.

 Creio que ainda haverá um derramamento maior e espero viver para vê-lo. Já que não podemos fabricá-lo, anelamos por ele através da oração e da obediência. Creio que essas são as chaves. Pode ser que Deus peça a alguém para simplesmente fazer algo bem pequeno, e que a obediência dessa pessoa traga o avivamento. Ele está esperando por oportunidades assim. E dificilmente o avivamento virá para uma igreja sem o apoio do pastor. O pastor é um homem chave.

 Levaria horas contando como o Espírito de Deus se manifestou através de milagres de vidas transformadas, curas, reconciliações e renovação espiritual. O avivamento ainda está vivo nos corações de muitos. É por isso que comemoramos em 15 de outubro de 2007 a marca de quarenta anos desde que as nossas vidas foram mudadas drasticamente pelo miraculoso poder de Deus!


 Eleanor McKinney é a esposa do pastor aposentado Charles McKinney.

Fonte: Jornal Aralto da Sua Vinda
Postado por Roberto
Seja abençoado em nome de Jesus
Abraço






quarta-feira, 26 de maio de 2010

NECESSIDADES DESNECESSÁRIAS


Necessidades Desnecessárias


 A cultura contemporânea é atormentada pela paixão de possuir. Está sempre presente a idéia de que uma boa vida é encontrada no acúmulo de bens materiais. Em geral, aceitamos essa idéia sem questionar, e o resultado é que o desejo fervente de afluência na sociedade tornou-se psicótico: perdeu completamente o contato com a realidade.
 Ademais, o ritmo do mundo moderno acentua o nosso sentimento de fratura e fragmentação. Sentimo-nos tensos e apressados.
 A simplicidade nos liberta dessa mania moderna, trazendo sanidade à nossa extravagância compulsiva e paz ao nosso espírito frenético. Ela nos permite ver as coisas como são – bens para embelezar a vida, não para oprimi-la. As pessoas podem tornar-se, novamente, mais importantes do que os bens materiais.
 A Estratégia Maléfica
 O plano da mídia é o de "inflamar nosso desejo de querer sempre ter mais". É importante atentar para a maneira como os serviços de comunicação procuram enredar sua presa: eles são insistentes e, por veicularem muitas vezes a mesma propaganda, acabam conquistando espaço em nossas mentes, fazendo-nos crer que não vivemos sem muitas coisas. Preste bastante atenção à representação abaixo, exemplo de como progressivamente a mente vai sendo capturada:
 Isto é extravagante à Seria bom ter isto à Realmente eu preciso disto à Eu tenho de ter isto.
 A televisão nos diz que as coisas mais idiotas nos farão loucamente felizes. Pode bem ser que elas nos deixem loucos, mas é genuinamente duvidoso que realmente nos tornem felizes. Os propagandistas famosos estão trabalhando dia e noite para nos fazer encaixar em sua forma. Eles se lançaram a um empenho conjunto de capturar nossas mentes e as mentes de nossos filhos.
 Somos enganados, logrados, persuadidos. Contudo, isso é feito de maneiras tão sutis que nem percebemos o que aconteceu. Pensamos que somos sábios porque conseguimos enxergar facilmente a lógica infantil dos anúncios. Mas quem escreveu os anúncios nunca tencionou que acreditássemos nesses anúncios bobos, apenas desejássemos o produto que anunciam. E acabamos comprando porque os anúncios atingem seu alvo de inflamar nosso desejo.
 Mais diabólico e manipulativo, ainda, é a maneira pela qual a mesma companhia fabrica produtos rivais. Elas sabem que os consumidores sentem que têm poder se houver escolha, e esse sentimento de poder os levará a comprar, comprar, comprar. Amamos o poder de nos recusar a comprar uma marca de detergente com seus estúpidos cristais branqueadores, e, em vez dele, escolhemos outro. A escolha, contudo, não foi realmente escolha alguma, visto ambas as marcas serem fabricadas pela mesma companhia e serem basicamente a mesma de qualquer forma.
 A aparente competição acirrada é, em geral, nada mais do que uma guerra falsa para nos fazer pensar que estamos comprando algo melhor. A intenção da propaganda não é a de persuadir o espectador a comprar uma marca particular disso ou daquilo, mas de criar a disposição de consumir. Aparelhos mais luxuosos, sofás mais confortáveis, carros mais famosos, mais...mais...mais. O alvo é aumentar o desejo!
 Como Reagir
 Mas o que fazer? Aqui estão algumas sugestões.
1. Junte-se à revolta jubilosa e feliz contra a máquina da propaganda moderna.
2. Quando for tomada a decisão de obter um item em particular, apresente-o a Deus em oração por talvez uma semana. Isso permite esperarmos em Deus e põe um fim às compras por impulso.
3. Faça recreação saudável, feliz e livre de aparelhos.
4. Aprenda a comer sensata e sensivelmente. Plante uma horta, mesmo que consista apenas de potinhos no beiral da janela. Coma menos vezes fora.
5. Conheça a diferença entre viagens significativas e viagens desnecessárias. Quando Albert Schweitzer visitou os Estados Unidos, os jornalistas lhe perguntaram porque viajava de terceira classe no trem. Respondeu ele: "Porque não há uma quarta classe!"
6. Compre coisas por sua utilidade e não por seu status. Sua casa deve servir para ser habitada e não impressionar os outros. Compre somente as roupas de que precisa – pare de tentar impressionar as pessoas com suas roupas e impressione-as com sua vida. Quanto aos móveis – sua mobília deve refletir você, não alguma vitrina formal.
7. Enfatize a qualidade de vida acima da quantidade de vida.
a) Cultive a solidão e o silêncio. Aprenda a meditar, a ouvir-se e a ouvir Deus.
b) Desenvolva amizades íntimas e desfrute longas noites em conversa séria e hilariante. Essas ocasiões são muito mais valiosas do que todo o entretenimento plástico que o mundo comercial tenta nos vender.
c) Valorize a música, a arte, os livros, os passeios significativos. Se você não tem tempo para ler, é sinal que anda ocupado demais.
d) Descubra a oração como um entretenimento vespertino.
e) Aprenda a verdade de que aumentar a qualidade da vida significa diminuir o desejo material.
f) Dê as costas a todas as situações competitivas de alta pressão que fazem da subida profissional seu principal enfoque.
g) Nunca coloque a felicidade no palco principal da vida.
 Ao lutarmos para saber o que fazer em cada situação, faríamos bem em manter diante de nós a observação astuta de Mark Twain: "A civilização é uma multiplicação ilimitada de necessidades desnecessárias."

 Extraído e adaptado de "Celebração da Simplicidade", Richard Foster; direitos autorais pertencentes à Editora Hagnos, edição atualmente esgotada. Richard Foster, autor e conferencista, tem raízes entre os quacres (Quakers), com os quais mantém ligações até o presente. É fundador de "Renovare", uma organização dirigida ao desenvolvimento e crescimento da vida espiritual entre os cristãos de todas as igrejas (www.renovare.org).


por Richard J. Foster
Postado por Roberto

Seja abençoado em nome de Jesus
Abraço

ADOLECENTES COM UMA MISSÃO




Adolescentes com uma Missão: Traduzir as Escrituras - Missões


 O mundo possui hoje 7.148 línguas conhecidas, e destas, 4.215 não têm sequer uma página da Bíblia traduzida. Dos grandes desafios para a igreja atual, o de tornar a Palavra de Deus acessível a todo o mundo é um dos maiores. Felizmente, uma pequena nuvem de adolescentes corajosos começa a surgir no horizonte. Especificamente na Missão Horizontes, em Monte Verde, distrito de Camanducaia, no alto da Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais.
 Convictos deste chamamento, 49 jovens e adolescentes de várias regiões do Brasil e até do exterior têm respondido ao desafio de se tornarem tradutores das Escrituras e têm chegado à Horizontes América Latina dispostos a se colocar na brecha em favor das nações, sabendo que isto pode significar vinte anos de suas vidas ou mais em que ficarão reclinados sobre uma mesa, traduzindo as Escrituras para os milhões de sem-bíblias na Terra.
 Como lerão e crerão, se não há quem traduza as Escrituras? Estes jovens conhecem esta urgência e têm-se oferecido como soldados nas mãos de Deus para cooperar neste trabalho hercúleo.
 No início de março deste ano, a Missão Horizontes recebeu 11 adolescentes oriundos de diversas igrejas do Amapá que, somados a outros 25 de várias regiões do País que já estavam na base, em Monte Verde, MG, passaram a ser treinados com o objetivo de, em pouco tempo, começar a traduzir a Bíblia em outras línguas. Além desses, há mais 12 na Bolívia, numa segunda etapa do curso, e um na China, numa etapa avançada.
 "Estes quarenta e nove adolescentes têm entre 13 e 18 anos, estão em vários estágios da vida e do aprendizado, e nossa expectativa é transformá-los em cientistas de línguas", explica o líder da Missão, David Botelho. "Estamos desafiando-os a serem futuros tradutores da Bíblia, e eles estão respondendo ao chamado."
 Para isto, além da estrutura da Horizontes, Botelho conta com a ajuda de uma grande parceira em Cuiabá, MT, a Missão Wycliffe (de John Wycliffe, reformador e tradutor da primeira Bíblia para o inglês, hoje uma organização especializada em traduções).
 O projeto-piloto da Horizontes começou em 2002, com apenas dois adolescentes: Raquel Nápoli, de 14 anos, filha do pastor presbiteriano de Bragança Paulista, Marcos Nápoli, e Bruno Lucas, também adolescente, filho da missionária Iara Lucas.
 "A Raquel veio, ficou um ano na Missão, em Monte Verde, outro ano na Bolívia, foi para o País de Gales e hoje está na Índia, aprendendo a quarta língua, o hindi, e preparando-se para o curso de lingüística", lembra o entusiasmado David Botelho. "O Bruno está terminando este ano e vai pro Peru".
 O Peru, aliás, será país importante no projeto da Horizontes/Wycliffe. Os jovens treinados no Brasil (um ano) e depois na Bolívia ou outro país da América Latina (mais dois anos e um de estágio) saem com certificado de conclusão do ensino médio e ainda com bacharelado em missiologia. Depois serão enviados para um curso universitário de lingüística no Peru, que, normalmente, dura quatro anos. "Mas, como nosso pessoal já teve a preparação, precisará apenas de um ano. Serão cientistas de línguas ágrafas, que ainda não têm língua escrita", explica David Botelho.
 Adolescentes Têm Maior Capacidade de Aprender Línguas
 David Botelho, o líder da Horizontes, instituição conhecida por ações ousadas e radicais em favor da evangelização mundial (a revista e site Impacto e o site do Jornal Hoje publicarão em breve o perfil e testemunho da missão), conta que em suas viagens percebia a necessidade de traduções das Escrituras, mas não achava ajudador idôneo para esta obra. Até que seus olhos pousaram sobre os adolescentes, especialmente os brasileiros.
 "Fiz pesquisa e estudos – publicados no livro Revolution Teen - Adolescentes com propósitos, da Editora Horizontes – e descobri, por exemplo, que até os 25 anos de idade, a pessoa absorve 30% a mais no aprendizado de uma língua", informa. "Outra coisa que descobri – também provada cientificamente - é que quanto mais cedo se aprende uma língua, mais a massa cinzenta do cérebro cresce".
 David concluiu que os adolescentes e jovens brasileiros possuem as melhores condições para servir a Deus neste quesito. Ele está convicto de que Deus está levantando, a partir do Brasil, uma nova geração de missionários. "Uma geração mais bem preparada para aprendizado de línguas e com um desejo de ver a Palavra de Deus acessível a povos que, por séculos, foram esquecidos, até mesmo negligenciados, pela igreja".
 "Estamos vendo um avivamento teen no Brasil", afirma David Botelho. "É um avivamento silencioso (e justo em garotos barulhentos, tachados de aborrecentes por muitos adultos insensíveis). E estes meninos e meninas estão causando um impacto em pais, pastores e professores. Estes jovens estão com uma sede tão grande de Deus que querem algo mais, e por isso não têm medo de encarar desafios". O senso de responsabilidade destes teens tem surpreendido a muitos.
 O papel da geração ‘antiga’, por assim dizer, nesta visão, será também importante, lembra David. "A geração dos pais enviará famílias missionárias para todo o mundo, anunciará a salvação já conquistada por Cristo e ainda ajudará a preservar a cultura em muitos lugares do mundo".
 "Muitos antropólogos ateus dizem que os missionários estão acabando com a cultura, mas a realidade é que quando você coloca a língua escrita em uma cultura ágrafa, você está é preservando a cultura daquele povo".
 De 9 a 11 de dezembro de 2005, em uma reunião em Orlando, nos EUA, os líderes cristãos participantes chegaram à conclusão de que o maior potencial para evangelização mundial está entre os adolescentes. "E fico admirado que Deus esteja fazendo isto a partir do Brasil. E já temos visto e recebido adolescentes da Bolívia, e devem chegar da Colômbia, Alemanha e alguns países da África interessados nesta visão".
 Luiz Montanini faz parte do Conselho Editorial da revista Impacto. É jornalista, editor do site www.jornalhoje.com.br e reside em Valinhos, SP.
 Interessados em saber mais sobre o projeto, visitem o site www.horizontes.org.br, e-mail: teen@mhorizontes.org.br ou ligue fone 35 3438 1546
 QUADRO
 TRADUZINDO A VISÃO
 - O Brasil é hoje o maior produtor de Bíblias do mundo.
 - Até os 25 anos de idade, a pessoa absorve 30% a mais no aprendizado de uma língua.
 - João Ferreira de Almeida, nosso primeiro e maior tradutor em língua portuguesa, iniciou seu trabalho de tradução aos 16 anos.
 - O grande avivamento morávio – que deu origem ao movimento missionário moderno – começou com uma pré-adolescente de 11 anos, Susana Kuehnel.

por Luiz Montanini
Fonte: Revista Impacto
Postado por Roberto
Seja abençoado em nome de Jesus
Abraço

A SIMPLICIDADE INTERIOR E A VIDA INTEGRADA


A Simplicidade Interior e a Vida Integrada 

 Nossa Falta de Integração


 A simplicidade interior é o que pode produzir uma "pessoa integrada". Mas o que é uma pessoa integrada? É o contrário de uma pessoa desintegrada. Isto parece um trocadilho, mas é comparando os opostos que se tornam claros esses conceitos.

 A pessoa desintegrada é aquela que perdeu a identidade como um bloco único. Parece que ela é um amontoado de pedaços: mãe, filha, estudante, trabalhadora, participante de um grupo etc. Isso tudo é uma realidade na nossa vida e não sei se há como fugir dela. O problema, no entanto, reside no fato de que a pessoa passa a viver uma vida em pedaços, não sabendo mais quem ela é. É como se ela fosse uma máquina realizando várias funções. Como o que sustenta essa máquina é a urgência dos compromissos, ela acaba realizando de modo automático várias coisas e não se apercebe mais daquilo que realmente lhe interessa, do porquê fazer aquelas coisas, enfim... É como se seguisse um fluxo sem saber por que o está seguindo. Passa a viver uma vida internamente dispersa, sem consciência, sem reflexão, sem integração.

 Disparamos aqui e ali tentando desesperadamente cumprir as muitas obrigações que pesam sobre nós. Aos trancos, alternamo-nos entre os compromissos do trabalho e as responsabilidades da família. Enquanto estamos ocupados atendendo às necessidades de um filho ou cônjuge, sentimo-nos culpados por negligenciar as exigências do trabalho. Quando atendemos às pressões do trabalho, tememos estar falhando com a família. Naquelas raras ocasiões em que conseguimos equilibrar as duas com sucesso, as questões mais amplas da nação e do mundo sussurram chamados irritantes de serviço. Se alguém precisa de simplificação da vida, somos nós.

 Dentro de todos nós existe um conglomerado de "eus". Há o eu tímido, o eu corajoso, o eu dos negócios, o eu que é pai ou mãe, o eu religioso, o eu literário, o eu enérgico. E todos estes eus são individualistas rudes. Nada de barganha ou transigência para eles. Cada um berra a fim de proteger seus interesses assegurados. Se é tomada uma decisão de passar uma noite tranqüila ouvindo Chopin, o eu dos negócios e o eu cívico se erguem em protesto ante a perda de tempo precioso. O eu enérgico anda de um lado para outro, impaciente e frustrado, e o eu religioso nos relembra das oportunidades perdidas de estudo ou contato evangelístico. Se a decisão é a de aceitar uma nomeação para o conselho de serviços humanos, o eu cívico sorri de satisfação, mas todos os eus excluídos fazem obstrução. Não admira que nos sintamos perturbados e divididos.

 Na verdade, isso não é nenhum pouco estranho para nós. Quanto não conversamos entre nós sobre a organização do tempo e, por tabela, sobre esses muitos eus? Fazemos isso muitas vezes e a conclusão a que chegamos é que é necessário EQUILIBRAR as coisas. Ficamos como um mosaico todo feito de partes.

 Achando o Centro


 Senti isso durante longos anos, mas um fato mudou minha vida. Ainda me lembro da manhã chuvosa de fevereiro dentro de um aeroporto de Washington, D.C., muitos anos atrás. Exausto, afundei numa poltrona para esperar o meu vôo. Como sempre, eu havia levado material para ler a fim de aproveitar bem os momentos livres. Pela primeira vez na vida, abri o "Testamento de Devoção", de Thomas Kelly.

 De pronto, ele me prendeu a atenção ao descrever perfeitamente a minha condição e a condição de tantos que eu conhecia: "Sentimos honestamente a tensão de muitas obrigações e tentamos cumpri-las todas. E ficamos infelizes, inquietos, tensos, oprimidos e temerosos de sermos superficiais."

 Sim, eu tinha de confessar que me encontrava nestas palavras. Para todos os que me viam, eu estava confiante e no comando, mas por dentro estava cansado e disperso. Então meus olhos deram com palavras de esperança e promessa: "Temos pistas da existência de uma forma de vida imensamente mais rica e profunda do que toda esta existência frenética, uma vida de serenidade e paz e poder tranqüilos. Se tão somente pudéssemos adentrar suavemente esse Centro!"

 Instintivamente, eu soube que ele falava de uma realidade além da que eu já conhecera. Por favor, entenda-me, eu não era ímpio ou irreverente, justamente o oposto. Meu problema era eu ser tão sério, tão preocupado em fazer o que era certo que me sentia compelido a atender a todo chamado para servir. E, afinal, eram oportunidades maravilhosas de ministrar em nome de Cristo.

 Então me veio a sentença que daria início a uma revolução interior: "Temos visto e conhecido algumas pessoas que parecem ter encontrado este Centro profundo de vida, onde os chamados mal-humorados da vida estão integrados, onde o Não, bem como o Sim, podem ser ditos com confiança."

 Esta capacidade de dizer Sim e Não a partir do Centro Divino me era estranha. Eu sempre orava a respeito das decisões, e, contudo, por vezes em demasia, respondia sobre se a ação me colocaria ou não numa luz favorável. Dizer "Sim" a apelos de ajuda ou oportunidades de servir geralmente trazia consigo uma aura de espiritualidade e sacrifício. Eu podia dizer "Sim" facilmente, mas não tinha a capacidade de dizer "Não". O que as pessoas pensariam de mim se eu recusasse?

 Sozinho, permaneci sentado no aeroporto vendo a chuva bater contra a janela. Lágrimas caíram sobre meu casaco. Era um lugar santo, um altar, a poltrona onde eu me encontrava sentado. Eu jamais seria o mesmo. Silenciosamente pedi a Deus que me desse a capacidade de dizer "Não" quando isso fosse certo e bom.

 O Teste


 De volta à casa, fui de novo apanhado num turbilhão de atividades. Mas eu tomara uma decisão – as noites de sexta-feira seriam reservadas para a família. Foi uma decisão pequena na época. Ninguém além de mim realmente sabia a este respeito. Contei à família de uma maneira casual, indiferente. Eles não sabiam que era um compromisso com valor de pacto, uma decisão crucial. Para falar a verdade, nem eu sabia. Apenas parecia a coisa certa a fazer, dificilmente o que se poderia chamar de uma diretriz dada por Deus.

 Mas então veio o telefonema. Era um executivo denominacional. Será que eu estaria disposto a falar ao seu grupo na sexta-feira à noite? Ali estava outra oportunidade maravilhosa.

Minha reação foi casual, quase inconsciente: "Oh, não, não posso."

A resposta também foi casual: "Oh, você já tem compromisso?" Senti que estava num beco sem saída.

 Naqueles dias, eu não sabia que podia mui legitimamente dizer que de fato tinha um compromisso muito importante. Cautelosamente, mas com determinação, respondi simplesmente: "Não", sem tentar justificar ou explicar minha decisão.

 Seguiu-se longo período de silêncio que pareceu durar uma eternidade. Eu quase podia sentir as palavras: "Onde está a sua dedicação?" vindas pelos fios telefônicos. Eu sabia que tinha tomado uma decisão que me fazia parecer menos espiritual a alguém com quem eu genuinamente me importava.

 Após um momento, compartilhamos algumas amabilidades e ele desligou; mas quando o fone tocou o gancho, gritei intimamente: "Aleluia". Eu havia me rendido ao Centro. Havia tocado a margem da simplicidade, e o efeito era eletrizante.

 Deus em Nós ou Nós em Deus?


 É interessante como essa experiência me auxiliou a viver uma vida integrada. Eu não deixei de me dedicar ao trabalho de Deus, mas o que aconteceu foi que as demais coisas que fazia ganharam um novo status, um novo valor. Na verdade, comecei a reconhecer a Deus em todo o meu viver. Eu era profundamente comprometido, mas não estava integrado ou unificado. Achava que servir a Deus era outra obrigação a ser acrescentada a um horário já bem ocupado. Mas aos poucos passei a ver que Deus desejava estar, não nas bordas, mas no centro da minha experiência. A jardinagem já não era uma experiência fora do meu relacionamento com Deus – descobri a Deus na jardinagem. Nadar já não era apenas um bom exercício – tornou-se uma oportunidade para comunhão com Deus. Deus em Cristo se tornara o Centro.

 Na verdade, o que precisamos não é trazer Deus para nossa vida, mas mergulharmos na vida de Deus. Falei antes de Deus estar na periferia da minha vida. Na realidade, seria mais correto dizer que eu estava na periferia da Vida de Deus. Era eu quem precisava entrar no Centro, no Cerne. Uma coisa é Deus entrar em nós (e uma coisa muito necessária), mas é bem outra nós entrarmos em Deus. No primeiro caso, ainda somos o centro da atenção; no segundo, Deus é o ponto focal.

 Quando Deus entra em nós, ainda temos certa autonomia; quando entramos em Deus, estamos DENTRO. Ele está em tudo, e através de tudo, e acima de tudo. Isto não é um panteísmo infantil, como se Deus pudesse ser capturado sem sua criação; é um monoteísmo maravilhoso, majestoso – um Deus a partir de quem toda vida é sustentada. É vida a partir do Centro Divino.

 O oposto de nos atirarmos em Deus e viver a partir deste centro me traz novamente à lembrança a canseira causada pela tentativa de equilibrar tantos "eus". Ter a Deus como Centro é entrar em um grande rio e deixar-se levar pela corredeira, não precisando remar, mas deixando-se levar. É um corpo que cedeu aos movimentos do rio, o rio de Deus.

 Tenho notado que me desgasto interiormente muito antes de fazê-lo exteriormente. Portanto, preciso tomar cuidado para não me tornar um monte frenético de energia oca, ativo entre pessoas, mas destituído de vida. Preciso aprender quando me retirar, como Jesus, e experimentar o poder restaurador de Deus. Lemos que Pedro se demorou em Jope por muitos dias com um certo Simão, um curtidor (Atos 9.43). Ao longo de nossa jornada, precisamos descobrir numerosos "lugares de permanência", onde possamos receber o maná celestial.


 Extraído e adaptado de "Celebração da Simplicidade", Richard Foster; direitos autorais pertencentes à Editora Hagnos, edição atualmente esgotada. Richard Foster, autor e conferencista, tem raízes entre os quacres (Quakers), com os quais mantém ligações até o presente. É fundador de "Renovare", uma organização dirigida ao desenvolvimento e crescimento da vida espiritual entre os cristãos de todas as igrejas (www.renovare.org).

por Richard J. Foster
 
Postado por Roberto
Seja abençoado em nome de Jesus

Abraço

A PRÁTICA DA VIDA SIMPLES

 
 
 "A Prática da Vida Simples" - Entrevista

John Walker, 83 anos, veio para o Brasil em 1964 em obediência a uma direção de Deus de tirar sua família de uma sociedade materialista e tecnológica (EUA) e criar seus seis filhos num ambiente natural e simples, em que seriam desafiados a servir a necessitados e não a buscar um futuro seguro e próspero para si mesmos. A seguir, uma entrevista com ele sobre a importância da vida simples em sua experiência e jornada espiritual.

Onde o senhor aprendeu sobre a vida simples? Foi na sua própria criação?

Não aprendi sobre o estilo de vida simples na minha criação. Fui criado num ambiente em que, embora não houvesse ostentação, havia bastante afluência. Aprendi sobre simplicidade através de um amigo chamado John Manchester e da experiência que tive trabalhando num ministério de literatura, The Herald of His Coming (O Arauto da Sua Vinda).

Com John, aprendi sobre alimentação saudável, sobre como fazer pão integral e, também, sobre a esposa ter os partos em casa e não no hospital.

No Arauto da Sua Vinda, aprendi muitas coisas que marcaram minha vida. Por exemplo, na parede havia uma placa que dizia: "Economizar para Evangelizar". Os obreiros recebiam apenas o estritamente necessário para viver. Alguns davam seu trabalho voluntariamente porque eram aposentados. Usavam roupas (em alguns casos) que eram enviadas como donativo para o ministério. A atitude de todos era economizar o máximo a fim de dar o máximo à obra do Senhor. O próprio jornal publicado ali tinha uma tiragem de várias centenas de milhares de cópias, enviadas gratuitamente aos leitores, num ministério totalmente sustentado pela fé.

Há algum testemunho contemporâneo ou passado que influenciou suas convicções nesta área?

C. T. Studd sempre foi uma inspiração para mim. Ele herdou uma fortuna e doou tudo a obras de Deus antes de atender ao chamado para ir a terras estrangeiras para pregar o evangelho. Ele foi primeiro à China, depois à África, ficando, às vezes, meses ou até anos longe de sua esposa. Posso citar também Francisco de Assis e Madre Teresa.

Como o senhor definiria a vida simples para o cristão? Existe um padrão ou regra que todos os cristãos deveriam seguir?

     Aprendi primeiro sobre a atitude de 100% de John Manchester. Na época em que conversávamos sobre isso, nenhum dos dois ainda era convertido! Porém, essa idéia encontrou ressonância imediata no meu coração. Se Deus é Deus, então não pode haver meias medidas. O primeiro mandamento é amar a Deus com todo seu coração. O segundo é semelhante a este: amar ao seu próximo como a si mesmo.

     Não existe uma regra para todos os cristãos – senão seria uma obrigação. Ou, se houvesse, seria esta: Tudo para Jesus.

      O apóstolo Paulo nos exorta a nos contentarmos com o que comer e o que vestir (1 Tm 6.6-8). Jesus disse que devemos buscar em primeiro lugar o reino de Deus e todas as outras coisas nos serão acrescentadas (Mt 6.33). Quando o Espírito foi derramado no Pentecostes, as pessoas dividiam suas posses umas com as outras, de forma que ninguém sentia falta de coisa alguma (At 2.44-45; 4.34).

Qual tem sido a sua experiência nesta área? Conte um pouco sobre como aplicou isso na sua vida e família.

      Este estilo de vida simples tornou-se uma paixão em minha vida. Sentia que era um grande pecado (ou crime) desperdiçar dinheiro em luxos ou coisas desnecessárias. Nunca comprávamos móveis novos, roupas caras, sapatos extras ou coisas assim. Se eu tinha algum dinheiro a mais, logo achava um jeito de doar para algum necessitado.

     Meu alvo era: tudo para Jesus. Ensinei isso à minha família. Não fazíamos festas dispendiosas, não comprávamos presentes desnecessários. Como eu sofria quando ia visitar meus parentes na época do Natal e via tanto desperdício!

     Tudo de que precisávamos, se fosse possível, era comprado usado, inclusive o carro da família. Meu pensamento era: Como podemos desperdiçar um centavo quando há tanto sofrimento e falta no mundo ao nosso redor? Desperdício de comida se incluía nisso também.

Praticávamos uma alimentação saudável. Não gastávamos dinheiro com médicos ou remédios. Enviávamos dinheiro a missionários, e nossas ofertas quase sempre somavam mais do que o dízimo. Tudo para Jesus!

Olhando em retrospecto para essas experiências, quais foram os resultados de levar uma vida simples?

    O resultado de levar uma vida simples é que não somos obrigados a entrar na corrida desenfreada, tornando-nos escravos do sistema deste mundo. Podemos ser livres para viver em favor de Jesus e do reino de Deus. Podemos ter capacidade de ajudar a outros que estão em necessidade. Teremos uma consciência livre de que estamos colocando o reino em primeiro lugar e não a nossa própria satisfação e ambições.

O que o senhor gostaria de dizer aos cristãos nesta presente geração a respeito do desafio de viver uma vida simples e do propósito de se viver assim?

Temos que decidir se vamos servir a Deus ou a Mamom (o dinheiro). Não podemos ter os dois (Mt 6.24). Se a igreja quiser estar pronta para a segunda vinda de Jesus, ela não pode estar no sistema capitalista de buscar riquezas, prazer e um estilo de vida egoísta. Precisamos dedicar tudo possível para aliviar o sofrimento dos outros e para alcançá-los com as boas novas em palavras e em ações.

Precisamos desenvolver um estilo de vida alternativo, uma comunidade dirigida pelo Espírito Santo. Por exemplo, casamentos não precisam ser uma cópia dos casamentos na sociedade do mundo. Podem ser simples, simples, com o Senhor em primeiro lugar. Nada de dinheiro desperdiçado em vaidade e status.

    Tudo isso é apenas uma paixão que tenho recebido do Senhor; nada para crédito pessoal. Afinal, a vida com Jesus é um romance que termina em casamento!

 Para saber mais sobre estes assuntos, peça os livros "Minha Jornada Espiritual" e "Sete Princípios Para a Formação da Família Cristã", ambos de John Walker (19 3462 9893 ou por e-mail: revistaimpacto@revistaimpacto.com) .


por John Walker
 
Fonte: Revista Impacto

Postado por Roberto

Seja abençoado em nome de Jesus

Abraço