terça-feira, 25 de maio de 2010

FORMANDO UM EXÉRCITO DE INTERCESSORES

Formando um Exército de Intercessores 


exercito
    Enquanto milhões de soldados travavam batalhas para disputar o domínio da Europa e do mundo durante a Segunda Guerra Mundial, um pequeno grupo de intercessores anônimos, num lugarejo desconhecido no País de Gales,  entregava-se a uma outra guerra muito mais decisiva...

 O testemunho impressionante de Rees Howells (1879-1950) e sua pequena companhia de intercessores dedicados.

 Poucas pessoas, talvez, conheçam o nome (difícil de pronunciar, por sinal) de Rees Howells. Não foi um grande pregador, não fundou igrejas nem iniciou movimentos. Não existem instituições que levam o seu nome nem livros famosos escritos por ele. No entanto, nos anais da história da igreja, dificilmente o pesquisador encontrará alguém que tenha se entregado mais radicalmente à vida de intercessão e que tenha alcançado maior autoridade em oração do que esse simples mineiro galês, que viveu no início do século passado.

 Por falta de espaço, não podemos aqui dar detalhes das experiências pessoais de Rees nos primeiros anos do seu divino treinamento na escola da intercessão. Faremos apenas um rápido resumo de algumas das lições que aprendeu, para mostrarmos como Deus o preparou cuidadosamente para liderar um grupo de intercessores durante a Segunda Guerra Mundial e para tê-las como segredos espirituais que podem nos ajudar em nossa busca por um ministério de intercessão eficaz. O leitor faria bem em ler o relato completo da sua vida no livro O Intercessor, de  Norman Grubb (Editora Betânia).

 Entregando-se ao Espírito Santo

 A preparação de Rees Howells começou com seu encontro com o Espírito Santo. Para realmente viver sua vida neste homem, o Espírito exigiu entrega total e incondicional: desejos, ambições, escolhas próprias, reputação. Ninguém pode praticar a verdadeira intercessão (ou qualquer outro ministério) a não ser por meio do Espírito Santo. Rees levou cinco longos dias de intensa batalha interior para tomar sua decisão. Mas, com a ajuda do próprio Espírito, a entrega foi feita, o acordo foi selado e houve um profundo e glorioso batismo.

 As experiências a seguir o conduziram, passo a passo, a unir-se a Jesus em sua dor  pelos perdidos e a doar sua própria vida, atitudes que são os verdadeiros fundamentos da intercessão. Seu treinamento incluiu acolhimento de mendigos e identificação com eles, batalhas individuais por doentes terminais e pessoas perdidas, fé para provisão de finanças, perda de reputação pessoal ao tomar posições não compreendidas até por amigos e familiares, e entrega total de tudo que lhe era mais precioso, inclusive seu único filho, a quem  deixou com outra família quando partiu com sua esposa para o campo missionário na África. 

 O Projeto do Instituto Bíblico

 Foi depois de voltar da África que Deus começou a dirigir seus passos para algo que nunca imaginara até então: a compra de várias propriedades (sem dinheiro) para iniciar um Instituto Bíblico, um lar para filhos  de missionários e uma escola fundamental para a educação dessas crianças. Deus estava ampliando seus horizontes e abrindo oportunidades para que Rees usasse os princípios de fé e intercessão que aprendera anteriormente, em casos individuais e limitados, numa escala agora muitas vezes maior.

 Se  Deus antes providenciara milagrosamente quantias de cem ou duzentas libras, agora o desafio era a compra de propriedades que custavam em torno de £10.000,00, o que exigia que Rees fechasse  o negócio quando tinha apenas alguns centavos no bolso. Da mesma forma, se  antes assumira o sofrimento de vidas individuais ou pequenos grupos como alvo de intercessão, Deus começou agora a colocar sobre seus ombros o peso de nações e a visão de levar o evangelho a toda criatura. Tendo antes batalhado sozinho em intercessão, agora via Deus preparando o caminho para que uma companhia de intercessores fosse levantada.

 O Instituto Bíblico, chamado The Bible College of Wales (Faculdade Bíblica de Gales), foi inaugurado no ano de 1924. No primeiro ano de funcionamento, houve bastante sucesso. A equipe contava com cinco professores e a escola tinha 38 alunos. Logo, porém, vieram as dificuldades. A fim de estarem preparados para as batalhas árduas  que os esperavam, era necessário passarem antes pelo fogo e pela morte. No segundo ano, houve conflitos internos que deixaram como resultado apenas dois professores e cinco alunos. Durante os doze meses seguintes, não houve uma única aula, somente busca incessante da face de Deus. “Através dessa experiência”, disse Rees posteriormente, “o Instituto foi alicerçado na Rocha Eterna, um fundamento que homem algum ou o próprio diabo jamais poderia abalar.”

 Recebendo a Comissão

Em 1934, Deus impressionou Rees de forma mais intensa ainda sobre o peso do Espírito de levar o evangelho a toda criatura. Era como se fosse uma responsabilidade direta que o Senhor estava colocando sobre seus ombros. Em 1935, toda a equipe passou o primeiro dia do ano junto com os alunos em jejum e oração. Viram que, assim como o Salvador veio fisicamente ao mundo para fazer expiação pelos pecados de toda a humanidade, o Espírito Santo agora, de forma igualmente real, estava presente para tornar essa expiação conhecida de toda criatura, missão essa que precisava ser realizada em sua geração.

 Para que o evangelho pudesse ser pregado em todo o mundo, as portas precisavam permanecer abertas para os missionários. Assim, a direção das orações era de batalhar contra o inimigo em todo o lugar onde estivesse ameaçada  a liberdade de evangelizar.

 Em 1936, Hitler já estava avançando em algumas áreas na Europa. Havia um encargo muito grande de oração sobre todo o Instituto. Rees sentiu o Espírito dizendo: “Prevaleça contra Hitler”. Passaram três semanas em jejum e oração. No dia 29 de março daquele ano, Rees lançou um desafio aos alunos: “Deus está pedindo intercessores – homens e mulheres que ofereçam a vida sobre o altar para lutar contra o diabo de forma tão real como se estivessem combatendo como soldados na frente de batalha”. Ele disse que um soldado em combate não tem poder de decisão para ir ali ou acolá, nem para fazer isso ou aquilo. Não tira férias nem pode atender às exigências de familiares ou entes queridos, como fazem as outras pessoas. O Senhor lhes estava dizendo que se alguns se entregassem como escravos do Espírito Santo a esse  ponto, a favor de toda criatura, e se colocassem na brecha, ele lhes daria a vitória. Uma grande parte dos professores e dos alunos fez a entrega. “A partir daquele momento”, disse Rees, “sabíamos que Hitler não era mais do que uma vara nas mãos do Espírito Santo.”

 Na Linha do Fogo

 Não há espaço aqui para relatar toda a campanha de oração que esse grupo desenvolveu durante os anos seguintes. Sem dúvida alguma, foi um dos períodos mais negros de toda a história humana. O que sabemos é que um grupo de quase cem pessoas intercedia diariamente durante os seis anos da Segunda Guerra (1939 a 1945), sem faltar um dia, por pelo menos uma hora de manhã, às vezes por outro período de uma hora ao meio-dia, e, principalmente, das dezenove horas até meia-noite. Em períodos especiais, entregavam o dia inteiro à  oração e jejum.

 O encargo especial era batalhar contra o espírito maligno que, por trás de Hitler, queria fechar o mundo para o evangelho. Eles criam que Deus iria julgar Hitler, como fez a Faraó no Egito, a fim de libertar milhões de vidas que estavam, ou poderiam vir a estar, sob o  domínio do tirano alemão.

 Veja a seguir algumas das situações específicas da  guerra pelas quais  o grupo intercedeu, e de cujos resultados tinha certeza antes mesmo que os fatos acontecessem: 

 1. O Pacto de Munique em 1938

 Hitler estava propenso a atacar a Inglaterra, enquanto os britânicos ainda estavam despreparados. O grupo de oração batalhou firme para que Deus não o permitisse. “Senhor, dobra  a vontade de Hitler”, oravam. De acordo com Neville Henderson, embaixador britânico na Alemanha, na época, Hitler, pela primeira vez deixou de seguir a orientação da voz demoníaca que sempre o guiava certeiramente. A voz lhe dissera que não haveria momento mais propício para a invasão do que em outubro de 1938. Mas, estranhamente, ele não conseguiu seguir a voz. “Você é o único homem”, Hitler disse depois com certa amargura ao primeiro-ministro da Inglaterra, Neville Chamberlain, “a quem fiz alguma concessão.” O Senhor havia dobrado Hitler. Uma invasão naquela ocasião teria sido desastrosa para a Inglaterra.

 2. A retirada de Dunquerque

 Em maio de 1940, as tropas de Hitler estavam avançando rapidamente sobre toda a Europa ocidental. As forças aliadas não só estavam perdendo suas posições como também suas rotas de escape. Logo, um contingente de mais de 300.000 tropas britânicas e francesas estava agrupado em Dunquerque, um porto no norte da França, e em praias vizinhas. Parecia uma cena bíblica: os exércitos cercados, sem qualquer saída viável, diante do mar, pelas forças inimigas, estas em muito maior número e poder. Nessa época, os britânicos eram os únicos a enfrentar Hitler. Os países do continente europeu já haviam caído diante dos alemães e os Estados Unidos ainda não tinham entrado na guerra. A rendição ou extermínio do exército inglês teria aberto as portas para o domínio nazista sobre o resto do mundo livre.

 O grupo de intercessão estava a postos. Rees Howells declarou que se não houvesse uma intervenção divina, a guerra estaria perdida. Exortou o grupo a orar como se estivesse enfrentando o fim da civilização. “Não permitam que aqueles jovens na frente de batalha façam mais do que vocês aqui”, ele disse ao grupo.

 Depois de alguns dias, uma certeza interior começou a crescer: o Senhor estava dando a vitória. O mundo e, especialmente, a Grã-Bretanha estavam em pânico, mas algo havia acontecido na esfera invisível. No dia 27 de maio, dois dias antes das retiradas maiores começarem, Rees escreveu no diário: “Nosso povo verá Deus respondendo suas orações e terá todo o júbilo dessa resposta”. Entretanto, as notícias daquele dia não foram animadoras. Três dias depois, ele afirmou categoricamente: “O inimigo não invadirá a Inglaterra cristã”.

 Não havia qualquer perspectiva humana para conseguir evacuar todas aquelas tropas. As águas perto das praias eram rasas, dificultando a aproximação dos navios ingleses. A Luftwaffe, Força Aérea alemã, já havia afundado vários navios de guerra, e a expectativa dos ingleses era de conseguir retirar apenas 30.000 homens, antes do cerco final das forças terrestres. Winston Churchill advertiu à Câmara dos Comuns (o Parlamento) que logo poderiam receber notícias “duras e pesadas”. O primeiro-ministro francês afirmou que “só um milagre” poderia salvá-los.

 Porém, no dia 29 de maio, inesperadamente, os tanques alemães deixaram de avançar, achando que a Luftwaffe faria o restante. Atendendo a apelos do governo inglês, centenas de pequenas embarcações pesqueiras, iates e barcos particulares compareceram ao local e, num mar providencialmente calmo, evacuaram um total de mais de 300.000 soldados aliados até o dia 4 de junho. Foi algo além de todas as expectativas, e foi atribuído pelo próprio Churchill a um livramento divino, um milagre (isso o leitor pode constatar em qualquer enciclopédia ou relato histórico). O que ele e todos os outros desconheciam era a existência de um outro exército escondido que havia travado uma batalha muito superior...

 3. A Batalha da Grã-Bretanha

 Em setembro de 1940, Hitler tentou derrotar a Inglaterra através de ataques aéreos, preparando o caminho para uma posterior invasão. Durantes os incessantes bombardeios, enquanto o terror reinava todas as noites e bombas caíam até próximo do Instituto Bíblico, o grupo de intercessores batalhava incessantemente. Poderiam ter certeza da vitória? “O importante é descobrir onde Deus está nisso tudo”, Rees escreveu. “Podemos dizer que estamos seguros durante os ataques aéreos? Deus nos deu essa certeza? Você pode tentar usar a Palavra de Deus sem ter o seu poder por trás dela.”

 No dia 8 de setembro, durante um dia nacional de oração, Rees começou a falar na reunião de oração do meio-dia. De repente, aviões nazistas passaram por cima, as sirenas soaram, os canhões no campo responderam – mas nada perturbou aquele grupo de intercessores. Naquele instante, as dúvidas cessaram, a incerteza se transformou em louvor e convicção. Cantaram hinos de vitória sobre a morte e celebraram a vitória.

 Durante uma semana, não houve evidência exterior da vitória, mas no dia 15 de setembro, conforme Churchill relata em suas memórias, quando os ingleses já não tinham mais reservas para resistir aos ataques alemães, inexplicavelmente, os bombardeios diminuíram e os aviões alemães começaram a ir embora. Não havia um  porquê para os alemães terem cessado  nesse ponto, quando a vitória estava tão próxima. Depois da guerra, o marechal da Aeronáutica britânica, Lord Dowding, fez a seguinte observação: “No fim da batalha, tinha-se a sensação de que houvera alguma intervenção divina especial que alterou a seqüência dos acontecimentos que, de outra maneira, teriam um outro desfecho”.

 Resultados

 Além dos exemplos acima, os intercessores em Gales acompanharam de perto as campanhas militares na Rússia e na África do Norte, visando de maneira especial os propósitos de Deus em relação à terra de Israel. E, mais para o final da guerra, oraram intensamente enquanto os aliados invadiam a Itália e depois a  França, no dia “D”.

 É importante ressaltar dois resultados importantes desses anos de oração que vieram depois da guerra: a organização do Estado de Israel, em 1948, e um período de grande expansão missionária que aconteceu em várias regiões do mundo. As duas coisas haviam marcado fortemente as orações desse grupo durante todos os anos antes e durante a grande guerra mundial.

 É claro que os intercessores do Instituto Bíblico de Gales não eram o único grupo que estava orando durante esse período de intensa crise mundial. Só Deus poderá avaliar a importância e o efeito de cada oração e de cada grupo de intercessores. O que podemos afirmar, contudo, é que há momentos importantes no plano de Deus em que ele precisa de exércitos e não só de soldados individuais, por mais corajosos e heróicos que estes possam ser. Mas, para isso, ele precisa trabalhar com esse exército, preparando-o tão meticulosamente como faz com indivíduos, testando, revestindo, instruindo e unindo-o para ser seu instrumento especial em semelhantes  desafios. Se Deus precisava de um bando preparado de intercessores durante a Segunda Guerra Mundial, certamente as crises mundiais que se avolumam no horizonte neste terceiro milênio requererão algo em escala ainda maior. Será que já existem exércitos de intercessão em treinamento?

 Fonte de Pesquisa: “O Intercessor”, de Norman Grubb, Editora Betânia.
 Compilado por Christopher Walker

por Norman Grubb
Postado por Roberto
Abraço




 
 
 



























Nenhum comentário:

Postar um comentário