quinta-feira, 8 de abril de 2010

TSUNAMI, SOBERANIA E MISERICÓRDIA

Tsunami, Soberania e Misericórdia - 

Can I be warned about a Tsunami?


 As ondas da morte me cercaram; as torrentes da destruição me aterrorizaram... Este é o Deus cujo caminho é perfeito (2 Sm 22.5, 31, NVI).

 Depois de perder seus dez filhos por causa de um "desastre natural" (Jó 1.19), Jó disse: "O Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!" (Jó 1.21). No final do livro, o escritor inspirado confirma o entendimento de Jó do que aconteceu. Ele diz que os irmãos e irmãs de Jó "o consolaram de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado" (Jó 42.11). Isto tem várias implicações cruciais para nós, ao pensarmos sobre a calamidade recente no Oceano Índico.

 1. Satanás não é a explicação final, Deus é.

 Satanás teve uma parte na miséria de Jó, mas não a parte decisiva. Deus deu a Satanás permissão para afligir Jó (Jó 1.12; 2.10). Mas Jó e o escritor deste livro tratam Deus como a causa final e decisiva. Quando Satanás o aflige com feridas, Jó diz à sua esposa: "Aceitaremos o bem dado por Deus, e não o mal?" (Jó 2.10), e o escritor chama estas feridas satânicas de "o mal que o Senhor lhe havia enviado" (Jó 42.11). Portanto, Satanás é real. Satanás traz miséria. Mas, Satanás não é a causa final e decisiva. Ele está preso por uma coleira. Ele não vai além daquilo que Deus claramente permite.

 2. Mesmo se Satanás causou o maremoto no Oceano Índico, no dia após o Natal, ele não foi a causa decisiva das mais de 200.000 mortes; Deus foi.

 Deus reivindica o poder sobre os tsunamis em Jó 38.8,11, quando pergunta retoricamente a Jó: "Quem encerrou o mar com portas, quando irrompeu da madre ... e disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se quebrará o orgulho das tuas ondas?". Salmo 89.8,9 diz: "Ó Senhor.... Tu dominas o revolto mar; quando se agigantam as suas ondas, tu as acalmas". E Jesus tem hoje o mesmo controle que tinha naquela época sobre as ameaças mortíferas das ondas: "E...repreendeu o vento e a violência das águas; tudo se acalmou e ficou tranqüilo" (Lc 8.24). Em outras palavras, mesmo se Satanás causou o maremoto, Deus poderia ter parado as ondas.

 3. As calamidades destrutivas deste mundo são um misto de juízo e misericórdia.

 Os propósitos divinos nessas coisas não são simples. Jó era um homem piedoso e suas tribulações não eram uma punição de Deus (Jó 1.1,8). Foram designadas para purificar, não punir (Jó 42.6). Entretanto, não sabemos qual era a condição espiritual dos filhos de Jó. Sabemos que Jó estava preocupado com eles (Jó 1.5). É possível que Deus tenha tirado as suas vidas por um ato de juízo. Se isso for verdade, então a mesma calamidade acabou sendo, no fim, um ato de misericórdia para Jó e um ato de juízo para seus filhos. Isto se aplica a todas as calamidades. Elas são um misto de juízo e misericórdia. Tanto são castigo como purificação. O sofrimento e, até mesmo, a morte, pode ser um ou outro.

 A ilustração mais clara disso é a morte de Jesus. Representou tanto juízo como misericórdia. Para Jesus, foi juízo, porque ele carregava os nossos pecados (não os seus); para conosco que confiamos que ele levou o castigo merecido por nós (Gl 3.13; 1 Pe 2.24) e se tornou nossa justiça (2 Co 5.21), foi misericórdia.

 Outro exemplo é a maldição que repousa sobre esta terra caída. Aqueles que não crêem em Cristo, experimentam-na como juízo, enquanto os crentes a experimentam como uma preparação misericordiosa, embora dolorosa, para a glória futura. "A criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será libertada" (Rm 8.20,21). Esta é a sujeição da criação a Deus. Este é o porquê dos tsunamis.

 Quem sofre as conseqüências dos desastres naturais deste mundo caído? Todos nós, incluindo os cristãos: "Não somente a criação, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo" (Rm 8.23). Para aqueles que se colocam sob a misericórdia de Cristo, essas aflições estão produzindo "um eterno peso de glória, acima de toda comparação" (2 Co 4.17). E quando a morte chega, é uma porta para o Paraíso. Mas, para aqueles que não colocaram Cristo como seu maior tesouro, sofrimento e morte são juízos de Deus. "Pois já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?" (1 Pe 4.17).

 Para as crianças que ainda não conseguem processar em suas mentes a revelação de Deus por meio da natureza ou das Escrituras, a morte não é a palavra final de julgamento. O compromisso de Deus, de demonstrar sua justiça publicamente, significa que ele não condenará finalmente os pecadores que não tiveram condições físicas de interpretar revelação natural ou especial (Rm 1.20). Existe uma diferença entre ignorar revelação que a pessoa consegue compreender mentalmente (Rm 1.18), e não ter condições mentais de compreender qualquer coisa desse nível. Portanto, quando crianças pequenas sofrem e morrem, não podemos presumir que estão sendo punidas ou julgadas. Não importa quão horrível seja o sofrimento ou a morte, Deus pode torná-lo para o seu bem maior.

 4. O coração que Cristo dá ao Seu povo sente compaixão por aqueles que sofrem, não importa qual seja a fé deles.

 Quando a Bíblia diz: "Chorai com os que choram" (Rm 12.15), não existe uma condição adicional: "a menos que Deus tenha causado o choro". Os consoladores de Jó teriam feito melhor se tivessem chorado com Jó, ao invés de terem falado tanto. Isso não muda quando descobrimos que os sofrimentos de Jó vinham, em última análise, de Deus. Não, é certo chorar com os que choram. Dor é dor, não importa quem a cause. Todos nós somos pecadores. A empatia flui, não das causas da dor, mas da companhia da dor. E todos nós estamos juntos nisso.

 Finalmente, Cristo nos chama a mostrar misericórdia àqueles que sofrem, mesmo se eles não a merecem.

 Este é o significado de misericórdia - ajuda não merecida. "Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem" (Lc 6.27). Portanto, ore ardentemente por todos aqueles que estão procurando responder em misericórdia com o amor de Deus a essas calamidades ao redor do Oceano Índico.

 John Piper é pastor da Igreja Batista Belém, em Minneapolis, MN, EUA. Este artigo foi escrito em 29 de dezembro de 2004 (no site de John Piper - www.desiringgod.org), traduzido por Felipe Sabino de Araújo Neto, e publicado no site da Missão Portas Abertas (www.portasabertas.org.br). por John Piper
 
Postado por Roberto
Abraço

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