segunda-feira, 12 de abril de 2010

CRIACIONISMO, EVOLUÇÃO E FÉ

Criacionismo, Evolução e Fé - 

Criacionismo, Evolução e Fé

   A versão apresentada pela Ciência e ensinada nas escolas em todos os níveis, sobre a origem do Universo, do planeta Terra e da vida sobre a Terra, entra em choque direto com a narrativa da Bíblia, tal como está nos primeiros capítulos de Gênesis. Há duas posições extremas nesse assunto: os que fazem uma interpretação literal do texto bíblico e defendem que só o que a Bíblia afirma pode ser verdade. E os que acham que tudo que a Bíblia diz está errado, já que a Ciência “provou”, através da teoria da evolução, que os fatos ali registrados não ocorreram, e que o surgimento da vida, do homem e dos animais se deveu a fatores físicos e naturais.
 No meio desses extremos, há os que buscam conciliar a ciência e as Escrituras, afirmando que a Bíblia diz O QUE ocorreu e a ciência explica COMO ocorreu. Assim, a teoria do big-bang, que explica o surgimento do Universo a partir de uma imensa explosão, mostraria como ocorreu a criação do mundo por Deus
 Na verdade, sobre essa “divinização” da ciência, caberia perguntar: os cientistas são mesmo pessoas objetivas, dedicadas à busca sincera da verdade, isentas das táticas enganosas de torcer conclusões, omitir evidências e fechar os olhos para fatos que poderiam desmentir suas teorias favoritas? As teorias científicas são necessariamente isentas de erro e inquestionáveis? Ou existe algo de falso permeando as mentes dos grandes pesquisadores e pensadores do passado e do presente?
 O cientista brasileiro Adauto J. B. Lourenço, com mestrado em Física, na área de matéria condensada, pela Clemson University, na Carolina do Sul, EUA, e pesquisador da FAPESP, é membro da American Physics Society e da Sigma-Pi-Sigma Society of Physics. Há cinco anos, realiza seminários, palestras e cursos sobre Criacionismo, Desenho Inteligente, Ensino de Criacionismo nas Escolas Públicas, Clonagem e outros assuntos para universitários, igrejas, professores de ensino fundamental e secundário e outros. Eis sua opinião sobre a controvérsia, nesta entrevista exclusiva para Impacto.
      Muitas pessoas acreditam que Charles Darwin utilizou o método científico para apresentar a Teoria Evolucionista e que, por essa razão, os cientistas, educadores e intelectuais em geral não devem considerar a história da criação do homem conforme está na Bíblia. Há mesmo uma base científica sólida para o evolucionismo?
 Esta percepção errônea precisa ser esclarecida. Darwin, embora fosse meticuloso no seu trabalho, não utilizou um método científico para apresentar a Teoria da Evolução. O método científico apóia-se na observação, isto é, procura duplicar os processos da natureza através de experimentos que, uma vez demonstrados, podem ser repetidos por qualquer pesquisador. É o oposto do método dogmático, em que uma crença prevalece sempre, por definição. Em seu livro A Origem das Espécies, Darwin desenvolveu uma hipótese com o intuito de fornecer uma explicação plausível para a origem da biodiversidade do nosso planeta. E baseou essa hipótese em sete postulados que não podem ser comprovados experimentalmente, não sendo, portanto, comprováveis pelo método científico.
 O Dr. Michael Denton, biólogo molecular, afirma em seu livro Evolução, uma Teoria em Crise (Evolution: A Theory in Crisis), que desde o lançamento da Teoria da Evolução, em 1859, até hoje, não houve uma única descoberta empírica ou avanço científico que validasse as duas premissas em que a mesma se fundamenta:  (1) existe uma seqüência contínua entre todas as formas de vida, da mais simples até a mais complexa, que demonstra como tudo evoluiu a partir de um único ser vivo primordial; e (2) a vida e toda sua diversidade resultaram de processos cegos e aleatórios sem qualquer planejamento ou inteligência superior. Assim sendo, a Teoria da Evolução é questionável justamente na sua base. Aceitá-la como provada implica dizer que hipóteses sem evidências concretas podem ser consideradas verdades indiscutíveis. Ensiná-la como a única alternativa é propor um dogma, o que se opõe frontalmente ao caráter científico.
 A teoria do Desenho Inteligente, ou Design Inteligente (Intelligent Design, em inglês), também conhecida como Criacionismo, apresenta-se como uma alternativa à Teoria da Evolução. É uma teoria que merece ser considerada?
 Essa teoria tem como premissa básica que certas características do universo e dos seres vivos encontram melhor explicação em uma causa inteligente do que em um processo aleatório, como no caso da seleção natural. É defendida por muitos cientistas renomados, mas vem sendo muito mal interpretada pela falta de conhecimento dos que se opõem a ela. Muitos julgam que o Criacionismo é uma proposta religiosa ingênua, que tenta dar uma resposta simplista a um problema complexo. Mas, ao contrário, o Criacionismo tem uma proposta clara e explicitamente científica. De acordo com Michael Denton, a inferência do planejamento (Teoria da Criação) é uma indução a posteriori, baseada numa aplicação inexoravelmente consistente da lógica e da analogia. Para ele, a conclusão pode ter implicações religiosas, mas não depende de pressuposições religiosas. Essa última frase esclarece toda a questão.
 Na verdade, tanto criacionistas quanto evolucionistas reconhecem a existência de um desenho (design, ou planejamento) na natureza. Francis Crick, em seu livro What Mad Pursuit, afirma que: “os biólogos devem constantemente ter em mente que o que eles vêem não tem design intencional, mas evoluiu”. E Richard Dawkins, em O Relojoeiro Cego, mostra que “a Biologia é o estudo de coisas complexas que dão a impressão de ter um design intencional”. A questão não é se o design existe ou não, mas se foi ou não intencional.
 O que se pode concluir dessa afirmativa?
 Este é o ponto da discussão científica. Aqui se encontra a fraqueza e a incoerência do Evolucionismo contra a força e a coerência do Criacionismo.
 A proposta de que todo o universo, a vida e tudo o que existe são resultados da criação por uma inteligência superior é tão evidente que o matemático e astrônomo inglês Dr. Fred Hoyle, que juntamente com a Dra. Chandra Wickramasinghe, do Centro de Astrobiologia do País de Gales, elaborou a teoria do steady-state do universo, comentando sobre a teoria do Criacionismo, afirmou: “… tal teoria é tão óbvia que ficamos imaginando por que não é largamente aceita como auto-evidente. As razões são mais psicológicas do que científicas”
 O Criacionismo, portanto, é a ciência que estuda a origem do universo e da vida e, baseado na grande quantidade de evidências, propõe que tudo foi criado. Como ciência, não está interessado em estudar o Criador, mas somente a criação. A ciência criacionista conta com muitos adeptos no mundo todo. Só nos Estados Unidos, mais de 300 pesquisadores com Ph.D. estão envolvidos com o Criacionismo. Sem dúvida, o número é expressivo. É importante deixar claro que a grande maioria dos criacionistas não é evangélica, não crê na Bíblia e não está afiliada a nenhum grupo religioso.
 Discute-se essa questão nos meios científicos brasileiros?
 Aqui no Brasil, temos vários grupos envolvidos com o Criacionismo. Um deles é a Sociedade Criacionista Brasileira, com sede em Brasília. Dr. Ruy Vieira, ex-professor da USP e fundador da Academia de Ciências de São Paulo, é o atual presidente. Também existem sociedades criacionistas em países como Austrália, Alemanha, Espanha, Turquia, Itália, Canadá e Estados Unidos.
 O que os criacionistas conseguiram desenvolver até o presente?
 Os criacionistas trabalham e desenvolvem pesquisas em muitas áreas para confirmar o posicionamento e a validade da Teoria da Criação. Podemos citar, entre outros, os estudos sobre a datação dos fósseis com carbono-14 por meio da espectrometria de aceleração de massa. Esses estudos comprovam uma terra jovem e a realidade de um cataclismo mundial que deu origem aos fósseis. Também os estudos do mtDNA (DNA mitocondrial) comprovam a origem da raça humana a partir de uma única mulher. E os estudos dos três estágios de formação de supernovas comprovam que a nossa galáxia não possui nem ao menos cem mil anos.
 Hoje em dia fala-se muito em Código Genético. Há estudos dos criacionistas nessa área também?
 Há vários, e um dos mais fascinantes é o que mostra, a partir de pesquisas com o DNA (ácido desoxirribonucléico), como o código genético é uma das evidências mais marcantes da necessidade de uma inteligência superior. Dentro da ciência da informação, um dos teoremas principais afirma que: “um sistema de códigos é sempre o resultado de um processo mental, isto é, requer uma origem inteligente ou um inventor”. Outro teorema afirma que: “não existe nenhuma lei da natureza e nenhuma seqüência de eventos conhecidos que possa fazer com que informação possa originar-se por si mesma da matéria”.
 O nosso material genético está altamente codificado. A complexidade é tanta que mesmo após dez anos de pesquisas, a ciência teve que reconhecer a sua humilde posição diante de tamanha engenhosidade. Como explicar tal complexidade? O que se evidencia é que sistemas deixados por conta própria tendem a perder complexidade utilizável, e não a ganhá-la. Somente uma criação complexa, completa e diversificada poderia explicar a enorme complexidade do código genético e as suas muitas diferenças exemplificadas nas várias formas de vida.
 Por falar em complexidade, veja como o código do pequeno pássaro conhecido como East Siberian golden plover (tarambola-dourada), apresenta um desafio imenso. Como explicar o conhecimento desse pássaro, que migra do Alasca até o Havaí, voando 88 horas sobre o oceano Pacífico, numa formação em delta para economia de “combustível” e refazendo os cálculos de orientação GPS (por não possuir referências visuais para sua orientação), devido a ventos laterais? Como ele sabe o quanto de gordura precisaria ter no seu corpo antes de começar a viagem para ter “combustível” suficiente para chegar lá? Como poderia toda essa complexa informação ter sido fruto apenas de processos cegos e aleatórios? Uma crença em tais processos implicaria uma fé imensamente maior que a própria fé que a Bíblia descreve!
 Essa inteligência superior é o Deus de que fala a Bíblia?
 Não vejo por que não associar essa Inteligência Superior com o Deus da Bíblia. Creio que a descrição se encaixa muito bem. Quando menciono Deus, falo por mim e não pelos criacionistas de forma geral. Cada um tem a sua fé. Até mesmo o ateu possui uma fé, já que não pode provar empiricamente que Deus não existe. Sendo assim, quando falo para grupos religiosos, procuro mostrar como o Criacionismo é totalmente coerente com o relato bíblico.
 Um exemplo é o próprio dilúvio de Gênesis. Esse evento vem sendo estudado e esclarecido pelas pesquisas da equipe do Dr. Walt Brown, e seus resultados podem ser conhecidos pelo site:
 www.creationscience.com
  
 Toda uma grande quantidade de informação relevante e relacionada com o dilúvio foi trabalhada cientificamente.
 Levantaram-se questões como: De onde veio toda a água? Para onde ela teria ido? Que aspectos resultaram de um cataclismo mundial dessa ordem, formando fósseis, produzindo a deriva continental, a crista (dorsal) oceânica, cadeias de montanhas, formações rochosas, estratigrafia, etc.?
 O senhor lê muitos livros científicos. Lê também a Bíblia?
 Além de pesquisar dentro do Criacionismo, gosto muito do estudo da Bíblia. Acho que é o livro mais fascinante. Não tenho a menor sombra de dúvida de que ela é o que diz ser: a Palavra de Deus, o Criador de todas as coisas. Ela é coerente, consistente e atual. Muitos, por não a conhecerem, fazem um julgamento totalmente errado sobre a sua autenticidade. Um deles, por exemplo, é sobre a afirmação de que a Bíblia fala de uma Terra plana, não esférica. Como o texto bíblico usa expressões como “os quatro cantos da terra” ou “o sol parado”, esses críticos confundem essa linguagem simbólica com erros, o que não é verdade. Para ficar nesses dois exemplos, nós até hoje usamos os quatro pontos cardeais para direcionamento, mas não queremos dizer com isso que a Terra seja quadrada. E quando dizemos que o Sol nasce e que o Sol se põe, não estamos afirmando que o Sol gira em torno da Terra. Assim também, a Bíblia não disse que a Terra é quadrada nem que o Sol gira em torno da Terra.
 Quer dizer que as afirmações bíblicas sobre nosso planeta estão corretas?
 A Bíblia é coerente ao utilizar como plano de referência o planeta Terra. Há muitas referências bíblicas à redondeza da Terra. Jó, por exemplo, viveu cerca de 2000 anos antes de Cristo, e falava da redondeza da Terra (Jó 26.10). Isaías viveu 700 anos antes de Cristo e também já havia dito a mesma coisa (Is 40.22). O que tenho procurado mostrar é que a Bíblia afirmou isso muito antes de qualquer outra fonte de informação mostrar que a Terra é redonda. Ela também afirmou que a Terra paira sobre o nada (Jó 26.7). Uma proposta de que a Terra seria redonda foi feita pelos gregos Pitágoras, por volta de 530 a.C., e Eratóstenes (que calculou o diâmetro da Terra), em 200 a.C.  Procuro também aqui, nesta questão de Bíblia e ciência, lembrar que existe uma grande diferença entre um fenômeno e um milagre. Os dois podem, até certo ponto, ser explicados cientificamente. Mas com os milagres, geralmente, podemos apenas dizer quais leis da natureza foram quebradas. No caso da evolução, a quantidade de leis que teriam de ser violadas para que tal processo acontecesse é tão grande que se classificaria não como um milagre, mas quase como uma sucessão de milagres.
 O Criacionismo é, portanto, uma teoria científica, e não religiosa?
 O Criacionismo ou, mais especificamente, a Teoria do Desenho Inteligente, não precisa da Bíblia ou de algum outro livro religioso para se manter em pé. A teoria depende única e exclusivamente da ciência. Entretanto, o que observamos nesse debate Criação versus Evolução é um interesse não saudável, claramente tendencioso, em preservar a Teoria da Evolução a todo o custo. Recentemente, a National Geographic Brasil (novembro de 2004) publicou o seguinte artigo: “Darwin estava errado?”. Este artigo representa, no sentido mais claro, um exemplo de “propaganda” evolucionista. O autor do artigo, David Quammen, estudou na Yale University, mas não tem formação em Biologia. Esse é um fato interessante porque, quando há críticos de Darwin sem formação acadêmica da área, eles são imediatamente desconsiderados pelos editores científicos. Essa é uma atitude encontrada constantemente na literatura de divulgação, sendo muito tendenciosa para o evolucionismo. Mais uma vez, Richard Dawkins, em seu livro O Relojoeiro Cego, afirma: “Se eu estou correto, isso significa que mesmo que não exista qualquer prova factual para a teoria de Darwin, é certamente justificável aceitá-la acima de todas as outras teorias”.
 Nota-se, portanto, uma inclinação tendenciosa por parte dos darwinistas?
 Uma das coisas que tenho procurado mostrar em palestras e seminários é que o ensino da Teoria da Evolução tem sido “compartimentado”, isto é, ensina-se a origem da vida (Biologia, Genética, Paleontologia) sem verificar se as demais áreas (Geologia, Astronomia, Astrofísica) de conhecimento humano concordam com as propostas feitas, e sem a preocupação se elas entrarão em confronto umas com as outras.
 Deixe-me exemplificar. Somos informados que, numa suposta atmosfera ou oceano primitivo, formaram-se aminoácidos que deram origem às primeiras formas básicas de vida no planeta. De aminoácidos para as tais formas básicas de vida, é necessário ocorrerem por vários processos que precisam ser claramente provados como válidos e possíveis. Um deles é justamente a formação de proteínas a partir de aminoácidos. Logo nesse estágio, a evolução encontra dois problemas que não são tratados nos livros. Fala-se do trabalho de Oparin e do modelo pré-biótico de Miller, mas não são mencionados esses dois problemas cruciais, relacionados com a seqüência aminoácido-proteína.
 O primeiro é que proteínas, em processos naturais e espontâneos, desfazem-se em aminoácidos, e não o contrário (aminoácidos formando proteínas). Essa informação vem da Bioquímica nos estudos da Biologia molecular. Essa “caixa” geralmente não é aberta na aula de Biologia. O segundo é que aminoácidos não se recombinam na presença de oxigênio para formar proteínas. Nesse ponto, os alunos são informados que a atmosfera primitiva do planeta não possuía oxigênio, contrário ao que a Geologia nos mostra. As rochas do período pré-cambriano (aquelas que, segundo a evolução, precederam o aparecimento da vida) possuem óxido de ferro na sua estrutura, o que implica diretamente em oxigênio na atmosfera. Essa caixa também não é aberta nas aulas de Biologia. É o que eu chamo de “caixinhas fechadas”. Fala-se apenas o que é favorável.
 Esse tipo de comportamento é altamente prejudicial para o avanço da ciência. Para se ensinar uma afirmação que algo aconteceu, primeiramente tem-se que demonstrar que o tal processo é possível e que não existem evidências apontando na direção contrária.
 Por que muitos cristãos evitam essa discussão, como se tivessem medo de ser contestados?
 Muitos cristãos, consciente ou inconscientemente, adotam uma atitude de inferioridade diante dos intelectuais que zombam dos relatos bíblicos, como sendo fábulas, histórias infundadas, sem qualquer relevância para as pessoas instruídas e desenvolvidas da nossa geração. Não precisamos pensar assim. A Teoria da Evolução possui muito mais incoerência e requer muito mais “fé” diante da ausência de provas verdadeiras do que a história bíblica da criação. Precisamos entender a “operação do erro” e a verdadeira razão que está por trás do predomínio da mentira nas mentes da humanidade. Procuro sempre pensar que, na minha vida, como pesquisador na ciência e estudioso da Palavra de Deus, existe uma grande coerência e consistência.

 Não estou sozinho nesse pensamento. O próprio James P. Joule, um dos fundadores da ciência da Termodinâmica, disse: “O próximo passo, após o conhecimento e a obediência à vontade de Deus, deve ser conhecer algo sobre os seus atributos de sabedoria, poder e bondade manifestos nas obras das suas mãos”.

 Entrevista com Adauto Lourenço

 


Postado por Roberto
Abraço

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