domingo, 4 de abril de 2010

DÊ UM POUCO DE SI MESMO

Dê Um Pouco de Si Mesmo a Algum Pequenino

 Teddy Stallard certamente se qualificava como “um destes mais pequeninos” a que Jesus se referia. Não se interessava pela escola. Usava roupas velhas, amarfanhadas. Nunca penteava o cabelo. Era um desses meninos, na escola, que exibem uma face desconsolada, sem expressão, um olhar enevoado, sem foco definido. Quando a professora, Miss Thompson, falava a Teddy, ele sempre respondia com monossílabos. Era um camaradinha distante, destituído de graça, sem qualquer motivação, difícil de a gente gostar. Embora a professora dissesse que amava a todos da classe por igual, bem lá dentro ela não estava sendo muito verdadeira.

 Sempre que ela corrigia as provas de Teddy, sentia certo prazer perverso em rabiscar um X ao lado das respostas erradas e em lascar um zero no topo da folha. Na verdade, este sentimento não era justificado, pois a professora tinha o histórico de Teddy e sabia mais sobre ele do que gostaria de admitir. O currículo do garoto era o seguinte:

 1ª série – Teddy promete muito quanto ao rendimento escolar e atitudes, porém se encontra em péssima situação doméstica.

 2ª série – Teddy poderia melhorar. A mãe está muito doente. O menino recebe pouca ajuda em casa.

 3ª série – Teddy é um bom aluno, mas está sério demais. Aprende devagar. É lento. A mãe morreu no ano passado.

 4ª série – Teddy é lento, mas tem bom comportamento. O pai não demonstra interesse algum.

 Chegou o Natal. Meninos e meninas da classe da senhorita Thompson lhe trouxeram presentes. Empilharam os pacotinhos na mesa da professora e rodearam-na, observando-a enquanto ia abrindo-os. Entre os presentes havia um, entregue por Teddy Stallard. Ela ficou surpresa que tivesse trazido, mas trouxera mesmo. O presente dele estava enrolado em papel pardo e fita durex, e havia estas palavras simples, escritas no papel: “Para Miss Thompson – do Teddy”. Ao abrir o pacote de Teddy, caiu sobre a mesa um bracelete espalhafatoso, feito de imitações de cristais, metade das quais já havia caído, e um frasco de perfume barato.

 Os meninos e meninas começaram a sufocar risadas, exibindo sorrisos afetados, por causa dos presentes de Teddy. Contudo, Miss Thompson pelo menos teve bom senso suficiente para silenciá-los ao pôr no pulso, imediatamente, o bracelete e um pouco de perfume. Colocando o pulso à altura das narinas das crianças, para que cheirassem, ela perguntou: “Não é delicioso esse perfume?” As crianças, seguindo a pista deixada pela mestra, imediatamente concordaram com “uuu!” e “ôôô!”

 Terminadas as aulas, após as crianças terem ido embora, Teddy ainda ficou para trás na classe. Muito lentamente, ele se aproximou da professora para dizer-lhe:

 - Miss Thompson... Miss Thompson, a senhora tem o mesmo cheiro de minha mãe... e o bracelete dela ficou bonito na senhora, também. Fiquei contente porque a senhora gostou dos meus presentes.

 Depois que Teddy saiu, Miss Thompson caiu de joelhos e pediu perdão a Deus.

 No dia seguinte, quando as crianças voltaram à escola, foram recepcionadas por uma nova professora. Miss Thompson se tornara uma pessoa diferente. Já não era mais mera professora: tornara-se uma agente de Deus. Assumira, agora, o compromisso de amar seus alunos, e fazer por eles coisas que permanecessem, que a sobrevivessem quando ela já não estivesse mais ao seu lado. Passou a ajudar a todas as crianças, especialmente a Teddy Stallard. No final daquele ano escolar, Teddy já mostrava uma melhora dramática. Alcançara a maior parte dos alunos e chegou a ficar à frente de alguns deles.

 Miss Thompson não recebeu notícias de Teddy durante longo tempo. Então, uma dia, entregaram-lhe uma carta:

 Querida Miss Thompson:

 Eu quis que a senhora fosse a primeira a saber. Estou-me formando em segundo lugar, em minha classe.

 Com muito amor,

 Teddy Stallard.

 Quatro anos mais tarde, ela recebeu nova carta:

 Querida Miss Thompson:

 Disseram-me há pouco que me formarei em primeiro lugar na minha classe. Quis que a senhora fosse a primeira a saber. A universidade não tem sido fácil, mas eu gosto.

 Com muito amor,

 Teddy Stallard.

 Mais quatro anos depois:

 Querida Miss Thompson:

 A partir de hoje, sou Theodore Stallard, doutor em medicina. Que tal? Eu quis que a senhora fosse a primeira a saber. Vou casar-me no mês que vem, para ser exato, no dia 27. Quero que a senhora venha e se sente onde minha mãe se sentaria se ela fosse viva. A senhora é a única pessoa da família que tenho, agora. Meu pai morreu no ano passado.

 Com muito amor,

 Teddy Stallard.

 A senhorita Thompson foi àquele casamento e sentou-se no lugar onde a mãe de Teddy teria sentado. Ela merecia estar ali. Havia feito pelo Teddy algo de que ele jamais se esqueceria.

 Que é que você poderia dar para alguém como presente? Em vez de simplesmente dar uma coisa, dê algo que sobreviva a você mesmo. Seja generoso. Dê-se a si mesmo a algum Teddy Stallard, a “um destes pequeninos” a quem você pode ajudar a tornar-se um dos grandes.

 Dê uma hora de seu tempo a alguém que precisa de você. Envie uma nota de encorajamento a alguém que está desanimado. Dê um abraço de reconhecimento a alguém de sua família. Faça uma visita de misericórdia a alguém que está prostrado numa cama. Faça uma refeição para uma pessoa doente. Diga uma palavra de compaixão a uma pessoa obscura e esquecida. Ensinou-nos Jesus: “... quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.40). 

 Extraído de “A Busca do Caráter”, de Charles Swindoll. Editora Vida, pp.147-150.

 

por Charles Swindoll
 
Seja abençoado em nome de Jesus
Abraço
Roberto

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