quarta-feira, 15 de junho de 2011

OS RISCOS BIOLÓGICOS BÍBLICOS DO ACONSELHAMENTO CENTRALIZADO NO PROBLEMA

Os Riscos Biológicos e Bíblicos do Aconselhamento Centralizado no Problema

Em nosso livro Christ-Centered Ministry Versus Problem-Centered Counseling [não disponível em português – NR], revelamos as origens do aconselhamento centrado no problema e afirmamos que essa abordagem foi uma das coisas que o movimento de aconselhamento psicológico herdou de seus precursores mesmerianos e freudianos. Nesse livro e em textos anteriores, mostramos os paralelos entre o movimento do aconselhamento psicológico e o movimento do aconselhamento bíblico, particularmente na tendência que os dois têm de adotar a abordagem centrada no problema.

A Associação Americana de Conselheiros Cristãos (AACC) está oferecendo novamente um curso intitulado “Cuidando de Pessoas à Maneira de Deus II”. A Associação afirma que “mais de 50.000 pessoas e igrejas se inscreveram no primeiro curso”. A primeira pergunta que eles fazem para convencer as pessoas a pagarem a taxa de inscrição de 400 dólares é: “Sua família e seus amigos costumam pedir sua ajuda para resolverem seus problemas?” (negrito acrescentado) Esse é exatamente um dos muitos exemplos de como o aconselhamento centrado no problema tornou-se a quintessência dos que se auto-intitulam conselheiros cristãos.

Resolver problemas não deveria ser o objetivo central do ministério pessoal do Corpo de Cristo. Os problemas deveriam ser vistos como oportunidades para se aproximar do Senhor e crescer espiritualmente. Não estamos dizendo: “Não fale sobre problemas!” Não se trata de escolher uma coisa ou outra; é uma questão de qual é a ênfase e de como os problemas são tratados e usados para motivar um crente a buscar o Senhor, acompanhá-lo e dar mais um passo no processo de sua transformação na semelhança de Cristo. 

O conselho que damos aos crentes é que diminuam e generalizem as conversas sobre seus problemas e se concentrem em usá-los como um lembrete de que precisam se aproximar de Deus. A preocupação com os problemas e a busca de soluções através do aconselhamento são fatores que freqüentemente inibem o crescimento espiritual. Em resumo: Cristo deve ser o centro de todo ministério cristocêntrico; mas, no aconselhamento centrado no problema, são os problemas que costumam ocupar a posição central.

Em certas situações, existem razões biológicas e bíblicas para não se usar o aconselhamento centrado no problema.

Razões Biológicas

O aconselhamento centrado no problema pode ser particularmente perigoso quando existem desordens físicas desconhecidas. Ao longo de toda a história da psiquiatria e da psicoterapia, houve enfermidades físicas não-detectadas que foram tratadas como distúrbios mentais, e isso ainda acontece. Dois exemplos são a paresia geral, resultante da invasão do cérebro pela espiroqueta da sífilis, e a psicose pelagrosa, causada por uma carência alimentar de ácido nicotínico. Várias pessoas que sofriam de uma dessas doenças foram diagnosticadas como esquizofrênicas e tratadas de acordo. O caso abaixo é apenas um dos muitos exemplos desse tipo de erro de diagnóstico.

Uma mulher de vinte e dois anos apresentava certos sintomas semelhantes aos da esquizofrenia. Em vez de indicar um exame físico minucioso, o psiquiatra a quem ela foi encaminhada diagnosticou seu problema como esquizofrenia e prescreveu o tratamento indicado para o caso. Porém, mais tarde, descobriu-se que a depressão e as alucinações que ela relatava eram causadas por uma psicose pelagrosa, provocada por uma dieta tão rigorosa que a fazia praticamente passar fome.
Ainda hoje, muitas pessoas que na verdade estão sofrendo de problemas físicos são encaminhadas erradamente para a psicoterapia.

Tratar uma pessoa dessas com psicoterapia ou medicação psicotrópica, em vez de tratar do problema físico, não só impede a possível cura como ainda acrescenta mais sofrimento à agonia da própria doença. Dá para imaginar quantas pessoas sofriam desses distúrbios físicos e foram tratadas com técnicas psicológicas por um psiquiatra ou psicoterapeuta por ignorância da verdadeira causa do problema? Até a doença de Parkinson já foi considerada um distúrbio mental e tratada com psicoterapia.

Isso nos leva à questão dos erros de diagnóstico e da tendência de encaminhar as pessoas para a psicoterapia. Ainda hoje, muitas pessoas que na verdade estão sofrendo de problemas físicos são encaminhadas erradamente para a psicoterapia. O neuropsiquiatra Sydney Walker III diz:

Todo ano, centenas de milhares de americanos que na verdade estão sofrendo de problemas médicos comuns como hipertireoidismo, doença de Lyme e até desnutrição são diagnosticados erradamente como portadores de distúrbios psiquiátricos. Pesquisas mostram que a proporção de erros de diagnóstico é superior a 4 em cada 10.

Existe uma grande quantidade de problemas físicos que apresentam sintomas mentais e emocionais – sintomas comportamentais. Alguns desses distúrbios biológicos estão em seus estágios embrionários – ainda não são detectáveis. Esses sintomas podem provocar desconforto no próprio indivíduo e gerar problemas de relacionamento. 

Muitas vezes, quando nenhuma doença é identificada, os conselheiros que adotam uma abordagem centrada no problema tratam desses distúrbios como se fossem problemas psicológicos ou espirituais. Entretanto, um ministro cristocêntrico conseguirá ajudar as pessoas, qualquer que seja a origem do problema, desviando o foco dos problemas o mais depressa possível e passando para uma abordagem centrada em Cristo, e usando os problemas como um catalisador para que a pessoa tenha um relacionamento mais íntimo com Cristo. Nós somos seres biológicos e espirituais ao mesmo tempo. Portanto, quando for o caso, o conselheiro deve sugerir que a pessoa que está procurando ajuda consulte um médico para fazer um exame de saúde.

Razões Bíblicas

Existem razões doutrinárias para que uma pessoa que procura ajuda ministerial não discuta certos problemas de sua vida com outros e para que os que a ajudam não incentivem essa prática nem participem desse tipo de conversa. Discutiremos apenas quatro das muitas doutrinas bíblicas violadas pelas abordagens de aconselhamento psicológico ou bíblico centradas nos problemas.

Violação da unidade da carne no casamento

O casamento proporciona muitas oportunidades de crescimento espiritual. Porém, em vez de usarem essas oportunidades de uma forma construtiva, os cônjuges geralmente se concentram nos problemas, jogam a culpa um no outro, e querem que a outra pessoa ou as circunstâncias mudem. Em vez de buscar ao Senhor e pedir que Ele opere em sua vida, essas pessoas procuram aconselhamento, contam seus problemas e esperam que o conselheiro faça alguma coisa (mude as circunstâncias ou o outro cônjuge). 

Muitas vezes, as pessoas querem que o conselheiro faça com que o outro cônjuge entenda seu ponto de vista. Se o aconselhamento não resolve os problemas, as pessoas sentem que já fizeram tudo que podiam, acham que não existe a menor chance de que as coisas mudem, e partem para a separação e o divórcio – tudo isso às custas do bem-estar de seus filhos.

O aconselhamento conjugal assumiu grandes proporções no mundo e na igreja. Mas, à medida que o número de pessoas que procuram aconselhamento conjugal foi crescendo, a taxa de divórcios aumentou. E isso inclui os cristãos professos, que estão se divorciando aproximadamente na mesma proporção que os não-cristãos.

Mas o que a Bíblia diz?

“Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef 5.21).
“As mulheres sejam sujeitas a seus maridos, como ao Senhor” (Ef 5.22).
“Maridos, amai a vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja e por ela se entregou a si mesmo” (Ef 5.25).
Em vez de buscar ao Senhor e pedir que Ele opere em sua vida, muitos casais procuram aconselhamento, contam seus problemas e esperam que o conselheiro faça alguma coisa (mude as circunstâncias ou o outro cônjuge).

Baseados nesses versículos, concluímos que as seguintes atividades de aconselhamento centrado no problema são antibíblicas:
1. Não é bíblico discutir problemas conjugais com outras pessoas ou queixar-se do cônjuge na presença de outros.

Se um marido ama sua esposa como Cristo ama a igreja, não vai expor suas fraquezas e falhas diante dos outros (inclusive dos filhos). Se a esposa honra seu marido, sujeitando-se a ele (como a igreja a Cristo) e amando-o (Tito 2.3-4), não vai expor suas fraquezas e fracassos diante dos outros (inclusive dos filhos). É claro que existem exceções necessárias, como no caso de maus tratos ou abusos sexuais na família, ou de pecados como a pornografia, uso de drogas ilícitas ou embriaguez, que devem ser levados ao conhecimento da liderança da igreja, e, nos casos em que houver violação da lei civil, devem também ser denunciados às autoridades civis.

2. Não é bíblico discutir problemas conjugais com outras pessoas ou queixar-se do cônjuge na sua ausência.

Provérbios 18.17 diz: “O que começa o pleito parece justo, até que vem o outro e o examina”. Muitas vezes, um dos cônjuges tenta fazer com que um conselheiro ou amigo concorde com seu ponto de vista, falando do outro cônjuge na sua ausência. O que apresenta a situação primeiro pode conseguir o apoio do conselheiro ou amigo, mas a verdade às vezes vem à tona mais tarde. Além disso, essa forma de maledicência provoca ainda mais atrito no casamento e acaba sendo o tipo de fofoca que separa as pessoas. Provérbios 17.9 adverte: “O que encobre a transgressão adquire amor, mas o que traz o assunto à baila separa os maiores amigos”.

3. Não é bíblico discutir problemas conjugais com outras pessoas para fazer com que o outro cônjuge mude.

Se duas pessoas estão em conflito e uma delas acha que a culpa é da outra, elas estão desperdiçando uma ótima chance tentando mudar a outra pessoa ou simplesmente esperando que ela mude. Esse conflito pode ser uma excelente oportunidade de crescimento espiritual. Se nos concentramos demais no outro e naquilo que precisa mudar na vida dele, podemos acabar não enxergando mais nada e desperdiçando uma boa oportunidade. 

Toda dificuldade que enfrentamos na vida é uma chance que temos de crescer espiritualmente (Romanos 5.1-5; Romanos 8.28-29). Muitas vezes os crentes oram para que Deus mude a outra pessoa, quando eles mesmos precisam se aproximar do Senhor, conhecê-lO melhor e amá-lO mais completamente. Todo crente tem inúmeras oportunidades de se concentrar em seu próprio relacionamento com Cristo, de esperar que Ele opere em sua vida para que haja crescimento espiritual, e de confessar seus próprios pecados, em vez de se preocupar com as falhas e fraquezas dos outros. Quando concentramos nossa atenção nas mudanças que precisam ocorrer na vida de outras pessoas, isso interrompe nossa própria transformação e crescimento espiritual (veja Gênesis 3.12-13).

Desonrando pai e mãe

Quando o aconselhamento centrado no problema procura encontrar a causa dos problemas no modo como a pessoa foi criada, isso geralmente leva o indivíduo a violar o mandamento: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Êxodo 20.12). Mesmo que uma pessoa esteja com problemas, o quinto mandamento tem que ser obedecido. Esse mandamento exige exatamente o que diz – honrar pai e mãe. Para isso, é necessário não desonrar pai e mãe diante de terceiros, principalmente se eles não estão presentes para se defender (Provérbios 18.17).

Os conselheiros que usam abordagens centradas no problema permitem muitas vezes que seus aconselhados desonrem pai e mãe. Freqüentemente, eles até incentivam e participam do processo. Os que seguem a fórmula freudiana desonram seus pais e mães jogando sobre eles a culpa de seus problemas, principalmente sobre as mães. Isso contraria a Bíblia.

Ministros que centram seu aconselhamento em Cristo não precisam falar sobre a mãe e o pai da pessoa que procura ajuda. Eles devem desestimular essa prática de atribuir a culpa aos pais e mudar o foco para a busca de um crescimento espiritual que leve o indivíduo a tornar-se semelhante a Cristo. Afinal de contas, todo crente verdadeiro é nascido de novo e tem um novo Pai, uma nova família e um Espírito Santo que habita dentro dele.

Pondo a culpa no passado

“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13, 14).

O apóstolo tinha boas razões para, sob a unção do Espírito Santo, colocar-se como um exemplo a ser seguido. Muitos conselheiros que usam a abordagem centrada no problema enfatizam o passado e se concentram nele, embora isso não seja bíblico. Ficar preso ao passado pode ser um grande empecilho para prosseguir “para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.

Além disso, concentrar-se no passado maximiza o que foi feito ao velho homem da carne, que deve ser mortificado, e não “curado” ou consertado. Quando reviramos o passado para tentar encontrar explicações para os problemas do presente, jogamos a culpa em outras pessoas e circunstâncias, e não nas responsabilidades e possibilidades do próprio indivíduo. 

Além disso, por causa da própria natureza da memória, não se consegue lembrar do passado sem aumentar, enfeitar, omitir ou criar detalhes para preencher as lacunas. Portanto, esse método de ajuda é falho, pois o cérebro tem uma capacidade de memorização limitada e tende a distorcer os fatos.
Muitos conselheiros que usam a abordagem centrada no problema enfatizam o passado e se concentram nele, embora isso não seja bíblico.

Cristo cuidou do passado de cada crente na cruz, ao morrer pelos nossos pecados. Quando os crentes se identificam com a morte e a ressurreição de Cristo, eles são libertos do passado da carne, e também de seu poder. Eles adquirem uma nova vida em Cristo e devem viver de acordo com ela. Toda tentativa de curar as feridas do passado é inútil, porque não se deve tentar curar o que deveria estar morto e enterrado. Isso fortalece a carne e leva a um modo de viver carnal, e não a um andar segundo o Espírito. Ministros cristocêntricos estimulam e ajudam a pessoa a deixar seu passado aos pés da cruz e prosseguir “para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.

Concentrando a atenção no ego e fortalecendo a carne

“No sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.22-24).

“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24; veja também Marcos 8.34 e Lucas 9.23).
“Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20).

Como já dissemos anteriormente, o cliente (i.e., o ego) chega com um problema, e o aconselhamento é direcionado para o ego e seu problema. Desse modo, o aconselhamento centrado no problema é, na verdade, centrado no ego. Os dois estão intrinsecamente ligados. Seria melhor chamar essa atividade antibíblica de “aconselhamento centrado no problema/ego”.

Concentrando-se nos problemas

Mesmo que a causa de um problema pudesse ser corretamente identificada, será que isso traria solução para o problema, ou serviria apenas como justificativa ou desculpa?

Quando uma pessoa vai pedir conselhos a alguém, geralmente é porque existe um problema. Assim, este se torna o ponto central do conselho. A abordagem de aconselhamento centrada no problema gasta muito tempo discutindo os problemas (em geral de forma bastante detalhada) para descobrir sua causa.

Entretanto, esse longo processo acaba se transformando num exercício de suposição. Os psicólogos podem tentar encontrar a causa dos problemas no inconsciente e no passado (pais e circunstâncias) ou nas situações que a pessoa está vivendo atualmente e em sua forma errada de pensar. Os conselheiros bíblicos podem tentar encontrar a causa nos ídolos do coração (Jeremias 17.9-10) e/ou identificar pecados relacionados com versículos bíblicos, como a embriaguez (1 Coríntios 6.9-11), por exemplo. 

Porém, isso nos lembra os três amigos de Jó, que embora apresentassem explicações para seus problemas como se tivessem conhecimento de causa, estavam apenas fazendo conjecturas baseadas em seu próprio conhecimento e entendimento limitado. Eles acabaram acusando Jó injustamente e apresentando uma imagem falsa de Deus. Só Deus conhece o coração e o que precisa ser mudado. Nós só vemos o pecado exterior, e podemos ter que confrontá-lo se necessário.

Entretanto, grande parte do aconselhamento centrado no problema baseia-se em suposições acerca do indivíduo. Mas, mesmo que a causa pudesse ser corretamente identificada, será que isso traria solução para o problema, ou serviria apenas como justificativa ou desculpa?

Um exemplo

De acordo com o Psychotherapy Networker, um periódico voltado para profissionais de saúde mental, “80% dos terapeutas particulares fazem terapia de casais” (Vol. 26, No. 6, p. 28). Imagine a seguinte situação:

Um casal está com um problema e procura o terapeuta para se aconselhar. Para que o aconselhamento seja feito, eles precisam dizer qual é o problema. Ele fala, ela fala, e geralmente o terapeuta faz perguntas que esclarecem ainda mais os detalhes do problema. Os dois cônjuges geralmente irritam um ao outro ou discordam do ponto de vista que cada um tem sobre a questão. 

O terapeuta foi treinado para não tomar partido, mas apenas moderar as interações enquanto os problemas são expostos, tipicamente sem emitir julgamento, embora isso esteja mudando, e hoje em dia já existam conselheiros que tomam partido de um ou outro lado. Quando a terapeuta já ouviu o suficiente, são feitas sugestões e recomendações e, confiantes, os dois cônjuges se comprometem a se esforçar para melhorar a situação. Uma nova consulta é marcada para que o casal diga se houve progressos ou não.

Quer se trate de um casal ou de apenas um indivíduo, o cenário não muda muito. Qualquer que seja o problema, ele é o ponto central de toda a conversa. Como a tarefa do conselheiro é resolver problemas, ele precisa conhecer os detalhes. O conselheiro que adota uma abordagem centrada no problema precisa ouvir toda a explicação da situação, tentar entender o problema baseado numa teoria ou suposição qualquer, e oferecer algum tipo de solução.

No caminho até chegar às sugestões e tarefas para casa, se existirem, com certeza os princípios bíblicos descritos neste artigo serão violados: a unidade da carne no casamento, honrar pai e mãe, jogar a culpa no passado, colocar o eu em primeiro lugar e fortalecer a carne.

Olhando para Jesus

No ministério cristocêntrico, não é preciso conhecer os problemas específicos nem saber os detalhes. Também não há necessidade de tentar descobrir a causa dos problemas. Em vez disso, tanto a pessoa que procura ajuda quanto a que presta auxílio devem agir de modo bíblico e espiritual diante da vida. Andar segundo o Espírito é viver conforme o exemplo de vida de Cristo e, portanto, andar em amor.
À medida que o fruto do Espírito se desenvolve em nossa vida, vamos aprendendo a amar como Ele ama, a descansar na Sua paz que excede todo entendimento, e até a sentir Sua alegria.

O amor é sempre o ponto central na vida cristã. O amor deve ser alimentado e incentivado. Deve haver um fluxo constante de amor, que inclui misericórdia e sinceridade. O amor também envolve obediência ao Senhor. Portanto, se existe algum pecado conhecido, o fluxo de amor diminui.

O foco do ministério não deve estar nos problemas. Colocar o foco nos problemas e trazer à tona as coisas desagradáveis que aconteceram com a pessoa é algo que costuma aumentar a intensidade dos problemas. Portanto, deve-se desestimular essa exposição dos detalhes e incentivar a pessoa a buscar ao Senhor e à Sua Palavra.

O quê? Mas como os problemas podem ser resolvidos se não forem descritos nos mínimos detalhes? Em primeiro lugar, Deus já conhece o problema. Ele sabe o que precisa ser mudado em cada uma das pessoas envolvidas. Alguém de fora vai ter apenas uma visão parcial, na melhor das hipóteses.

No ministério cristocêntrico, a ênfase está em Cristo – e Cristo crucificado – e em tudo que isso envolve. Como declarou Paulo: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Coríntios 3.18). 

À medida que conhecemos Cristo melhor e nos concentramos nEle – em Seu amor, Seu sacrifício, Sua perseverança e paciência, Sua longanimidade, Sua paz, Sua alegria – vamos ficando cada vez mais semelhantes a Ele. Então, à medida que o fruto do Espírito se desenvolve em nossa vida, vamos aprendendo a amar como Ele ama, a descansar na Sua paz que excede todo entendimento, e até a sentir Sua alegria – um tipo de alegria que Lhe permitiu suportar o suplício da cruz.

Na abordagem cristocêntrica, tanto a pessoa que procura ajuda quanto o conselheiro estudam e aplicam a Palavra de Deus. Eles dedicam tempo à Palavra de Deus para que o Espírito Santo tenha oportunidade de trabalhar em ambos.

“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hebreus 4.12-13).

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Timóteo 3.16-17).

O conselheiro que adota uma abordagem centrada em Cristo entra nesse relacionamento sabendo que deve incentivar e orientar o aconselhado a conhecer melhor o amor de Cristo e a ser transformado na imagem dEle. O aconselhado pode aprender e usar sugestões dadas pelo conselheiro, porém é ele que tem a responsabilidade final de discernir a vontade do Senhor e de fazer o que Ele exige, colocando-se diante do Senhor em oração e pedindo ajuda ao único verdadeiro Conselheiro.
Na abordagem cristocêntrica, tanto a pessoa que procura ajuda quanto o conselheiro estudam e aplicam a Palavra de Deus.

“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo. Porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana. Mas prove cada um o seu labor e, então, terá motivo de gloriar-se unicamente em si e não em outro. Porque cada um levará o seu próprio fardo” (Gálatas 6.1-5).

Conclusão

Um conselheiro cristocêntrico ajuda a pessoa a tirar o foco dos problemas e colocá-lo em Cristo, o mais depressa possível. O conselheiro não precisa conhecer o problema, e muito menos saber de detalhes. Se o cliente não puder falar dos defeitos de seu cônjuge, de seu pai ou de sua mãe, se não puder passar horas falando do passado, se não puder fugir da autonegação, um psicólogo ou conselheiro cristão que adote a abordagem centrada no problema provavelmente não saberá o que fazer e provavelmente ficará perplexo. Mas qualquer conselheiro cristão estaria agindo de maneira antibíblica se encorajasse ou provocasse esse tipo de conversa.

Por outro lado, há muito para se dizer e fazer no ministério cristocêntrico, pois ele ensina e proclama Cristo crucificado e tudo o que a Palavra diz sobre Ele. Entretanto, como tudo converge para Cristo e para o relacionamento do crente com Ele, o conselheiro precisa dizer como João Batista: “Convém que ele cresça e que eu diminua” (João 3.30). O trabalho é permanente, mas o papel do conselheiro vai se tornando cada vez mais secundário.

O ministério cristocêntrico incentiva a autonegação, o viver para Cristo e o crescer em Cristo. Ninguém pode fazer tanto para mudar a vida de um indivíduo quanto ele mesmo e o Senhor trabalhando juntos. Como recomendou Paulo aos crentes:

“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra da vida” (Filipenses 2.12-16a).

Não há nada no mundo que se compare nem de longe com o que todo crente verdadeiro tem à sua disposição para ajudá-lo a viver a vida em sua plenitude, crescer até a estatura de Cristo e transmitir vida a outras pessoas. Que cada um de nós tenha a coragem para ministrar o amor de Deus em misericórdia e verdade, evitando os perigos do aconselhamento centrado no problema. 

(Martin e Deidre Bobgan - PsychoHeresy Awareness Letter - http://www.chamada.com.br)
Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, julho de 2008.

Um comentário:

  1. Muito bom, esse texto acrescentou muito a minha forma de pensar, ja pensava nesse assunto mas esse artigo veio em hora exata, muito bom mesmo...
    Que Deus te abençoe grandemente!!!

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