Em anos recentes tem havido um aumento significativo no número de não-palestinos que se dizem ativistas “pró-palestinos”. Essas pessoas se encontram com mais freqüência em campi universitários na América do Norte e na Europa.
O que é surpreendente é que muitos desses ativistas “pró-palestinos” nunca sequer estiveram no Oriente Médio, e muito menos na Faixa de Gaza ou na Margem Ocidental. Na maioria dos casos, não são nem árabes nem muçulmanos.
O que faz com que sejam “pró-palestinos”?
Segundo a visão dessas pessoas, posicionar-se contra Israel em um campus universitário ou publicar materiais “anti-sionistas” na internet é suficiente para lhes conferir o título de “pró-palestinos”. Mas o que essas pessoas não perceberam é que suas ações e palavras geralmente pouco contribuem para ajudar os interesses dos palestinos. Em alguns casos, essas ações e palavras são até contraproducentes.
É difícil ver como a organização de eventos como a “Semana do Apartheid de Israel” em um campus universitário poderia ajudar a causa dos palestinos. Será que já não existe suficiente incitação anti-Israel sendo vomitada pela mídia árabe?
Se há os que têm o direito de ser chamados “pró-palestinos”, são aqueles que estão fazendo campanhas públicas contra a corrupção financeira e o abuso dos direitos humanos cometidos pelo Fatah e pelo Hamas. Aquelas pessoas que estão tentando mudar o sistema de dentro para fora realmente pertencem ao grupo “pró-palestino”.
Tais são as pessoas corajosas que estão se levantando tanto contra o Fatah quanto contra o Hamas e apelando a eles que parem de matar uns aos outros e comecem a fazer algo que possibilite a melhoria das condições de vida de seus representados.
Em vez de investirem dinheiro e esforços na organização da “Semana do Apartheid de Israel”, por exemplo, os que se denominam “pró-palestinos” poderiam enviar uma delegação de professores às aldeias palestinas e aos campos de refugiados para ensinarem inglês aos jovens palestinos. Ou poderiam enviar outra delegação à Faixa de Gaza para monitorar as violações aos direitos humanos que são cometidas pelas autoridades do Hamas, e para ajudar as mulheres palestinas a confrontar os fundamentalistas muçulmanos que estão tentando limitar o papel delas a cozinhar, criar os filhos e satisfazer as necessidades de seus maridos.
Eis aqui uma idéia: vamos substituir a “Semana do Apartheid de Israel” pela “Semana da Democracia Palestina”, na qual os palestinos seriam instados e estimulados a exigir um fim à corrupção financeira e ao mau governo [dos seus líderes].
Os ativistas “pró-palestinos” no Ocidente claramente não se importam com nenhuma reforma ou com um bom governo nos territórios palestinos. Para esses ativistas, deslegitimar Israel e provocar incitação contra os “sionistas” são ações muito mais importantes do que lutar por um fim à corrupção e à violência na sociedade palestina.
Propagar ao mundo quão ruim e perverso são Israel e os judeus não ajuda os palestinos tanto quanto ajudaria se exigissem um bom governo e se estimulassem o aparecimento de uma liderança jovem e “honesta” nos territórios palestinos.
Os ativistas “pró-palestinos” no Ocidente claramente não se importam com nenhuma reforma ou com um bom governo nos territórios palestinos. Para esses ativistas, deslegitimar Israel e provocar incitação contra os “sionistas” são ações muito mais importantes do que lutar por um fim à corrupção e à violência na sociedade palestina.
Se o grupo “pró-palestino” no Ocidente estivesse investindo uma quantidade semelhante de seus esforços anti-Israel na promoção da sociedade civil dentre os palestinos, estaria prestando a estes um grande serviço.
Gritar slogans anti-Israel ou organizar uma “Semana do Apartheid de Israel” nos Estados Unidos e no Canadá não faz necessariamente com que uma pessoa se torne “pró-palestina”.
Mas promover um bom governo e reformas nos territórios palestinos, sim, isso faz com que uma pessoa se torne “pró-palestina”.
Ser anti-Israel não faz necessariamente que uma pessoa se torne “pró-palestina”. Por outro lado, promover a coexistência, a paz e o bom governo, sim, isso seria muito mais benéfico aos palestinos.
Os palestinos não precisam que estudantes e professores nos campi universitários lhes digam que Israel é mau. Eles já têm suficiente incitação quanto a isso por parte do Hamas, do Fatah, da mídia e dos líderes árabes.
Está na hora do grupo “pró-palestino” no Ocidente reconsiderar suas políticas e suas táticas. Está na hora desse grupo ouvir as vozes autênticas dos palestinos – aqueles que estão gritando dia e noite que os palestinos querem bons líderes e um fim a esse estado de ilegalidade, anarquia e corrupção financeira.
(Khaled Abu Toameh – www.hudson-ny.org - http://www.beth-shalom.com.br)
Khaled Abu Toameh, um muçulmano árabe, é jornalista veterano, vencedor de prêmios, que vem dando cobertura jornalística aos problemas palestinos por aproximadamente três décadas.Publicado anteriormente na revista Notícias de Israel, outubro de 2010.
Ele estudou na Universidade Hebraica e começou sua carreira como repórter trabalhando para um jornal afiliado à Organização Para a Libertação da Palestina (OLP), em Jerusalém.
Abu Toameh trabalha atualmente para a mídia internacional, servindo como “”olhos e ouvidos” de jornalistas estrangeiros na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza.
Os artigos de Abu Toameh têm aparecido em inúmeros jornais em todo o mundo, inclusive no Wall Street Journal, no US News & World Report e no Sunday Times de Londres.
Desde 2002, ele tem escrito sobre os problemas palestinos para o jornal Jerusalem Post.
Abu Toameh também trabalha como produtor e consultor da NBC News desde 1989.
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