“E Ele lhes respondeu: Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos” (Mateus 24.4-5).
Quem é Jesus? Desde que o homem Jesus pisou no solo do planeta Terra, essa pergunta não quer calar.
Certa ocasião Jesus estava em um barco atravessando o Mar da Galiléia, quando sobreveio um temporal. Os discípulos, preocupados, O acordaram e Ele acalmou a tempestade. As pessoas no barco, admiradas com o que viram, questionavam: “Quem é este?” (Marcos 4.41).
Em outro episódio, Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém sobre um jumentinho e as multidões cantavam: “Hosana ao Filho de Davi!”. A cidade se alvoroçou e pessoas perguntavam: “Quem é este?” (Mateus 21.10).
Quem é Jesus? Compêndios foram escritos sobre a pessoa de Jesus Cristo, milhões de textos tentam responder essa pergunta. Existem “Jesus” para todos os gostos: o “Jesus” dos eruditos e das massas, dos ortodoxos e dos liberais, do rock'n roll e até da cultura kitsch. O cinema já retratou Jesus Cristo de forma infame e pecadora em Jesus Cristo Superstar (1973) e A Última Tentação de Cristo (1988).
No entanto, desde a década passada muitos diretores não estão muito interessados em continuar respondendo essa questão. O que eles querem é exibir nas telas personagens que são verdadeiros substitutos de Jesus Cristo.
Analisemos apenas três desses filmes:
Ah! Deliciosos Substitutos de Jesus Cristo...
Pokémon é um pseudo-cristianismo ou um cristianismo às avessas. Um “avatar-criança” morrendo e ressuscitando para reconciliar humanos e pokémons. |
A) A Série Pokémon
O herói desse desenho animado é o adolescente treinador de Pokémon chamado Ash Ketchum. Jovem esperto e destemido, que não teme arriscar constantemente sua própria vida pelo bem dos pokémons e da humanidade.
O objetivo de vida de Ash é tornar-se um mestre de Pokémon (o mais elevado nível de iniciação). Não é necessário descrever que em muitas seitas e movimentos paraeclesiásticos o adepto tem de passar por vários níveis de iniciação antes de tornar-se um mestre.
No final de Pokémon: O Filme, Ash tenta reconciliar os pokémons que estão brigando entre si, sendo fatalmente vitimado no meio da batalha entre o Pokémon do bem (Mew) e o Pokémon do mal (Mewtwo).
Ao contemplar o corpo de Ash estendido no centro do estádio, os pokémons começam a chorar. Suas lágrimas se agrupam como fachos de energia psíquica direcionada para Ash, até que o mesmo volta a viver – ressuscita! As lágrimas energizadas com o amor dos pokémons ressuscitam o morto.
Na seqüência vem uma frase marcante proferida pelo mau Mewtwo: “O humano se sacrificou para salvar o Pokémon!”
Como cristãos, sabemos que Deus se sacrificou para salvar o humano. Pokémon é um pseudo-cristianismo ou um cristianismo às avessas. Um “avatar-criança” morrendo e ressuscitando para reconciliar humanos e pokémons.
Na imaginação das crianças, Ash substitui Jesus de Nazaré. É muito pra mim! Mas, ainda não é tudo.
Na película cinematográfica Pokémons: O Filme 2000, encontramos as forças da natureza representadas por três místicos pokémons, a saber: Articulo (responsável pelo gelo), Zapdos (responsável pela eletricidade) e Moltres (responsável pelo fogo). Estas três forças estão em desarmonia e a vida do planeta Terra está por um triz.
Ash é levado a um templo místico (muito parecido com o Stonehenge britânico onde os druidas realizavam suas cerimônias místicas durante o solstício de verão) e lá, conhece um místico que o conscientiza de que ele é o “escolhido” para salvar o planeta – só Ash pode reverter o quadro caótico e harmonizar a Terra. No final do filme, Ash consegue o seu objetivo, sendo declarado “o salvador do mundo”.
Ash, o “escolhido” e “o salvador”! Mais uma vez, nas mentes frágeis das crianças, Ash toma o lugar de Jesus Cristo. Pra mim, chega!
Existe uma trindade benigna no filme, composta por Trinity (“Trindade”, em inglês), Morfeu (“deus dos sonhos” na mitologia grega) e Neo (do grego “novo”). |
B) A Trilogia Matrix
No artigo “Matrix e Sua Filosofia Pós-Moderna”, mencionei: Matrix também tem uma forte analogia com o cristianismo. Existe uma trindade benigna no filme, composta por Trinity (“Trindade”, em inglês), Morfeu (“deus dos sonhos” na mitologia grega) e Neo (do grego “novo”).
No filme, Morfeu faz o papel de João Batista, ao preparar o caminho para o “escolhido”, e o de Deus Pai, ao assumir a figura paterna de todos que já foram libertos da ilusão). Neo é o “escolhido” e um substituto para Jesus Cristo.
Na primeira aparição de Neo ficamos logo sabendo qual será a sua função na trilogia. Choi, um cliente de Neo, chega ao quarto de Neo com alguns amigos para pagar e receber uma encomenda. Choi agradece a Neo de uma maneira que passa a ser quase uma profecia sobre o futuro de Neo: “Aleluia. Você é meu Salvador, cara. O meu Jesus Cristo pessoal”.
No primeiro filme da série há mais de dez referências a Neo como o “eleito” ou o “escolhido”. No primeiro episódio, Neo morreu, ressuscitou e ascendeu aos céus (isso faz você se lembrar de quem?).
Em Matrix Reloaded, o segundo episódio da série, há uma cena rápida de mais ou menos vinte segundos, quando Neo sai de um elevador na “Cidade de Zion” (“Sião”, em inglês) e é abordado por muitas pessoas de várias faixas etárias, muitas com trajes orientais e trazendo oferendas nas mãos. Trinity diz para Neo: “Eles precisam de você”. Duas mães se aproximam de Neo fazendo alguns pedidos especiais sobre seus filhos. Neo é querido, respeitável e um solucionador de problemas.
Neo move-se com uma rapidez incrível (mais rápido do que o Super-Homem ou do que qualquer projétil de arma de fogo), salva pessoas prestes a serem mortas, tem uma força incomum, tem capacidade para mover objetos sem tocá-los e, a exemplo de Jesus Cristo, também ressuscitou uma pessoa querida. Pronto: “Neo é o nosso melhor amigo e o nosso salvador”, é uma das mensagens sutis que a trilogia passa nas suas entrelinhas.
Ao término de Matrix Revolutions, o último episódio da série, Neo salva o planeta Terra de ser destruído, sacrificando a sua própria vida. Neo morre deitado com os braços abertos como se estivesse sendo crucificado e ouve-se uma voz vinda de uma máquina: “It's done” (“acabou”, ou imitando melhor as últimas palavras de Jesus Cristo na cruz, a tradução seria “está consumado”).
Para maiores informações sobre essa trilogia, consulte também o artigo “Matrix: A Realidade é Real?”.
A exemplo de Jesus Cristo, Coffey foi condenado à morte por um crime que não cometeu: o assassinato de duas pequenas meninas na década de 1930. |
C) À Espera de Um Milagre
Essa história passa-se em uma ala de celas na Penitenciária Cold Mountain onde encontram-se os criminosos sentenciados à pena de morte na cadeira elétrica.
Lá está um gentil e gigante prisioneiro com poderes sobrenaturais chamado John Coffey (as mesmas iniciais de Jesus Cristo). Coffey é uma pessoa legal e transmite um senso de amor e humanidade aos seus colegas de cela e aos seus guardas.
A exemplo de Jesus Cristo, Coffey foi condenado à morte por um crime que não cometeu: o assassinato de duas pequenas meninas na década de 1930.
Ele realizou milagres espetaculares: ressuscitou um camundongo chamado Mr. Jingles (posteriormente, ficamos sabendo que esse rato passou a viver eternamente), curou um dos seus guardas de uma infecção urinária (provavelmente uma hipertrofia prostática) e, finalmente, a esposa de um outro carcereiro de um tumor cerebral.
Durante todas essas curas, Coffey tragou a doença dos outros para si mesmo e, na seqüência, cospe a enfermidade para fora de si em forma de um enxame de moscas. Curioso, um dos nomes de Satanás é Belzebu, que quer dizer “Senhor das Moscas”. Então, quando esse substituto de Jesus Cristo lança para fora de si as moscas, está simbolizando a expulsão do poder maléfico de Satanás.
Ao término do filme, Coffey é morto na cadeira elétrica, que durante a sua execução é totalmente incendiada e nunca mais será usada. Do ponto de vista espiritual, Coffey é levado como uma ovelha inocente para o matadouro e conseguiu destruir a morte (a cadeira elétrica) com a sua própria morte. Isso é que é tentar substituir Jesus Cristo!
Era notório para os judeus que o Messias, por ser o cordeiro pascal, não poderia ter qualquer defeito físico e nem qualquer um dos seus ossos quebrados (Êxodo 12.46, Neemias 9.12 e João 19.36). |
Quem é Jesus?
Foi o apóstolo Pedro que respondeu corretamente essa pergunta: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo” (Mateus 16.16). Porém, Pedro era um seguidor de Jesus Cristo, já conhecia o Mestre bem de perto e, portanto, não é de se estranhar que tenha acertado em cheio. Então permita-me fazer esse mesmo questionamento a dois outros personagens bíblicos que tiveram pouco contato com o Salvador do mundo.
Em primeiro lugar, quem é Jesus para a mulher samaritana?
Muitos daqueles que esperavam o Messias na época de Jesus Cristo conheciam as profecias que diziam que o Cristo teria de ser do sexo masculino (Gênesis 3.15), nascido de uma virgem (Isaías 7.14) na cidade de Belém (Miquéias 5.2).
A Bíblia não diz isso, mas acredito que a samaritana possa ter inquirido Jesus sobre Sua natividade, antes de proclamá-lO como o Cristo.
Jesus Cristo é inigualável e não tem rival! Nenhum líder espiritual do passado e nem do presente tinha ou tem pureza de coração por nunca ter pecado (1 Pedro 2.22 e 2 Coríntios 5.21), e quem nunca pecou tem autoridade para perdoar pecados. Sem mencionar que nenhum outro ser humano nasceu de uma virgem e ressuscitou dos mortos com suas próprias forças.
No primeiro momento, a resposta da samaritana ao questionamento acerca da pessoa de Jesus Cristo foi em forma de hipótese: “Será este, porventura, o Cristo?!” (João 4.29). Em um segundo momento, depois de conhecer o Senhor Jesus como o seu Salvador pessoal, ela passa a dar testemunho pessoal e transforma a hipótese em fato histórico (João 4.39-42).
Em segundo lugar, quem é Jesus para o centurião romano?
Era notório para os judeus que o Messias, por ser o cordeiro pascal, não poderia ter qualquer defeito físico e nem qualquer um dos seus ossos quebrados (Êxodo 12.46, Neemias 9.12 e João 19.36). A Bíblia não menciona isso, mas o centurião pode ter tido conhecimento sobre esse vaticínio.
Aquele homem tinha visto inúmeros crucificados terem suas pernas quebradas, como forma de apressar a asfixia e, conseqüentemente, a morte. Mas, naquele dia, após presenciar todo o ocorrido a respeito de Jesus (o mundo escureceu, houve terremoto, sepulcros foram abertos) e ver que nenhum dos seus ossos tinham sido quebrados, fez uma declaração estupenda: “Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus” (Marcos 15.39).
Quem é Jesus para você?
Antes de respondermos corretamente, temos de conhecer profundamente o Jesus verdadeiro. Caso contrário, daremos crédito aos Seus falsos substitutos. Quando você não conhece o original, aceitará a cópia como sendo original.
Na década de 70, o grupo Vencedores por Cristo cantava: “Muito embora, um só Jesus exista, nem todos sabem vê-lo como é. Filósofo, poeta ou comunista, ou mesmo um hippie, já se disse, até. Mas, Jesus é bem mais importante, quando se sabe de Seu grande amor. E é preciso, hoje, que se cante, Jesus, Filho de Deus, o Salvador!” (trecho da canção Nada Melhor).
“E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4.12). Amém!
(Dr. Samuel F. M. Costa - http://www.chamada.com.br)
Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, setembro de 2005.
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