O Propósito da Vida
O texto a seguir foi compilado a partir de várias entrevistas dadas por Rick Warren em 2003 e 2004. Rick Warren é autor de “Uma Igreja Com Propósitos” e “Uma Vida com Propósitos” (ambos Editora Vida), entre outros, e pastor fundador da Igreja Comunitária de Saddleback Valley, em Lake Forest, Califórnia, EUA, que tem uma freqüência de mais ou menos 22.000 pessoas por semana. O livro “Uma Vida com Propósitos” já vendeu mais de 25 milhões de cópias em 28 idiomas.
As pessoas me perguntam: “Qual é o propósito da vida?”, e eu respondo: “Em síntese, a vida é a preparação para a eternidade”. Fomos criados para durar para sempre, e Deus quer que estejamos com ele no céu. Um dia meu coração vai parar, o que significa o fim do meu corpo – mas não o fim da minha existência.
Pode ser que eu viva de 60 a 100 anos na Terra, contudo vou passar trilhões de anos na eternidade. Isto aqui é apenas o aquecimento – uma espécie de ensaio geral. Deus quer que pratiquemos na Terra as coisas que vamos fazer para sempre na eternidade. Fomos feitos por Deus e para Deus e, enquanto não percebermos isso, a vida nunca terá muito sentido para nós.
A vida é uma seqüência de problemas: ou você está no meio de um problema agora, ou acabou de sair de um, ou está se preparando para enfrentar mais um. O motivo para isto é que Deus está mais interessado no seu caráter do que no seu conforto.
Deus está mais interessado em fazer a sua vida santa do que em fazê-la feliz.
Podemos até viver razoavelmente felizes aqui na Terra, mas este não é o objetivo da vida. O alvo é crescer no nosso caráter, sermos cada vez mais semelhantes a Cristo. Este último ano foi o melhor ano da minha vida, mas também foi o mais difícil, porque foi quando descobrimos que minha esposa, Kay, estava com câncer.
Eu costumava pensar na vida como uma seqüência de montanhas e vales: depois de um tempo de escuridão, você vai até o topo da montanha, sobe, desce, sobe, desce. Mas não creio mais nisso.
Agora, ao invés de compará-la a montanhas e vales, creio que a vida parece mais os dois trilhos numa estrada de ferro: em todo tempo, você tem algumas coisas boas (um dos trilhos) e algumas coisas ruins (o outro trilho) andando juntas na sua vida. Não
importa quantas coisas boas estão acontecendo em sua vida, sempre há algo ruim que precisa de atenção para ser corrigido. E não importa o quanto as coisas estão indo mal em sua vida, sempre existe algo bom pelo qual pode ser grato a Deus.
Você pode colocar seu foco nos seus propósitos ou nos seus problemas. Se você se concentrar nos problemas, vai entrar num círculo de egocentrismo: “meus problemas, meus interesses, minhas dores”. Mas a maneira mais fácil de se ver livre da dor é tirar seus olhos dos seus próprios problemas e colocá-los em Deus e em outras pessoas.
Nós descobrimos rapidamente que, mesmo com as orações de centenas de milhares de pessoas, Deus não ia curar Kay ou tornar as coisas mais fáceis para ela. De fato, tem sido uma experiência muito difícil para ela, entretanto Deus tem fortalecido o seu caráter e lhe dado um ministério de ajuda às outras pessoas. Deu-lhe um testemunho e a trouxe para mais perto de si mesmo e das outras pessoas.
É preciso aprender a viver com ambos, o bom e o ruim da vida. Na verdade, às vezes aprender a lidar com o bom é mais difícil. Por exemplo, no ano passado, de repente, quando o livro (Uma Vida Com Propósitos) vendeu 15 milhões de cópias, de uma hora para outra, fiquei muito rico.
O sucesso nas vendas trouxe-me uma notoriedade com a qual nunca antes tivera que lidar. Não creio que Deus dê dinheiro ou fama para o próprio ego de uma pessoa ou simplesmente para que ela viva uma vida tranqüila.
Por isso, comecei a perguntar para Deus o que ele queria que eu fizesse com todo esse dinheiro, fama e influência. Ele meu deu duas passagens bíblicas que me ajudaram a saber o que fazer. A primeira, em 1 Coríntios 9, é uma passagem em que Paulo afirma que os que pregam o evangelho devem ser sustentados pelo evangelho. Apesar desse direito, garantido pelas Escrituras, Paulo afirmou que não usaria dele, para poder servir a Deus livremente e não ser escravo de ninguém.
Depois, em relação à influência, Deus me levou a uma oração de Salomão no Salmo 72. Ao ler esse salmo, pode parecer que estamos diante de uma oração egoísta. Salomão já era o homem mais sábio, mais rico e mais influente no mundo. No entanto, ele queria que Deus o tornasse ainda mais poderoso e mais influente. Mas, ao continuar lendo o salmo, você percebe que ele deseja isso para poder acudir aos necessitados, defender os aflitos e julgar os fracos e oprimidos com justiça – ou seja, para cuidar dos marginalizados pela sociedade.
Entendi que Deus estava me mostrando que o propósito da influência é ser uma voz para aqueles que não têm influência. Foi um ponto de virada para mim. Tive que me arrepender e admitir que viúvas e órfãos nem figuravam entre meus objetivos até então. Agora Deus estava me dizendo: “Estou lhe dando uma plataforma para poder representar aqueles que não têm influência alguma”.
Ao mesmo tempo, Deus estava abalando a vida de Kay com uma reportagem sobre os órfãos de Aids na África. Enquanto ela lia, Deus lhe disse: “Você pode se abrir e deixar que seu coração seja partido – ou pode fechar o coração e não ser usada por mim”. Ela decidiu se abrir e usar tudo que tinha ao seu alcance para as pessoas afetadas por AIDS.
Quando ela veio compartilhar sua visão comigo, minha primeira reação foi: “Querida, que maravilhoso! Estou muito feliz por você e por sua visão. Você me apoiou na minha visão de começar a Igreja Saddleback, e eu vou apoiar você nessa sua visão. Mas não é minha visão”.
Porém, aos poucos, à medida que ela conversava comigo, meu coração começou a ser conquistado – e partido. Depois, eu a acompanhei numa viagem para a África. Visitei um pastor e sua igreja numa pequena vila no interior. Só havia uma tenda, com 50 adultos e 25 crianças, orfanadas pela AIDS. Quando vi a situação lá e o quanto estavam fazendo com tão pouco, algo rompeu dentro de mim. Saí à noite, debaixo do céu africano, e disse: “Deus, vou dar o resto da minha vida em favor de homens como esse que estão lutando contra tamanhos desafios. O Senhor é glorificado quando enfrentamos os maiores problemas”.
Diante de tudo isso, tomamos quatro decisões:
Primeiro, apesar de todo o dinheiro que estava chegando, decidimos não mudar nada no nosso estilo de vida. Não fizemos nenhuma grande aquisição.
Segundo, no meio do ano passado, parei de aceitar um salário da minha igreja.
Terceiro, começamos a lançar fundamentos para viabilizar uma iniciativa chamada The Peace Plan (plano de paz), que tem cinco objetivos: implantar igrejas, equipar líderes, ajudar os pobres, cuidar dos enfermos e educar a próxima geração.
Quarto, calculei todas as quantias que a igreja me pagara nos últimos 24 anos (desde a sua fundação) e devolvi TUDO. Que liberdade eu senti em poder servir a Deus de forma totalmente voluntária!
Precisamos perguntar a nós mesmos: estou vivendo para acumular bens materiais? Para ser popular? Estou sendo movido por pressões? Por culpa? Por amargura? Por materialismo? Ou decidi ser movido pelos propósitos de Deus (para minha vida)?
Quando acordo de manhã, fico sentado no lado da minha cama e digo: “Deus, se não conseguir realizar mais nada hoje, tudo bem. Só quero te conhecer mais e te amar mais”.
Deus não me colocou nesta Terra para completar uma lista de coisas a fazer. Ele está muito mais interessado no que eu sou do que no que eu faço. É por isso que somos chamados de SERES humanos e não FAZERES humanos.
por Rick Warren
Postado por Roberto
Fonte: Revista Impacto
Abraço
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