Desespero e Expectativa
Talvez, você já tenha lido sobre o avivamento ocorrido nas Ilhas Hébridas nas décadas de 1940 e 1950. É impressionante ver como as pessoas de lá encontravam tempo para orar mesmo tendo de cortar fileiras intermináveis de blocos de combustível vegetal nas colinas. Achavam tempo para orar apesar das longas horas de trabalho pescando nas águas turbulentas do Atlântico Norte. Achavam tempo para orar depois de dar duro o dia todo, dando aula, construindo casas, tosquiando ovelhas.
Hoje, de alguma forma, pensamos que não podemos orar porque somos mais ocupados ou mais especiais do que qualquer outra sociedade em tempos anteriores. O único problema é que a própria natureza do avivamento exclui a possibilidade de que venha sobre um povo acomodado.
Duas condições críticas
Quando pensamos no “contexto” necessário para que venha um avivamento transformador, duas condições críticas se destacam acima de todas as demais: desespero e expectativa.
A primeira coisa que precisamos saber a respeito de desespero é que se trata de uma condição severa. É totalmente distinto de interesse, abertura ou, até mesmo, fome. Todas essas coisas são boas, mas não são sinônimos de desespero. Desespero é uma condição extrema. Estar desesperado significa que se esgotaram todas as opções. Nenhuma distração será capaz de afetar uma pessoa desesperada, porque ela está fora de seu alcance. A vida, para ela, torna-se extremamente focada. É o contexto ideal em que Deus consegue realmente realizar mudanças em nós.
A expectativa, por outro lado, é uma mistura de esperança e fé. É a única coisa que impede o desespero de tornar-se um fator tóxico ou até mesmo letal para nós. Se, por um lado, o desespero traz foco, a expectativa é o que nos atrai. Quando há expectativa, o ambiente fica elétrico. Na verdade, a expectativa intensifica o foco criado pelo desespero.
Já me perguntaram, muitas vezes, por que não vemos o irrompimento de avivamento nas sociedades ocidentais. Tem uma irmã que faz essa pergunta toda vez que me encontra nas reuniões da igreja.
“Onde está o avivamento? Estou orando por ele. Onde está?”
Creio que nos faltam desespero e expectativa. Temos de achar uma maneira de domar o macaco [da distração – ver texto do autor Distração – o Mal do Século 21 nesta edição] que está em nosso cérebro. Temos de começar a dizer “não” para certas coisas.
Daqui a alguns dias, parto para uma viagem de três semanas: Grã-Bretanha, Dinamarca e Rússia. Falarei com milhares de pastores nesses países que estão famintos para ouvir a respeito de avivamento transformador. Isso é muito bom. Porém, por causa dessa viagem, vou perder o aniversário de 16 anos da minha filha. Não estarei presente nos jogos de campeonato dos meus dois filhos nem na festa dos atletas do último ano do curso do meu filho. Quando você coloca essas coisas numa balança e tenta pesá-las, não é fácil. Estou profundamente agoniado por causa disso.
Como ministério, sinto que estamos hoje no mesmo lugar onde Jesus se encontrava às vezes: vendo multidões famintas que estão procurando respostas, direção e liderança. As pessoas simplesmente não as estão encontrando, na maioria das vezes, em sua experiência cotidiana de igreja. Então você entra na presença do Senhor e pergunta o que pode fazer ou o que ele gostaria que você fizesse para oferecer ajuda ou solução.
Estou procurando, atualmente, alguém que possa ajudar-nos no ministério como diretor executivo. Tenho falado com vários candidatos; em alguns casos, por telefone, em outros, pessoalmente. Fiquei impressionado com a quantidade de limitações que eles trouxeram à mesa de negociação. Até agora, não achei um candidato sequer que estivesse disposto a viajar. Preferem ficar mais perto dos netos, aproveitar as boas coisas da vida, ter mais sossego e tranquilidade.
A pergunta que fica ardendo em mim é a seguinte: se colocarmos todas as coisas boas da vida como prioridade, quem irá cuidar das pessoas que estão com fome? Quem irá alimentá-las? Precisamos achar um equilíbrio, e a única forma de fazer isso é tentar ser menos distraídos e buscar a Deus com intensidade, permitindo que ele fale ao nosso coração e mente, mostrando como acertar as prioridades. É isso o que estou tentando fazer.
por George Otis
Postado por Roberto
Fonte: Revista Impacto
Abraço
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