quinta-feira, 22 de abril de 2010

UNÇÃO DIVINA PARA MINISTRAR A PALAVRA

O texto a seguir foi adaptado de uma mensagem ministrada na Conferência “Heart-Cry for Revival” (Clamor do Coração por Avivamento) em abril de 2008, na Carolina do Norte, EUA.

A unção com óleo novo, pelo Espírito Santo, é tema que arde em meu coração há muitos anos. Nesses quase trinta anos de ministério em tempo integral, devo ter pedido ao Senhor a unção do Espírito Santo mais vezes do que qualquer outra bênção.
Ao longo das Escrituras, existe uma ligação entre unção com óleo e o Espírito Santo. Os profetas, sacerdotes e reis eram ungidos com óleo, que simbolizava o Espírito. A unção os consagrava e capacitava para cumprir o chamamento específico dado pelo Senhor.
Lemos em Êxodo 28.41: “E os ungirás, consagrarás e santificarás, para que me oficiem como sacerdotes”. Junto com a unção, invariavelmente, recebiam a capacitação e o revestimento do Espírito Santo para o serviço.
Davi foi ungido como rei pelo profeta Samuel. Em 1 Samuel 16.13, vemos como o Espírito do Senhor se apossou poderosamente de Davi, daquele dia em diante. A unção com óleo era o símbolo físico e palpável de uma obra interior de Deus nos seus servos quando o Espírito descia com força e poder sobre eles.
Jesus, o profeta, sacerdote e rei definitivo, é o Messias, palavra hebraica que significa o ungido. Referindo-se ao futuro ministério de Cristo, a Escritura nos diz em Isaías 61.1: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu, para pregar boas-novas aos quebrantados”.
Depois dos chamados do Velho Testamento e do próprio Cristo, nós, agora, como povo da Nova Aliança, fomos separados como reis e sacerdotes diante do Senhor. Lemos em 2 Coríntios 1.22 que Deus nos ungiu, colocando seu selo sobre nós e o Espírito em nossos corações. Que presente precioso, maravilhoso é o dom do Espírito Santo! Foi-nos dito: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas” (At 1.8).
Certo teólogo disse que unção “é a invasão e o domínio da personalidade pelo Espírito de Deus”.
Quem precisa da unção?
Necessitamos da unção do Espírito para tudo o que Deus nos chamou a fazer no seu serviço. Aqueles que pregam e ensinam a Palavra de Deus precisam da unção do Espírito Santo, assim como todos os demais que a proclamam de forma não tão pública, como no aconselhamento, discipulado e evangelização pessoal.
Para partilhar o Evangelho, todos necessitamos da unção de Deus cada vez que abrimos nossa boca para ajudar ou dar uma palavra na vida de alguém. Para sermos pais, desde a fase de bebezinho até a de adulto, precisamos da unção do Espírito.
Temos necessidade dessa unção para qualquer serviço – seja para participar de equipes de louvor, para dirigir um culto, para dons de administração, socorros ou misericórdia. Seja qual for a forma de servir a Deus, há necessidade do óleo do Espírito. Resultados espirituais nunca virão por meios naturais.
Embora a unção do Espírito Santo seja um dos ingredientes mais imprescindíveis do ministério, no mundo evangélico do século 21 é também um dos mais negligenciados, desprezados e ausentes. A unção nada tem a ver com nossas habilidades naturais – e tudo a ver com a infusão sobrenatural do Espírito Santo.
Tenho presenciado manifestações inconfundíveis da mão e do sopro sobrenatural de Deus sobre pessoas cujos dons e capacidades eram apenas medianos, ou até inferiores à média. Como se explica isso? Somente por meio da unção e o poder do Espírito Santo.
Qual é a nossa parte?
A unção é obra e dom de Deus. Se assim é, qual a nossa parte nisso? Como podemos cooperar com Deus para receber tal unção do Espírito? Há vários elementos que têm relação com a unção, os quais, em meu entender, podem ser classificados em dois aspectos. Primeiro, o aspecto da vida ungida, ou seja, minha preparação pessoal para o ministério da Palavra. Depois, o aspecto de Deus conceder lábios ungidos para proclamar poderosamente a Palavra de Deus, seja para uma única pessoa, seja para uma multidão.
Uma vida ungida
Uma vida ungida é o fundamento tanto para a preparação da mensagem como para sua proclamação. A preparação da mensagem é fundamental, mas se não tivermos, em primeiro lugar, uma vida ungida e dedicada a estudar e buscar o Senhor, toda a nossa proclamação será vazia. Não terá a unção do Espírito Santo.
Lemos como Esdras preparou seu coração, determinando que estudaria a lei de Deus e ensinaria seus estatutos e ordenanças em Israel. Primeiro se dispôs a aprender – a praticar e ter uma mensagem de vida – para só então proclamá-la.
O Salmo 39.3 diz: “Meu coração queimava dentro de mim, ao meditar nisto o fogo se inflamava, e deixei minha língua falar”. Quantas vezes usamos nossas línguas para falar, seja a uma pessoa só, seja a um grupo, sem que antes esse fogo tenha ardido no coração! Se quisermos uma vida ungida, precisamos deixar Deus falar conosco antes de comunicar sua Palavra a outrem.
Lemos sobre Moisés, que comparecia ao lugar determinado (à tenda ou ao monte) e falava com o Senhor, para só depois sair e transmitir aos filhos de Israel tudo aquilo que Deus lhe havia falado.
No final de 1 Samuel 3 e início do capítulo 4, há uma progressão que é preciosa e poderosa. O texto diz ali que o Senhor se revelou a Samuel pela sua palavra. O Senhor falava a Samuel e, depois, a palavra de Samuel saía para todo Israel. Lemos ali também que o Senhor não permitia que nenhuma de suas palavras caísse em terra.
Tenho buscado a Deus exatamente para isso, para que ele conceda, em sua maravilhosa graça, que nenhuma palavra do seu chamado para mim caia por terra. Isso faz com que eu tome muito cuidado com as palavras, para ter certeza de que Deus falou, de que ouvi sua Palavra antes de proclamá-la.
Foi exatamente isso que aconteceu com Ezequiel. “Mas tu, filho do homem, ouve o que te digo... abre a boca e come o que eu te dou” (Ez 2.8). Em seguida, Deus estendeu-lhe um rolo escrito em que havia palavras de lamentação, angústia e julgamento. Não eram palavras doces. E então Deus lhe disse: “Come este rolo e vai falar com a casa de Israel... Tudo quanto eu te disser, recolhe em teu coração, ouve com toda atenção. E vai... ao teu povo e dize-lhe” (Ez 3.1,10-11).
Comer o rolo é, simbolicamente, trazer a Palavra de Deus para dentro de nós, digeri-la, internalizá-la até que ela queime em nosso interior com fogo inextinguível. Primeiro, a paixão de Deus precisa encher a nós mesmos, antes de podermos proclamar sua Palavra com poder.
Depois de ouvirmos de Deus, nossas vidas precisam encarnar, ilustrar e demonstrar aquilo que vamos proclamar. Se a verdade não mudou nada em nós mesmos, provavelmente não mudará em mais ninguém. Voltando a 1 Tessalonicenses 1.5-6, diz o apóstolo Paulo: “Bem sabeis quais fomos entre vós por amor de vós. E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor.” “Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, justa e irrepreensivelmente nos portamos para convosco que credes” (1 Ts 2.10). Paulo compreendeu a importância de se viver a mensagem. Por isso, podia dizer “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo”. Podemos dizer que a maioria das pessoas nas igrejas cristãs, onde se preza tanto a pregação bíblica, não coloca em prática os ensinos e mensagens que ouve. Uma das razões disso é que não vêem as verdades encarnadas na vida dos pregadores. Oswald Chambers disse “Antes de a mensagem de Deus libertar outras vidas, a libertação tem de ser real na sua”.
Na vida pública, tudo o que fazemos está sendo observado. As pessoas examinam, avaliam e, às vezes, interpretam mal. Porém o meu maior temor, no sentido mais positivo dessa palavra, é em relação àquele dia em que cada detalhe, por menor que seja, de minha conduta será descoberto e exposto diante dos olhos de Deus, que tudo vêem, tudo sabem e tudo perscrutam. Ele enxerga, mesmo agora, aquilo que as multidões não vêm – quem eu sou nos bastidores, nos lugares privados, nos recantos secretos do meu coração, nos esconderijos de meus pensamentos mais resguardados. Eu sei que se minha vida não encarnar, até mesmo no mais recôndito do meu ser, a verdade que estou proclamando, perderei a unção e o poder do Espírito Santo em meu ministério público.
Lábios ungidos
Deus permita que tenhamos não apenas uma vida ungida, mas também lábios ungidos, para podermos fazer proclamações poderosas, seja para uma só pessoa, seja para pequenos grupos, seja no púlpito!
Primeiro, devemos cultivar e comunicar profunda admiração e reverência pela Palavra de Deus.
A Escritura fala sobre aqueles que tremem diante da Palavra de Deus (Is 66.5). Estou cada vez mais comovida com a imensa responsabilidade que é levar a Palavra de Deus em minhas mãos, manejar a Palavra de Deus, introduzir a Palavra de Deus em vidas alheias. Dizia Agostinho: “Quando a Escritura fala, Deus fala”. Precisamos cultivar esse tipo de reverência com temor pelas palavras de Deus em comparação com as nossas próprias palavras. O simples fato de que Deus pode falar por nosso intermédio deveria nos constranger! Se nos constrange, com certeza há de comover os que nos ouvem. Não podemos esperar que as verdades proclamadas impactem mais os ouvintes do que já impactaram nosso próprio coração.
Segundo, precisamos confiar plenamente no poder da Palavra de Deus, no poder da verdade.
Jesus disse: “As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (Jo 6.63). Não são nossas palavras que transmitem vida. Existe uma forte tendência, em nossa cultura consumista, de confiar em dons naturais e de aplaudir nos outros os talentos e habilidades que possuem – como capacidade de comunicação, oratória, criatividade, inovação, uso de tecnologia avançada (apresentações PowerPoint). Não sou contra nada disso, mas devemos ter em mente que são apenas ferramentas, inúteis, vazias, enfadonhas e ocas se forem desvinculadas da confiança na Palavra de Deus e no seu poder.
Não subestime o poder da verdade nua e crua para trazer vida. Foi a Palavra de Deus que criou o mundo, e é ela que o sustenta. É a Palavra de Deus que cura, que convence, que converte e que santifica. Penso que hoje, talvez por não conhecermos tanto Deus ou sua Palavra, estamos muito propensos a confiar no braço da carne. Confiamos mais na embalagem, nas palavras agradáveis, do que na proclamação do poder da Palavra. Ela é mais afiada do que qualquer espada de dois gumes. É capaz de penetrar os corações e dividir alma e espírito, juntas e medulas (Hb 4.12). Expõe os corações de homens e mulheres. Confie no poder da Palavra de Deus e de sua verdade.
Quando me levanto para pregar a Palavra de Deus às mulheres, às vezes sinto-me tomada pela sensação de incapacidade e fraqueza. Digo: “Oh Senhor, eu sou barro. Pães e peixes são o máximo que tenho para te oferecer, mas toma tua Palavra e faze com que ela penetre o coração do teu povo”.
Eu creio firmemente no poder da Palavra de Deus para mudar vidas. Todo dia recebo mensagens de pessoas que ouviram nosso programa de rádio e que abrem o coração e partilham coisas que não teriam falado aos amigos mais íntimos, nem ao pastor ou a algum membro da família. Se eu não acreditasse no poder da verdade para fazer novas todas as coisas, para corrigir o que está errado, para endireitar o que está torto, iria procurar uma outra vocação. É a Palavra de Deus que tem poder para mudar vidas. A Palavra de Deus é como fogo, como martelo que esmigalha a pedra (Jr 20.9; 23.29).
Terceiro, se quisermos lábios ungidos, devemos constante, ininterrupta, consciente e intencionalmente encaminhar as pessoas a Cristo e à cruz.
Paulo disse: ”Não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, Senhor. Quanto a nós mesmos, apresentamo-nos como vossos servos” (2 Co 4.5). “Pois decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (1 Co 2.2). Ele é o poder de Deus para a salvação, para a santificação, para a redenção (1 Co 1.30). Ele é o princípio e o fim, o Alfa e o Ômega, e tudo o que vem depois do princípio e antes do fim (Ap 1.8). Toda a Bíblia aponta para Jesus.
Uma grande alegria (e um desafio) em meu ministério junto às mulheres é encontrar Cristo em cada página das Escrituras. Estou sempre procurando por ele e pelo Evangelho. E é uma experiência estimulante encontrá-lo e ser capaz de oferecê-lo e o Evangelho às pessoas, não importa que assunto esteja ensinando.
Charles Spurgeon, ao falar sobre o terremoto sobrenatural que ocorreu logo após a morte de Cristo, comentou: “Perguntamos a nós mesmos: como vamos abalar o mundo? Os apóstolos nunca fizeram essa pergunta. Eles tinham plena confiança no Evangelho que pregavam. Sabiam que podiam abalar o mundo pela simples pregação do Evangelho. Eu suplico que tenham a mesma confiança hoje”. Não precisamos de nenhuma mensagem nova para impactar o mundo hoje; basta-nos a velha história de Jesus e de seu amor.
Quarto, se quisermos lábios ungidos, devemos falar com fervor, intensidade e convicção.
Se não acreditamos na urgência e importância daquilo que falamos, por que nossos ouvintes iriam dar valor? Eu sempre me pergunto, quando estou ouvindo a pregação ou o ensino da Palavra de Deus: onde está a paixão? As multidões ficavam atônitas com o ensinamento de Jesus, porque ele ensinava com autoridade, e não como os escribas (Mt 7. 28-29). Quando alguém se levanta, deve falar com a convicção de estar transmitindo as palavras de Deus (1 Pe 4.11). “E assim, conhecendo o temor do Senhor”, escreveu Paulo, “persuadimos os homens....” “Pois o amor de Cristo nos constrange....” “Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.” (2 Co 5.11,14,20). O interesse do apóstolo Paulo não era levar mais informação às pessoas. Seu anseio expressava-se em súplicas, apelos de coração para que os pecadores se reconciliassem com Deus. Em outra carta, ele escreveu: “Meus filhos, por quem eu sofro novamente as dores do parto, até que Cristo seja formado em vós...” (Gl 4.19). Havia intensidade e convicção.
Leonard Ravenhill, em seu clássico Por que tarda o pleno avivamento?, diz: “Um título que se ajustaria inegavelmente à igreja dos nossos dias é ‘Nós não lutamos!’. Preferimos exibir nossos dons, naturais ou espirituais; transmitir programas com nossos pontos de vista, políticos ou espirituais; pregar um sermão, escrever um livro ou corrigir um irmão em alguma questão doutrinária. Mas quem vai avançar contra as fortalezas do inferno? Quem terá coragem de dizer um não peremptório ao diabo? Quem abrirá mão de comida deliciosa, boa companhia ou lazer merecido para lutar contra o inferno, envergonhar demônios, libertar cativos, despovoar o inferno e deixar, como resposta às dores de parto, uma multidão de vidas lavadas no sangue de Jesus?” Para isso, é preciso que haja fervor e convicção.
Quinto, Deus nos conclama a confrontar os corações e as vontades de nossos ouvintes.
O objetivo é transformar e não meramente informar. Não queremos que nossos ouvintes limitem-se a saber mais sobre Deus, mas que esse conhecimento transforme sua maneira de viver. Vemos esse elemento de convicção no Novo Testamento. Os judeus “sentiram o coração traspassado” após ouvirem Pedro, no dia de Pentecostes (At 2.37). Depois que Estevão pregou, eles “enfureciam-se nos seus corações” (At 7.54).
É comum se ver hoje convicção de pecados, pessoas sendo compelidas pelo Espírito Santo a se dobrarem diante de Deus? Na história dos avivamentos, esse elemento sempre esteve presente, um senso predominante da presença de Deus e uma profunda convicção de pecados.
É claro que essa é uma ação do Espírito, não podemos produzir ou programá-la. Mas creio que é muito importante entender o papel da exposição da Palavra de Deus. Se a Palavra de Deus não estiver presente, não haverá poder. É uma questão de ilustrar com as Escrituras, fazer uma aplicação prática e depois confrontar a vontade. Faça perguntas que possam tocar a consciência, perguntas diretas que sondam o coração, que não admitem rodeios. O que vai fazer sobre isso? Como está sua vida em relação a essa verdade? O que vai fazer a respeito de tudo que acabou de ouvir?
Em sexto lugar, peça uma resposta.
Não se contente em pregar ou ensinar para passar informação; busque uma resposta, uma transformação. Cada vez que somos expostos a uma verdade da Palavra de Deus, exige-se uma resposta pessoal. Se não, de acordo com Tiago, seremos como o homem que observa o rosto no espelho, vai embora e diz “Oh, não estou com boa aparência”, mas nada faz a respeito (Tg 1.22).
Deixamos as pessoas vacinadas, de forma que a verdade não consegue penetrar e cortar o coração, porque aplicamos camada após camada de conforto e consolação, mas não as instigamos ao arrependimento ou a crer no Evangelho e obedecê-lo. Chamar alguém à obediência requer tempo.
Em sétimo lugar – busque o poder do Espírito Santo e dependa conscientemente dele.
Clame a Deus: “Oh, Senhor, dá-me do teu óleo novo!”.
Sinto muita tristeza ao constatar que em muitos dos nossos círculos de teologia ortodoxa – e digo isso com cuidado, porque conheço algumas maravilhosas exceções – deixa-se pouco espaço para o trabalho misterioso, sobrenatural e sempre novo do Espírito Santo. Nenhum dos teólogos negaria o Espírito Santo. Todos ensinam sobre ele, mas quando se trata dessa obra misteriosa do Espírito para ungir a vida e os lábios do pregador e do ouvinte, surge o temor, o que traz enorme prejuízo.
O Espírito é como o vento, que sopra onde quer e não pode ser encerrado em uma caixa. Temos de clamar a Deus por esse óleo novo do Espírito Santo, porque o poder não está nas palavras que proferimos; não está em nossa eloqüência ou em nossos métodos fantásticos ou ultramodernos. Não é pela força, mas pelo Espírito Santo de Deus, diz o Senhor dos exércitos! (Zc 4.6).
Lembre-se da passagem de 2 Reis 4, quando uma mulher teve um filho por milagre, e esse filho veio a morrer. A mulher foi procurar Eliseu, sabendo que ele, o homem de Deus, podia fazer alguma coisa. Que homem de Deus Eliseu deve ter sido para essa mulher, a ponto de ela acreditar que ele poderia fazer alguma coisa até com um filho morto! E Eliseu enviou seu servo Geazi à frente com seu bordão.
Você consegue imaginar Geazi dizendo: “Tenho o bordão de Eliseu! Já o vi fazendo coisas maravilhosas com ele, e agora está comigo!”. Ele correu na frente de Eliseu e colocou o bastão sobre o rosto do menino morto – e o que aconteceu? Absolutamente nada, porque não são os bordões que trazem vida. A vida não está nas pessoas, nem nas equipes de ministério, nos currículos, nos livros ou nos programas.
Eliseu chegou a essa cena de morte e deitou-se sobre o cadáver do menino – cabeça com cabeça, mão com mão, braço com braço, corpo com corpo, perna com perna. Eliseu orou, e Deus soprou o sopro divino sobre Eliseu e, através de Eliseu, sobre o corpo inerte, e a criança tornou a viver. Esse é o trabalho do Espírito Santo de Deus, quando dispomos nossas vidas – não nossos programas, nossos diplomas, CDs ou retórica – quando nos colocamos, nós mesmos, sobre os corpos sem vida. Clamamos a Deus e dizemos “Oh Senhor, unge com o poder do teu Espírito! Faze com que esses ossos secos vivam novamente, para que se tornem um grande exército!”.
Paulo disse: “Minha palavra e minha pregação nada tinham de persuasiva linguagem de sabedoria humana, mas eram uma demonstração de Espírito e do poder de Deus” (1 Co 2.4-5). Não sei dizer quantas vezes tenho feito a Deus a mesma pergunta que Maria de Nazaré fez ao anjo: “Como há de ser isso?” (Lc 1. 34). Tenho olhado para o Senhor muitas vezes, sentindo seu chamado em minha vida, e perguntado: “Jesus, como pode ser isso? Eu não tenho o que o Senhor está me pedindo para dar”. Mas depois vem aquele maravilhoso versículo em que o anjo diz: “Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra” (v. 35).
É assim que se produz um ministério ungido sob o poder e a sombra do Todo-Poderoso. Somos fracos, inadequados, extremamente pobres, na melhor das hipóteses. Mas possuímos essa fonte ilimitada de graça, que é o Espírito de Deus, disponível para cobrir nossas insuficiências e que jamais se esgota. Podemos voltar e continuar voltando e clamando: “Mais, mais! Óleo novo, óleo novo! Dá-me, ó Deus, óleo novo!”.
E. M. Bounds escreveu: “Sem o batismo no Espírito Santo, nada poderá qualificar o pregador. Ele necessita de poder, poder para trazer à vida os espiritualmente mortos, poder para libertar da escravidão de Satanás, poder para trazer o brilho do meio-dia às trevas profundas do pecado e do inferno. O poder da aprendizagem, o poder da oratória e o poder da mente não capacitam ninguém para essa tarefa”.
Prosseguiremos com ou sem a unção?

Nós nunca dizemos que vamos caminhar sem Deus, mas quanto do que estamos fazendo é feito por nós mesmos, sem depender da intervenção dele? Pretendemos prosseguir sem a unção do Espírito de Deus? Vamos buscar em Deus a divina unção, provisão e intervenção, o derramamento do Espírito em qualquer que seja a esfera do nosso chamamento! Esperemos dele a grande colheita, aquela que jamais poderá ser explicada sem ele! O mundo e a Igreja não precisam ver o que nós podemos fazer. Isso, eles já viram. Agora precisam ver o que somente Deus pode fazer.
Há algum tempo, um pastor, amigo de longa data, enviou-me um e-mail que realmente me tocou. Sempre reenvio esse e-mail para mim mesma toda vez que estou me preparando para pregar ou realizar qualquer outra atividade pública. Quero estar sempre lembrada dessa exortação.
Ele escreveu: “Sinto grande incumbência de orar para que a unção de Deus repouse sobre você. Nunca considere a unção como algo automático. É dela que vem o poder para cortar o supérfluo e chegar ao âmago das questões. Tal unção vem pela graça de Deus, porém custa um alto preço, alto agora, mas insignificante à luz das necessidades e da eternidade. Não deixe que seu ministério seja como comida requentada. Não permita que se transforme em um programa ou fórmula. Reconheça que a resposta para a lacuna nos homens e mulheres sempre é Cristo. Leve as pessoas a Cristo. Encare cada programa que faz, cada página de cada livro que escreve, cada entrevista, cada conversa como uma oportunidade de levar as pessoas à presença dele, porque é disso que precisamos. Avalie cada ponto de seu ministério com a pergunta: ‘Deus estava lá? As pessoas encontraram o Deus do universo? Ele teve prazer em comparecer? Diminuí eu o suficiente para que ele pudesse ser claramente visto e experimentado?’”
Meu clamor é: “Ó Deus, concede-nos o óleo novo, a unção, o poder do teu Santo Espírito, a plenitude, os rios de água viva, os quais prometeste que fluiriam através e a partir de nós, quando estivéssemos cheios do Espírito Santo!”. Foi do coração de Moisés que partiram essas palavras: “Ó Senhor, se tu não fores conosco, não sairemos daqui”. Não quero satisfazer-me com a normalidade, com vidas e ministérios humanamente explicáveis, vidas que poderiam ser vividas sem Deus.
Ó Deus, dá-nos o óleo novo, a unção do teu Espírito! E então, pela fé, após ter clamado pelo óleo novo, que possamos recebê-lo, confiando que Deus o dará. Amém.


por Nancy Leigh DeMoss
Postado por Roberto
Fonte; Jornal Arauto da Sua Vinda
Abraço

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