quinta-feira, 22 de abril de 2010

UNÇÃO DIVINA PARA MINISTRAR A PALAVRA

O texto a seguir foi adaptado de uma mensagem ministrada na Conferência “Heart-Cry for Revival” (Clamor do Coração por Avivamento) em abril de 2008, na Carolina do Norte, EUA.

A unção com óleo novo, pelo Espírito Santo, é tema que arde em meu coração há muitos anos. Nesses quase trinta anos de ministério em tempo integral, devo ter pedido ao Senhor a unção do Espírito Santo mais vezes do que qualquer outra bênção.
Ao longo das Escrituras, existe uma ligação entre unção com óleo e o Espírito Santo. Os profetas, sacerdotes e reis eram ungidos com óleo, que simbolizava o Espírito. A unção os consagrava e capacitava para cumprir o chamamento específico dado pelo Senhor.
Lemos em Êxodo 28.41: “E os ungirás, consagrarás e santificarás, para que me oficiem como sacerdotes”. Junto com a unção, invariavelmente, recebiam a capacitação e o revestimento do Espírito Santo para o serviço.
Davi foi ungido como rei pelo profeta Samuel. Em 1 Samuel 16.13, vemos como o Espírito do Senhor se apossou poderosamente de Davi, daquele dia em diante. A unção com óleo era o símbolo físico e palpável de uma obra interior de Deus nos seus servos quando o Espírito descia com força e poder sobre eles.
Jesus, o profeta, sacerdote e rei definitivo, é o Messias, palavra hebraica que significa o ungido. Referindo-se ao futuro ministério de Cristo, a Escritura nos diz em Isaías 61.1: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu, para pregar boas-novas aos quebrantados”.
Depois dos chamados do Velho Testamento e do próprio Cristo, nós, agora, como povo da Nova Aliança, fomos separados como reis e sacerdotes diante do Senhor. Lemos em 2 Coríntios 1.22 que Deus nos ungiu, colocando seu selo sobre nós e o Espírito em nossos corações. Que presente precioso, maravilhoso é o dom do Espírito Santo! Foi-nos dito: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas” (At 1.8).
Certo teólogo disse que unção “é a invasão e o domínio da personalidade pelo Espírito de Deus”.
Quem precisa da unção?
Necessitamos da unção do Espírito para tudo o que Deus nos chamou a fazer no seu serviço. Aqueles que pregam e ensinam a Palavra de Deus precisam da unção do Espírito Santo, assim como todos os demais que a proclamam de forma não tão pública, como no aconselhamento, discipulado e evangelização pessoal.
Para partilhar o Evangelho, todos necessitamos da unção de Deus cada vez que abrimos nossa boca para ajudar ou dar uma palavra na vida de alguém. Para sermos pais, desde a fase de bebezinho até a de adulto, precisamos da unção do Espírito.
Temos necessidade dessa unção para qualquer serviço – seja para participar de equipes de louvor, para dirigir um culto, para dons de administração, socorros ou misericórdia. Seja qual for a forma de servir a Deus, há necessidade do óleo do Espírito. Resultados espirituais nunca virão por meios naturais.
Embora a unção do Espírito Santo seja um dos ingredientes mais imprescindíveis do ministério, no mundo evangélico do século 21 é também um dos mais negligenciados, desprezados e ausentes. A unção nada tem a ver com nossas habilidades naturais – e tudo a ver com a infusão sobrenatural do Espírito Santo.
Tenho presenciado manifestações inconfundíveis da mão e do sopro sobrenatural de Deus sobre pessoas cujos dons e capacidades eram apenas medianos, ou até inferiores à média. Como se explica isso? Somente por meio da unção e o poder do Espírito Santo.
Qual é a nossa parte?
A unção é obra e dom de Deus. Se assim é, qual a nossa parte nisso? Como podemos cooperar com Deus para receber tal unção do Espírito? Há vários elementos que têm relação com a unção, os quais, em meu entender, podem ser classificados em dois aspectos. Primeiro, o aspecto da vida ungida, ou seja, minha preparação pessoal para o ministério da Palavra. Depois, o aspecto de Deus conceder lábios ungidos para proclamar poderosamente a Palavra de Deus, seja para uma única pessoa, seja para uma multidão.
Uma vida ungida
Uma vida ungida é o fundamento tanto para a preparação da mensagem como para sua proclamação. A preparação da mensagem é fundamental, mas se não tivermos, em primeiro lugar, uma vida ungida e dedicada a estudar e buscar o Senhor, toda a nossa proclamação será vazia. Não terá a unção do Espírito Santo.
Lemos como Esdras preparou seu coração, determinando que estudaria a lei de Deus e ensinaria seus estatutos e ordenanças em Israel. Primeiro se dispôs a aprender – a praticar e ter uma mensagem de vida – para só então proclamá-la.
O Salmo 39.3 diz: “Meu coração queimava dentro de mim, ao meditar nisto o fogo se inflamava, e deixei minha língua falar”. Quantas vezes usamos nossas línguas para falar, seja a uma pessoa só, seja a um grupo, sem que antes esse fogo tenha ardido no coração! Se quisermos uma vida ungida, precisamos deixar Deus falar conosco antes de comunicar sua Palavra a outrem.
Lemos sobre Moisés, que comparecia ao lugar determinado (à tenda ou ao monte) e falava com o Senhor, para só depois sair e transmitir aos filhos de Israel tudo aquilo que Deus lhe havia falado.
No final de 1 Samuel 3 e início do capítulo 4, há uma progressão que é preciosa e poderosa. O texto diz ali que o Senhor se revelou a Samuel pela sua palavra. O Senhor falava a Samuel e, depois, a palavra de Samuel saía para todo Israel. Lemos ali também que o Senhor não permitia que nenhuma de suas palavras caísse em terra.
Tenho buscado a Deus exatamente para isso, para que ele conceda, em sua maravilhosa graça, que nenhuma palavra do seu chamado para mim caia por terra. Isso faz com que eu tome muito cuidado com as palavras, para ter certeza de que Deus falou, de que ouvi sua Palavra antes de proclamá-la.
Foi exatamente isso que aconteceu com Ezequiel. “Mas tu, filho do homem, ouve o que te digo... abre a boca e come o que eu te dou” (Ez 2.8). Em seguida, Deus estendeu-lhe um rolo escrito em que havia palavras de lamentação, angústia e julgamento. Não eram palavras doces. E então Deus lhe disse: “Come este rolo e vai falar com a casa de Israel... Tudo quanto eu te disser, recolhe em teu coração, ouve com toda atenção. E vai... ao teu povo e dize-lhe” (Ez 3.1,10-11).
Comer o rolo é, simbolicamente, trazer a Palavra de Deus para dentro de nós, digeri-la, internalizá-la até que ela queime em nosso interior com fogo inextinguível. Primeiro, a paixão de Deus precisa encher a nós mesmos, antes de podermos proclamar sua Palavra com poder.
Depois de ouvirmos de Deus, nossas vidas precisam encarnar, ilustrar e demonstrar aquilo que vamos proclamar. Se a verdade não mudou nada em nós mesmos, provavelmente não mudará em mais ninguém. Voltando a 1 Tessalonicenses 1.5-6, diz o apóstolo Paulo: “Bem sabeis quais fomos entre vós por amor de vós. E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor.” “Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, justa e irrepreensivelmente nos portamos para convosco que credes” (1 Ts 2.10). Paulo compreendeu a importância de se viver a mensagem. Por isso, podia dizer “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo”. Podemos dizer que a maioria das pessoas nas igrejas cristãs, onde se preza tanto a pregação bíblica, não coloca em prática os ensinos e mensagens que ouve. Uma das razões disso é que não vêem as verdades encarnadas na vida dos pregadores. Oswald Chambers disse “Antes de a mensagem de Deus libertar outras vidas, a libertação tem de ser real na sua”.
Na vida pública, tudo o que fazemos está sendo observado. As pessoas examinam, avaliam e, às vezes, interpretam mal. Porém o meu maior temor, no sentido mais positivo dessa palavra, é em relação àquele dia em que cada detalhe, por menor que seja, de minha conduta será descoberto e exposto diante dos olhos de Deus, que tudo vêem, tudo sabem e tudo perscrutam. Ele enxerga, mesmo agora, aquilo que as multidões não vêm – quem eu sou nos bastidores, nos lugares privados, nos recantos secretos do meu coração, nos esconderijos de meus pensamentos mais resguardados. Eu sei que se minha vida não encarnar, até mesmo no mais recôndito do meu ser, a verdade que estou proclamando, perderei a unção e o poder do Espírito Santo em meu ministério público.
Lábios ungidos
Deus permita que tenhamos não apenas uma vida ungida, mas também lábios ungidos, para podermos fazer proclamações poderosas, seja para uma só pessoa, seja para pequenos grupos, seja no púlpito!
Primeiro, devemos cultivar e comunicar profunda admiração e reverência pela Palavra de Deus.
A Escritura fala sobre aqueles que tremem diante da Palavra de Deus (Is 66.5). Estou cada vez mais comovida com a imensa responsabilidade que é levar a Palavra de Deus em minhas mãos, manejar a Palavra de Deus, introduzir a Palavra de Deus em vidas alheias. Dizia Agostinho: “Quando a Escritura fala, Deus fala”. Precisamos cultivar esse tipo de reverência com temor pelas palavras de Deus em comparação com as nossas próprias palavras. O simples fato de que Deus pode falar por nosso intermédio deveria nos constranger! Se nos constrange, com certeza há de comover os que nos ouvem. Não podemos esperar que as verdades proclamadas impactem mais os ouvintes do que já impactaram nosso próprio coração.
Segundo, precisamos confiar plenamente no poder da Palavra de Deus, no poder da verdade.
Jesus disse: “As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (Jo 6.63). Não são nossas palavras que transmitem vida. Existe uma forte tendência, em nossa cultura consumista, de confiar em dons naturais e de aplaudir nos outros os talentos e habilidades que possuem – como capacidade de comunicação, oratória, criatividade, inovação, uso de tecnologia avançada (apresentações PowerPoint). Não sou contra nada disso, mas devemos ter em mente que são apenas ferramentas, inúteis, vazias, enfadonhas e ocas se forem desvinculadas da confiança na Palavra de Deus e no seu poder.
Não subestime o poder da verdade nua e crua para trazer vida. Foi a Palavra de Deus que criou o mundo, e é ela que o sustenta. É a Palavra de Deus que cura, que convence, que converte e que santifica. Penso que hoje, talvez por não conhecermos tanto Deus ou sua Palavra, estamos muito propensos a confiar no braço da carne. Confiamos mais na embalagem, nas palavras agradáveis, do que na proclamação do poder da Palavra. Ela é mais afiada do que qualquer espada de dois gumes. É capaz de penetrar os corações e dividir alma e espírito, juntas e medulas (Hb 4.12). Expõe os corações de homens e mulheres. Confie no poder da Palavra de Deus e de sua verdade.
Quando me levanto para pregar a Palavra de Deus às mulheres, às vezes sinto-me tomada pela sensação de incapacidade e fraqueza. Digo: “Oh Senhor, eu sou barro. Pães e peixes são o máximo que tenho para te oferecer, mas toma tua Palavra e faze com que ela penetre o coração do teu povo”.
Eu creio firmemente no poder da Palavra de Deus para mudar vidas. Todo dia recebo mensagens de pessoas que ouviram nosso programa de rádio e que abrem o coração e partilham coisas que não teriam falado aos amigos mais íntimos, nem ao pastor ou a algum membro da família. Se eu não acreditasse no poder da verdade para fazer novas todas as coisas, para corrigir o que está errado, para endireitar o que está torto, iria procurar uma outra vocação. É a Palavra de Deus que tem poder para mudar vidas. A Palavra de Deus é como fogo, como martelo que esmigalha a pedra (Jr 20.9; 23.29).
Terceiro, se quisermos lábios ungidos, devemos constante, ininterrupta, consciente e intencionalmente encaminhar as pessoas a Cristo e à cruz.
Paulo disse: ”Não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, Senhor. Quanto a nós mesmos, apresentamo-nos como vossos servos” (2 Co 4.5). “Pois decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (1 Co 2.2). Ele é o poder de Deus para a salvação, para a santificação, para a redenção (1 Co 1.30). Ele é o princípio e o fim, o Alfa e o Ômega, e tudo o que vem depois do princípio e antes do fim (Ap 1.8). Toda a Bíblia aponta para Jesus.
Uma grande alegria (e um desafio) em meu ministério junto às mulheres é encontrar Cristo em cada página das Escrituras. Estou sempre procurando por ele e pelo Evangelho. E é uma experiência estimulante encontrá-lo e ser capaz de oferecê-lo e o Evangelho às pessoas, não importa que assunto esteja ensinando.
Charles Spurgeon, ao falar sobre o terremoto sobrenatural que ocorreu logo após a morte de Cristo, comentou: “Perguntamos a nós mesmos: como vamos abalar o mundo? Os apóstolos nunca fizeram essa pergunta. Eles tinham plena confiança no Evangelho que pregavam. Sabiam que podiam abalar o mundo pela simples pregação do Evangelho. Eu suplico que tenham a mesma confiança hoje”. Não precisamos de nenhuma mensagem nova para impactar o mundo hoje; basta-nos a velha história de Jesus e de seu amor.
Quarto, se quisermos lábios ungidos, devemos falar com fervor, intensidade e convicção.
Se não acreditamos na urgência e importância daquilo que falamos, por que nossos ouvintes iriam dar valor? Eu sempre me pergunto, quando estou ouvindo a pregação ou o ensino da Palavra de Deus: onde está a paixão? As multidões ficavam atônitas com o ensinamento de Jesus, porque ele ensinava com autoridade, e não como os escribas (Mt 7. 28-29). Quando alguém se levanta, deve falar com a convicção de estar transmitindo as palavras de Deus (1 Pe 4.11). “E assim, conhecendo o temor do Senhor”, escreveu Paulo, “persuadimos os homens....” “Pois o amor de Cristo nos constrange....” “Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.” (2 Co 5.11,14,20). O interesse do apóstolo Paulo não era levar mais informação às pessoas. Seu anseio expressava-se em súplicas, apelos de coração para que os pecadores se reconciliassem com Deus. Em outra carta, ele escreveu: “Meus filhos, por quem eu sofro novamente as dores do parto, até que Cristo seja formado em vós...” (Gl 4.19). Havia intensidade e convicção.
Leonard Ravenhill, em seu clássico Por que tarda o pleno avivamento?, diz: “Um título que se ajustaria inegavelmente à igreja dos nossos dias é ‘Nós não lutamos!’. Preferimos exibir nossos dons, naturais ou espirituais; transmitir programas com nossos pontos de vista, políticos ou espirituais; pregar um sermão, escrever um livro ou corrigir um irmão em alguma questão doutrinária. Mas quem vai avançar contra as fortalezas do inferno? Quem terá coragem de dizer um não peremptório ao diabo? Quem abrirá mão de comida deliciosa, boa companhia ou lazer merecido para lutar contra o inferno, envergonhar demônios, libertar cativos, despovoar o inferno e deixar, como resposta às dores de parto, uma multidão de vidas lavadas no sangue de Jesus?” Para isso, é preciso que haja fervor e convicção.
Quinto, Deus nos conclama a confrontar os corações e as vontades de nossos ouvintes.
O objetivo é transformar e não meramente informar. Não queremos que nossos ouvintes limitem-se a saber mais sobre Deus, mas que esse conhecimento transforme sua maneira de viver. Vemos esse elemento de convicção no Novo Testamento. Os judeus “sentiram o coração traspassado” após ouvirem Pedro, no dia de Pentecostes (At 2.37). Depois que Estevão pregou, eles “enfureciam-se nos seus corações” (At 7.54).
É comum se ver hoje convicção de pecados, pessoas sendo compelidas pelo Espírito Santo a se dobrarem diante de Deus? Na história dos avivamentos, esse elemento sempre esteve presente, um senso predominante da presença de Deus e uma profunda convicção de pecados.
É claro que essa é uma ação do Espírito, não podemos produzir ou programá-la. Mas creio que é muito importante entender o papel da exposição da Palavra de Deus. Se a Palavra de Deus não estiver presente, não haverá poder. É uma questão de ilustrar com as Escrituras, fazer uma aplicação prática e depois confrontar a vontade. Faça perguntas que possam tocar a consciência, perguntas diretas que sondam o coração, que não admitem rodeios. O que vai fazer sobre isso? Como está sua vida em relação a essa verdade? O que vai fazer a respeito de tudo que acabou de ouvir?
Em sexto lugar, peça uma resposta.
Não se contente em pregar ou ensinar para passar informação; busque uma resposta, uma transformação. Cada vez que somos expostos a uma verdade da Palavra de Deus, exige-se uma resposta pessoal. Se não, de acordo com Tiago, seremos como o homem que observa o rosto no espelho, vai embora e diz “Oh, não estou com boa aparência”, mas nada faz a respeito (Tg 1.22).
Deixamos as pessoas vacinadas, de forma que a verdade não consegue penetrar e cortar o coração, porque aplicamos camada após camada de conforto e consolação, mas não as instigamos ao arrependimento ou a crer no Evangelho e obedecê-lo. Chamar alguém à obediência requer tempo.
Em sétimo lugar – busque o poder do Espírito Santo e dependa conscientemente dele.
Clame a Deus: “Oh, Senhor, dá-me do teu óleo novo!”.
Sinto muita tristeza ao constatar que em muitos dos nossos círculos de teologia ortodoxa – e digo isso com cuidado, porque conheço algumas maravilhosas exceções – deixa-se pouco espaço para o trabalho misterioso, sobrenatural e sempre novo do Espírito Santo. Nenhum dos teólogos negaria o Espírito Santo. Todos ensinam sobre ele, mas quando se trata dessa obra misteriosa do Espírito para ungir a vida e os lábios do pregador e do ouvinte, surge o temor, o que traz enorme prejuízo.
O Espírito é como o vento, que sopra onde quer e não pode ser encerrado em uma caixa. Temos de clamar a Deus por esse óleo novo do Espírito Santo, porque o poder não está nas palavras que proferimos; não está em nossa eloqüência ou em nossos métodos fantásticos ou ultramodernos. Não é pela força, mas pelo Espírito Santo de Deus, diz o Senhor dos exércitos! (Zc 4.6).
Lembre-se da passagem de 2 Reis 4, quando uma mulher teve um filho por milagre, e esse filho veio a morrer. A mulher foi procurar Eliseu, sabendo que ele, o homem de Deus, podia fazer alguma coisa. Que homem de Deus Eliseu deve ter sido para essa mulher, a ponto de ela acreditar que ele poderia fazer alguma coisa até com um filho morto! E Eliseu enviou seu servo Geazi à frente com seu bordão.
Você consegue imaginar Geazi dizendo: “Tenho o bordão de Eliseu! Já o vi fazendo coisas maravilhosas com ele, e agora está comigo!”. Ele correu na frente de Eliseu e colocou o bastão sobre o rosto do menino morto – e o que aconteceu? Absolutamente nada, porque não são os bordões que trazem vida. A vida não está nas pessoas, nem nas equipes de ministério, nos currículos, nos livros ou nos programas.
Eliseu chegou a essa cena de morte e deitou-se sobre o cadáver do menino – cabeça com cabeça, mão com mão, braço com braço, corpo com corpo, perna com perna. Eliseu orou, e Deus soprou o sopro divino sobre Eliseu e, através de Eliseu, sobre o corpo inerte, e a criança tornou a viver. Esse é o trabalho do Espírito Santo de Deus, quando dispomos nossas vidas – não nossos programas, nossos diplomas, CDs ou retórica – quando nos colocamos, nós mesmos, sobre os corpos sem vida. Clamamos a Deus e dizemos “Oh Senhor, unge com o poder do teu Espírito! Faze com que esses ossos secos vivam novamente, para que se tornem um grande exército!”.
Paulo disse: “Minha palavra e minha pregação nada tinham de persuasiva linguagem de sabedoria humana, mas eram uma demonstração de Espírito e do poder de Deus” (1 Co 2.4-5). Não sei dizer quantas vezes tenho feito a Deus a mesma pergunta que Maria de Nazaré fez ao anjo: “Como há de ser isso?” (Lc 1. 34). Tenho olhado para o Senhor muitas vezes, sentindo seu chamado em minha vida, e perguntado: “Jesus, como pode ser isso? Eu não tenho o que o Senhor está me pedindo para dar”. Mas depois vem aquele maravilhoso versículo em que o anjo diz: “Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra” (v. 35).
É assim que se produz um ministério ungido sob o poder e a sombra do Todo-Poderoso. Somos fracos, inadequados, extremamente pobres, na melhor das hipóteses. Mas possuímos essa fonte ilimitada de graça, que é o Espírito de Deus, disponível para cobrir nossas insuficiências e que jamais se esgota. Podemos voltar e continuar voltando e clamando: “Mais, mais! Óleo novo, óleo novo! Dá-me, ó Deus, óleo novo!”.
E. M. Bounds escreveu: “Sem o batismo no Espírito Santo, nada poderá qualificar o pregador. Ele necessita de poder, poder para trazer à vida os espiritualmente mortos, poder para libertar da escravidão de Satanás, poder para trazer o brilho do meio-dia às trevas profundas do pecado e do inferno. O poder da aprendizagem, o poder da oratória e o poder da mente não capacitam ninguém para essa tarefa”.
Prosseguiremos com ou sem a unção?

Nós nunca dizemos que vamos caminhar sem Deus, mas quanto do que estamos fazendo é feito por nós mesmos, sem depender da intervenção dele? Pretendemos prosseguir sem a unção do Espírito de Deus? Vamos buscar em Deus a divina unção, provisão e intervenção, o derramamento do Espírito em qualquer que seja a esfera do nosso chamamento! Esperemos dele a grande colheita, aquela que jamais poderá ser explicada sem ele! O mundo e a Igreja não precisam ver o que nós podemos fazer. Isso, eles já viram. Agora precisam ver o que somente Deus pode fazer.
Há algum tempo, um pastor, amigo de longa data, enviou-me um e-mail que realmente me tocou. Sempre reenvio esse e-mail para mim mesma toda vez que estou me preparando para pregar ou realizar qualquer outra atividade pública. Quero estar sempre lembrada dessa exortação.
Ele escreveu: “Sinto grande incumbência de orar para que a unção de Deus repouse sobre você. Nunca considere a unção como algo automático. É dela que vem o poder para cortar o supérfluo e chegar ao âmago das questões. Tal unção vem pela graça de Deus, porém custa um alto preço, alto agora, mas insignificante à luz das necessidades e da eternidade. Não deixe que seu ministério seja como comida requentada. Não permita que se transforme em um programa ou fórmula. Reconheça que a resposta para a lacuna nos homens e mulheres sempre é Cristo. Leve as pessoas a Cristo. Encare cada programa que faz, cada página de cada livro que escreve, cada entrevista, cada conversa como uma oportunidade de levar as pessoas à presença dele, porque é disso que precisamos. Avalie cada ponto de seu ministério com a pergunta: ‘Deus estava lá? As pessoas encontraram o Deus do universo? Ele teve prazer em comparecer? Diminuí eu o suficiente para que ele pudesse ser claramente visto e experimentado?’”
Meu clamor é: “Ó Deus, concede-nos o óleo novo, a unção, o poder do teu Santo Espírito, a plenitude, os rios de água viva, os quais prometeste que fluiriam através e a partir de nós, quando estivéssemos cheios do Espírito Santo!”. Foi do coração de Moisés que partiram essas palavras: “Ó Senhor, se tu não fores conosco, não sairemos daqui”. Não quero satisfazer-me com a normalidade, com vidas e ministérios humanamente explicáveis, vidas que poderiam ser vividas sem Deus.
Ó Deus, dá-nos o óleo novo, a unção do teu Espírito! E então, pela fé, após ter clamado pelo óleo novo, que possamos recebê-lo, confiando que Deus o dará. Amém.


por Nancy Leigh DeMoss
Postado por Roberto
Fonte; Jornal Arauto da Sua Vinda
Abraço

terça-feira, 20 de abril de 2010

ORANDO AS NOTÍCIAS


Orando as Notícias 
 
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 Foi meu pai quem primeiro abriu a porta para que eu olhasse os acontecimentos do mundo como relacionados à Palavra de Deus e ao desdobramento dos seus propósitos no planeta Terra. Tem sido uma aventura alegre e fascinante acompanhar as notícias na televisão ou no jornal e vê-las como algo muito além do que a descrição de acontecimentos que estão fora do meu controle. Ao contrário, os próprios fatos reais que acontecem ao nosso redor são uma clara indicação de que Deus está de fato no controle de tudo.

 Na grande maioria das vezes, os cristãos sentem-se impotentes e à mercê de um mundo muito vasto. Ver ou ler o relato de acontecimentos nacionais ou internacionais pode parecer um exercício fútil ou, pior ainda, causar uma sensação de ansiedade e de tristeza. Uma das maneiras de lidar com isso é simplesmente isolar-se do mundo. Você pode desligar a televisão na hora do noticiário e parar de ler jornais e revistas. Com isso, você pode sentir um alívio temporário, mas com certeza não contribui em nada para mudar a situação.

 Há uma saída melhor. Ela envolve um compromisso de mudar seu mundo através da oração. Tudo começa quando você vê o compromisso de Deus com a oração como o instrumento divino de mudança. Você começa a se enxergar como um ator no palco do mundo. Ao invés de ser um mero observador passivo que nada pode fazer senão preocupar-se, ou de tentar ignorar tudo e esconder-se, você começa a entrar em ação significativa para chamar o poder de Deus para influenciar as situações em curso no mundo. Em outras palavras, você ora!

 Ao longo da história da Igreja, as orações de homens e mulheres foram usadas por Deus para mudar o fluxo dos acontecimentos e alterar o que poderia ter ocorrido. Uma das instâncias mais dramáticas em que isso aconteceu foi durante a Segunda Guerra Mundial, e envolveu um pequeno grupo de intercessores na Inglaterra sob a liderança de Rees Howells. Vez após vez, Deus os levou a orar sobre batalhas e situações específicas, a respeito das quais não tinham conhecimento algum por meio dos sentidos naturais. Em diversas situações, o Senhor usou as orações deles para garantir a vitória e alterar o rumo da história humana.

 Obviamente, num caso como esse, as orações não trouxeram a vitória sozinhas. Homens e mulheres em lugares perigosos estavam batalhando em lutas ferozes, e alguns tiveram de pagar o preço supremo. Mas as orações de Rees Howells e do grupo de intercessores trouxeram o poder de Deus para dentro da batalha e alteraram a história. Para uma leitura mais abrangente a respeito dessa história maravilhosa, eu recomendo o livro de Norman Grubb, Rees Howells, O Intercessor, Editora Betânia [disponível nas livrarias cristãs e também na Fundamentos Editora, www.revistaimpacto.com ou (19)3462-9893].

 A maioria de nós não se sente um “transformador do mundo”. Queremos apenas vencer nossas próprias batalhas, a cada dia. Mas Deus nos ofereceu uma tremenda oportunidade de nos unirmos a ele em intercessão e ver o seu poder produzir transformação. Basta tão-somente uma mudança de atitude e um jeito diferente de reagir às notícias.

 A mudança de atitude é provavelmente o mais difícil. Se acreditarmos em Deus, então nossa atitude começará a nos deslocar de uma posição passiva para uma proativa. Em vez de sentar e lamentar pelas coisas que vimos ou lemos nos noticiários, começaremos a orar para provocar mudanças. Uma atitude transformada – concordando com Deus que “alguém” precisa fazer alguma coisa e que ele (Deus) é provavelmente o melhor “alguém” - nos levará a orar seriamente.

 Essa atitude transformada nos levará a redimir o tempo que estamos usando para nos manter informados a respeito dos acontecimentos nacionais e mundiais. Começaremos a encarar os noticiários como oportunidades importantes de oração. Ao invés de receber passivamente as notícias, entraremos em intervenção agressiva. Ou, em outras palavras, em oração! Este é um exemplo de oração intencional. Não é algo que acontece acidentalmente. Tome a decisão de considerar os noticiários como um evento de oração.

 Peça ao Senhor para orientá-lo enquanto ora. Em muitas ocasiões, reagimos aos acontecimentos dizendo a Deus o que ele deveria fazer, quando, na verdade, ele não está pedindo nosso conselho. O que ele realmente está procurando é por nossa cooperação com ele na liberação do poder divino dentro das situações atuais.

 Por isso, a melhor pergunta que podemos fazer-lhe é: “Deus, o que estás fazendo nesta situação?”. Peça que ele o faça ver os fatos da perspectiva dele. Quando isso acontecer, coisas que antes não o perturbavam podem agora levá-lo a profunda dor no coração. Outras coisas que o deixavam irritado agora ficam sem importância. Os caminhos de Deus estão muito acima dos nossos! Ore de acordo com o coração de Deus sobre os acontecimentos que está acompanhando.

 Pergunte ao Senhor se existem algumas medidas práticas que você possa tomar como resultado do que viu e da maneira como orou. A oração é sempre o primeiro passo, mas raramente é o último. Talvez você deva escrever uma carta para alguém envolvido numa determinada notícia. Você pode sentir um toque de Deus para doar dinheiro para alguém ou para alguma causa. Pode haver medidas práticas para sua família, especialmente no sentido de prepará-la para dias difíceis que virão pela frente. Vigilância em oração pode ajudá-lo a ser um servo mais eficaz nas mãos do Senhor.

 Finalmente, é claro que você deve observar as notícias através das lentes da Bíblia. À medida que dedicar maior atenção às Escrituras proféticas, com frequência se lembrará de alguma passagem bíblica relacionada à notícia que está acompanhando. Nunca me esquecerei do dia 6 de junho de 1967. Eu estava com quase 14 anos. Meu pai estava vendo as notícias na televisão e me chamou para assisti-las com ele. Apontando para o programa que relatava como as forças de Israel haviam tomado posse do Monte do Templo e do restante da cidade de Jerusalém, ele disse: “Você acaba de ver o cumprimento de uma profecia da Bíblia. Jesus disse que Jerusalém seria pisada pelos gentios até que se cumprisse o tempo dos gentios. Agora você o viu com os próprios olhos”. Aquela foi para mim uma poderosa demonstração de como se deve ver as notícias através de olhos bíblicos.

 “Pai, dá-me olhos para ver o que está acontecendo ao meu redor. Ajuda-me a ver as coisas a partir da tua perspectiva. Tomo a decisão de utilizar o tempo em que estou exposto às notícias de todo o mundo como valiosas ocasiões de intercessão. Ajuda-me a ser disciplinado para orar enquanto assisto à TV ou leio jornais e revistas. Mostra-me como tu queres que eu ore. Dou graças por permitires que eu seja parte daquilo que estás fazendo no mundo hoje.”


Se quiser ler outros artigos de Dave Butts (em inglês), visite www.harvestprayer.com
Postado por RobertoAbraço

A ORIGEM E A CURA DOS PECADOS DO CORAÇÃO

CeuInferno
 “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e, sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Ef 6.12).

O apóstolo Paulo nos adverte a respeito de uma guerra contra potestades invisíveis do mal que induzem ao pecado, na qual os santos estão envolvidos durante todo o tempo em que vivem neste mundo. Existem espíritos maus que são responsáveis principalmente por induzirem os santos à “maldade espiritual”. Nenhum pecado pode ser cometido sem ocasionar consequências espirituais, mas alguns são mais especificamente “espirituais” do que outros. Como exemplo, podemos citar os pecados que são mantidos dentro dos limites do coração. Paulo os chama de impureza do espírito, distinguindo-os da impureza da carne: “Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne, como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2 Co 7.1).
 Pecado no Coração
 Quando o espírito ou o coração é o ambiente em que o pecado é praticado, trata-se de algo espiritual. Incluem-se nessa categoria todos os pensamentos impuros, afeições e desejos desprezíveis que não produzem ações exteriores mas que são, mesmo assim, atos verdadeiros do homem interior. Assim como em todo o pecado, Satanás é o grande e invisível instigador de cada pecado do coração.
 Quando pensamentos e sentimentos que são claramente desagradáveis a Deus começam a invadir sua mente ou coração, o que você pode fazer? Você não quer ser crítico – mas é; você não quer cobiçar – mas está cobiçando. Como você pode pegar essas pedras de tropeço que Satanás joga no caminho dos seus pensamentos e utilizá-las para erigir um monumento de glória ao Pai? De duas maneiras específicas: mantendo severa vigilância do coração e resistindo firmemente aos pecados que dele procedem.
 Primeiro, mantenha severa vigilância do coração. Que tipo de acolhida Satanás encontra quando ele vem com essas “maldades espirituais” e convida você a dar atenção a elas? Eu não pergunto se tais convidados entraram por sua porta. Se tivéssemos a capacidade que Deus tem de olhar dentro do coração do homem, veríamos sinais dos piores pecados em cada cristão. Que tais pecados foram lançados no campo do nosso coração, nós já sabemos; sabemos também quem os jogou – o terrível semeador, Satanás. O que é importante saber é se ele encontrou terreno fértil em nós ou se, com oração fervorosa e determinação, jogamos o óleo do Espírito sobre as sementes do mal, ainda no primeiro estágio, e riscamos um fósforo, de tal maneira que fossem consumidas com fogo santo.
 Agora, precisamos entender que Satanás é insidioso, matreiro. Muitas pessoas que ficariam horrorizadas ao verem pecados espirituais operando na clara luz do dia na forma de lascívia e desejos carnais, podem ser facilmente ludibriadas a ponto de lhes abrirem as portas dos aposentos privados como se fossem hóspedes de honra. Que membro proeminente da igreja apareceria andando na cidade de braço dado com uma prostituta? Entretanto, no santuário íntimo do coração pode ser que o mesmo indivíduo reto e moral alimente livremente seus desejos impuros. A maioria de nós jamais cometeria um assassinato, mas quantas e quantas vezes amarramos um vizinho na viela escura dos pensamentos e o despedaçamos membro por membro, satisfazendo o desejo de vingança por causa de uma discussão trivial?
 Amigo leitor, é imperativo que compreenda isto: quando pensamentos maus ou impuros começam a invadir sua mente, você ainda não pecou. Até aqui foi apenas o trabalho de Satanás! Mas, se levar um passo adiante, ainda que seja oferecer apenas uma cadeira para entabular uma conversação educada, você já se tornou cúmplice, participante do mal. Num curto espaço de tempo, esses pensamentos ou intenções terão encontrado abrigo no seu coração. A sua promessa – de não ceder a uma tentação que já está começando a acolher – não é páreo para Satanás e para os desejos da carne.
 Sua confiança precisa estar baseada neste fato: pensamentos impuros não permanecem onde o amor de Cristo reina supremo. Quando expostos à sua conversa com Jesus, sentem tanto pânico quanto sentiria um assassino foragido ao perceber que acabou de ser reconhecido na cidade. E têm toda razão de entrar em pânico – porque os seus pensamentos renovados (inflamados com o fervor e o ciúme do Espírito Santo) perseguirão aqueles pensamentos malignos e os matarão de imediato. Tanto o julgamento quanto a sentença serão sumários.
 Resista ao Pecado no Coração
 Em segundo lugar, resista firmemente aos pecados do coração, evidenciando assim onde está sua lealdade. Precisamos ser lembrados constantemente que os pecados do coração são tão pecados quanto os outros: “O pensamento do tolo é pecado” (Pv 24.9). Cada pedacinho do inferno é inferno! Luxúria, inveja e assassinatos são pecados quando cometidos no coração da mesma maneira como se fossem um ato exterior. Tais pensamentos não podem correr soltos num cristão sem sérias consequências. Seu espírito é a habitação do Espírito Santo, que requer todo o coração para poder permanecer ali. Quando ele vê que você sublocou alguns cômodos para as luxúrias e cobiças do diabo, ele entende que é hora de ir embora. Se você preza a presença do Espírito Santo, declare a sua lealdade a Cristo logo na primeira batida de Satanás na sua porta, renunciando a qualquer pensamento que não esteja em submissão a Deus.
 Você entende por que os pecados do coração podem ser ainda piores do que os que são cometidos por meios físicos? Quanto mais o coração e o espírito estiverem envolvidos em qualquer ação do mal, pior é. E quanto mais estiverem envolvidos em qualquer ação santa, mais bondade verdadeira existe nela – mesmo que os homens não pensem assim. Entre todos que ofertaram aquele dia, as duas moedas da viúva representaram a melhor dádiva, de acordo com Cristo. Por quê? Não porque a ação externa excedesse às de outros doadores, mas porque o ato interno do seu coração ultrapassou o de todos eles!
 Deixe Satanás esbofetear seu coração com suas vis imaginações. Tentar parar as rajadas dele é tão inútil quanto tentar impedir a chegada de um furacão. Contudo, você pode, isto sim, tomar precauções adequadas antes que a tempestade de maus pensamentos se aproxime.
 Primeira precaução: Lacre as janelas do coração com a oração. Se a língua é tão indisciplinada e difícil de ser domada, o que dizer da mente – onde os pensamentos voam com a frequência e rapidez de abelhas que fogem de uma colméia derrubada? Aqui reside o segredo: para controlar seus pensamentos, peça a Cristo para controlar seu coração.
 Quantas vezes Davi clamou a esse respeito! Ele sabia que o controle do coração estava além de sua habilidade ou força. Mas ele contava com a promessa de Deus de ajudá-lo, como você também pode contar se é filho de Deus. “O Senhor firma os passos do homem bom, e no seu caminho se compraz” (Sl 37.23) “Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam” (Pv 30.5).
 Como é que você se sentiria, como um pai terreno, se visse o filho sendo arrastado pelas águas de uma inundação, e ele recusasse sua ajuda para conduzi-lo à segurança? Deve ser assim que nosso Pai celestial se sente quando as ondas da tentação ameaçam nos sobrepujar, e nós nos recusamos a agarrar-nos à sua promessa de tomar-nos em seus braços e levar-nos a um lugar seguro, longe do tumulto.
 Você vai precisar orar mais e com mais fervor do que nunca quando for chamado a executar uma tarefa que requeira um contato mais próximo do que o normal com o mundo. É ali que os pensamentos de Satanás atacarão como uma praga de gafanhotos. Primeiro, tenha certeza de que está cuidando dos assuntos de Deus e não de seus próprios. A promessa de Deus de protegê-lo tem uma condição: “Confia ao Senhor as tuas obras, e os teus desígnios serão estabelecidos” (Pv 16.3). Não tente defender-se das investidas violentas de Satanás com sua própria força. Diga para Deus que está com medo do que possa acontecer se ele não interceptar esses pensamentos do mal. Faça dele o censor de seus pensamentos, e você não terá mais com que se preocupar. O braço do diabo não é suficientemente longo para alcançá-lo quando você se coloca, por meio de oração fervorosa, debaixo da sombra do Todo Poderoso.
 Segunda precaução: Ponha uma guarda forte ao redor dos seus sentidos externos. Satanás voa acima de nós, procurando um lugar bom para aterrissar, tal como os olhos ou ouvidos de alguém, que lhe dêem fácil acesso ao homem interior. Assim como o ar estagnado polui tudo ao redor, da mesma forma pensamentos perniciosos corrompem todo o indivíduo. Tenha cuidado para respirar ar limpo! Quanto aos olhos, mantenha-os voltados para o céu. Objetos libidinosos causam pensamentos libidinosos. Da mesma maneira, objetos santos não gerarão pensamentos santos?
 Terceira precaução: Inspecione seu coração diariamente. Tire tempo, todos os dias, para refletir sobre os pensamentos que determinaram suas atitudes e ações naquele dia. Um professor não chama a classe à ordem, para então se afastar da sala pelo resto do período de aula. Por quanto tempo você acha que os estudantes permaneceriam nas suas carteiras, ocupados com trabalho produtivo? O ruído de suas badernas logo encheria os corredores de toda a escola. Seu coração tem a mesma tendência de um aluno indisciplinado. Grande parte do barulho impuro que surge nele (raiva, inveja, impaciência, amargura e tudo o mais) é porque você o deixou por conta própria. A mente é a sala de aula do corpo; o coração é o estudante. Tome cuidado com o tipo de aprendizado que está ocorrendo.
 Aqui está uma maneira rápida de checar o coração. Seus pensamentos são bons ou maus? Quando bons, você reconhece que vieram de Cristo? Quando maus, você fica horrorizado e determinado a expulsar esses irritantes diabretes? Se for assim, você está mostrando que essas maldades espirituais provêm muito mais de Satanás do que de si mesmo.
 Além de pensamentos maus, há outros elementos que também devem ser recusados. São imaginações vãs, ocas, insignificantes. Embora talvez não as considere abomináveis em si mesmas, ainda assim elas o afastam de algo bem melhor. E quem entre nós tem tempo para jogar fora nesta vida? Como a água que corre ao lado do moinho, cada pensamento que não o ajuda a fazer o trabalho de Deus é desperdiçado. A abelha não vai pousar numa flor que não tenha néctar. Nem deveria o cristão abrigar um pensamento que não alimente seu espírito.
 Mesmo os bons pensamentos não são inacessíveis às maquinações de Satanás. Por exemplo, você pode sentir grande peso e culpa pelos pecados e honestamente chorar por eles diante do Senhor. Entretanto, se você se consumir pelo remorso, estará em grande perigo de perder a fé na gloriosa promessa de Deus de redimi-lo pela sua graça. Ou, talvez, seus pensamentos sejam voltados para as necessidades e os cuidados da família. Prover para os seus, com certeza, é bíblico. Mas você pode preocupar-se tanto com essa responsabilidade que se esquece que Deus é o verdadeiro provedor, o que, mais uma vez, é uma séria deficiência de fé.
 Somos ensinados a buscar e observar todo o conselho de Deus. Que vantagem haverá se você concentrar em um dos mandamentos de Deus, que considera seu favorito, se desprezar os demais? Seria tão desastroso quanto uma cirurgia que visasse restaurar o fluxo de sangue numa pequena veia do paciente e que, no processo, cortasse uma artéria importante. Tal descuido resultaria no mínimo em deformidade do paciente, senão em morte imediata. Sua alma é uma criatura delicada e exige habilidade máxima para manter o equilíbrio. Esteja em vigilância constante para que não haja concentração desmedida em uma ou duas das ordenanças de Deus em detrimento das outras.
 “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis” (Ef 6.13).
 Extraído de The Christian in Complete Armour: Volume One (O Cristão com Armadura Completa: Volume Um), por William Gurnall. Publicado com permissão de “Banner of Truth”, P.O. Box 621, Carlisle, PA 17012, EUA.
 William Gurnall (1616-1679) foi um pregador e escritor puritano muito respeitado.
Postado por Roberto
Abraço

sexta-feira, 16 de abril de 2010

COMO SE ARREPENDER



 O texto a seguir foi adaptado de uma mensagem ministrada na Conferência “Heart-Cry for Revival” (Clamor do Coração por Avivamento) em abril de 2008, na Carolina do Norte, EUA.
  Em determinada época da minha vida, tive um sonho que Deus usou para falar comigo. Eu estava passando por um período muito seco, espiritualmente. Começava a orar por algo e logo mais parecia estar mendigando do que orando. Tome muito cuidado com essa atitude de mendigar a Deus por coisas, porque passa a ideia de que precisa mais daquela coisa do que dele. É como se estivesse dizendo: “Tu não és suficiente para mim, Senhor; preciso daquilo”.

 Eu conhecia bem as promessas das Escrituras, como, por exemplo: “...tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco” (Mc 11.24). Eu reivindicava o cumprimento de tais promessas – e quando isso não acontecia, ficava desapontado. Comecei a pregar uma série de mensagens na igreja, intitulada Deus está operando mesmo quando não posso vê-lo, porque nenhum outro tema fazia sentido para mim. Orava e jejuava e dizia: “Senhor, não posso continuar assim. Não posso mais ministrar se não sair desse lugar seco”.

 Foi então que tive o sonho. No sonho, vi Deus operando de forma muito poderosa, como só acontece em sonhos. Vi Deus passando pelo país inteiro, como um rio inundando e lavando a terra. Fiquei ali, observando, e uma imensa alegria enchia meu interior, alegria verdadeira, alegria de alma. Superava e ofuscava tudo que antes eu conhecesse por alegria.

 Quando me levantei de manhã, havia um esboço na minha mente. Tinha estes cinco pontos:

 Deus no trono: um quadro de santidade.  Precisamos voltar a vê-lo assim. Perdemos a visão de um Deus elevado e exaltado. Deus é glória inefável. Ele habita em luz inacessível. Ninguém pode ver Deus e viver. Nosso Deus é um fogo consumidor (Hb 12.29). Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb 10.31). Precisamos voltar a ver Deus no trono: um quadro de santidade.

 Pecado no espelho: um quadro de quebrantamento. Na igreja, hoje, vemos pecado nos jornais e na vizinhança; conseguimos enxergar pecado por toda parte, menos no espelho, quando estamos olhando para nós mesmos. A maioria dos cristãos é muito deficiente quando se trata de enxergar seu próprio pecado. Se você perguntar a um cristão típico: “Em que aspecto de sua vida Deus está tratando agora, no sentido de santificá-la? O que ele está fazendo?”, ele responderá: “Não sei”.

 O ego na lama: um quadro de arrependimento. Queremos subir a níveis mais elevados, mas não queremos descer antes. Toda nossa celebração superficial nunca toca o âmago da questão. Isaías dizia que eram “ofertas vãs” (Is 1.13). O ego na lama significa descer aos lugares mais humilhantes. Até onde seu ego já foi rebaixado?

 Cristo na cruz: um quadro de graça. A graça só é impressionante quando é vista como o remédio para um problema visto e reconhecido. Graça sem pecado é inútil. É um remédio para uma doença que não admito possuir. Por outro lado, quando você vê pecado no espelho e o ego na lama, a graça é incrivelmente maravilhosa.

 O Espírito no controle: um quadro de poder. O Senhor me deu Oséias 6.1-3 como tema desse esboço: “Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele nos despedaçou, e nos sarará; fez a ferida, e a ligará...” Eu amo especialmente esta promessa: “Como a alva a sua vinda é certa”. O sol nasceu hoje de manhã? Então, da mesma forma, Deus saiu para realizar sua obra no mundo, assim como faz todos os dias.

 Primeiro passo no avivamento

 Meu tema é o ponto central na lista acima: o ego na lama: um quadro de arrependimento. Arrependimento é o funil pelo qual passa todo avivamento. Você quer que seu coração seja tocado? Quer alcançar um lugar mais alto em Deus? Comece com arrependimento.

 A palavra avivamento não está na Bíblia como substantivo. O verbo avivar (vivificar), porém, está. “Vivifica-nos, e invocaremos o teu nome” (Sl 80.18). “Desvia os meus olhos para que não vejam a vaidade, e vivifica-me no teu caminho” (Sl 119.37). “Estou aflitíssimo; vivifica-me, Senhor, segundo a tua palavra” (Sl 119.107, uma oração durante tempo de provação).

 Arrependimento é o primeiro passo para o avivamento. Uma passagem clássica no Novo Testamento encontra-se em 2 Coríntios 7, que mostra uma verdade importante: arrependimento é uma boa coisa.

 A igreja em Corinto era uma igreja problemática. Era composta de pessoas mundanas, sectárias, carnais. Paulo escreveu algumas cartas aos coríntios, duas das quais foram preservadas no Novo Testamento. Além disso, ele passou pela cidade de Corinto várias vezes.

 As coisas que estavam acontecendo lá estavam entristecendo o coração de Paulo. Na segunda carta aos Coríntios, ele faz referência a uma carta anterior: “Porquanto, ainda que vos tenha contristado com a carta, não me arrependo; embora já me tenha arrependido (vejo que aquela carta vos contristou por breve tempo)...” (2 Co 7.8).

 Nessa carta anterior, ele havia escrito, com termos bem fortes, mais ou menos o seguinte: “Vocês estão fazendo isso e aquilo. Parem de agir assim!” Paulo os amava e sabia que era difícil para eles ouvir palavras como essas. Dá a impressão de que ele teve alguns momentos de dúvida. “Será que falei demais? Fui duro demais com eles? Eu os amo. Não quero afastá-los.” Se você já passou por algo assim, sabe que esse tipo de situação parte o coração. Você não quer falar muito. Se não dá para apanhar o fruto, pelo menos não o machuque!

 Entretanto, a igreja em Corinto precisava ouvir essas palavras, e alguém precisava dizê-las. Paulo disse que foram contristados ou feridos pela verdade apenas “por breve tempo”. Por quê? O Espírito Santo penetrou seus corações, sentiram-se contristados (com convicção de pecados) e se arrependeram.

 Paulo escreveu: “Agora me alegro, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento” (v. 9). Em outras palavras, Paulo disse: “Agora estou tão feliz que disse aquelas palavras. Foi duro por um tempo. Eu não os queria perder, mas agora vejo que o Espírito Santo usou minhas palavras para trazer convicção, e isso quebrantou seu coração. Agora vocês se arrependeram, e estou muito contente que Deus tenha feito isso”.
Eis a chave: arrependimento.   

 Arrependimento em toda a Bíblia

 Era essa a mensagem que se ouviu da boca de cada mensageiro bíblico. É impossível não percebê-la no Velho Testamento. Todos os profetas pregavam a mesma mensagem: “Arrependa-se!”. Ezequiel, Isaías e Oséias a pregavam: “Arrependa-se!”. A mesma mensagem foi pregada vez após vez após vez. Por quê? Porque é o funil pelo qual passa toda graça! Se Deus conseguir nos levar a um lugar de arrependimento, a partir daí tudo será abençoado. Contudo, enquanto não chegarmos a essa posição, nosso serviço para o Senhor será ineficaz.

 Alguns argumentam que os entusiastas por avivamento só pregam do Velho Testamento. Vá ao Novo Testamento, então. Veja João Batista; sobre o quê ele pregava? “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3.2). E os discípulos? Em Marcos 6.12, lemos que “saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse”. E, em Lucas 15.7, que “haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento”.

 E na igreja primitiva? No dia de Pentecoste, mais de 3 mil pessoas se converteram. Qual foi o assunto naquela ocasião? “Arrependei-vos!” Era esse o assunto em Atos 2. E, novamente, em Atos 3.19,20: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que da presença do Senhor venham tempos de refrigério...”

 Vocês querem tempos de refrigério, querem mesmo? Arrependam-se, para que venham tempos de refrigério. E a exortação em Atos 17.30: “Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos em toda parte se arrependam”.

 Talvez você pense que era essa a mensagem dos apóstolos, mas não o coração de Jesus para nós. Leia Apocalipse 2.16: “Portanto, arrepende-te...”. Foi a mensagem de Jesus para a igreja em Pérgamo. “…e se não, venho a ti sem demora, e contra eles pelejarei com a espada da minha boca.” Em Apocalipse 3.19, Jesus diz: “A quantos amo…” Hoje, que tipo de mensagem daríamos à Igreja? “A quantos amo, eu abençôo? Paparico? A quantos amo, favoreço com toda sorte de maravilha?” Não é assim que Jesus age. “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso, e arrepende-te.” Esse é o coração do Senhor para nós hoje, desejando que alcancemos um lugar de genuíno arrependimento. 

 O que é arrependimento?

 Eu acho que a maioria das pessoas não sabem o que é arrependimento. Elas vivem a vida cristã e o processo de santificação de acordo com 1 João 1.9: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça". "Se confessarmos os nossos pecados..." – você sabe o que isso significa? Eu ouvi um estudioso da Bíblia dizer uma vez que confessar significa dizer o que Deus diz. O que Deus diz sobre pecado? Ele diz que é pecado. Então, o que eu digo? "É pecado, Deus. Perdoa-me, Deus, eu pequei novamente.” 1 João 1.9 diz: “…fiel e justo para nos perdoar”. “Sinto muito, Deus. Perdoa-me, Deus.” Que conceito medíocre de confissão!

 Antes que você possa dizer o que Deus diz sobre pecado, você precisa ver o que ele vê. Arrependimento é o processo de ver o que Deus vê. Você nunca confessará de verdade enquanto não se arrepender antes. Confissão é fácil se vier depois do processo extremamente difícil de arrependimento. Se arrependimento fosse fácil, todos estariam se arrependendo. A maioria dos cristãos está presa em um ciclo de pecado, confissão, pecado, confissão, pecado, tomando posse da graça, citando 1 João 1.9 – mas sem qualquer mudança. Arrependimento é o processo de ver o pecado como Deus o vê. Não é uma coisa fácil de se fazer.

 Arrependimento é mudança em todas as maneiras e em todos os níveis. Arrependimento não é mudar de cônjuge, de emprego, de endereço ou de amigos. Arrependimento é mudar no lugar em que é mais necessário. Arrependimento é mudar o interior da pessoa – a maneira como penso, como vejo, como sinto. Arrependimento não leva à mudança; arrependimento é mudança. Arrependimento é reconhecer o pecado pelo que é, seguido por uma tristeza do coração e culminando em uma mudança de comportamento. Você não se arrepende, e arrepende, e arrepende, e arrepende sobre as mesmas coisas, vez após vez. Não é que não possamos ter recaídas, mas arrependimento é mudança. Não penso mais sobre o pecado da mesma forma.

 Arrependimento é minha mente, minhas emoções, minha vontade; é a totalidade de quem eu sou. Pense sobre a história do filho pródigo (Lc 15.11-32). Ele roubou a herança e acabou indo morar com porcos. Então, de repente, a Bíblia diz que ele caiu em si. Teve uma mudança de mente.

 A Bíblia diz que arrependimento é um ato realizado em Deus (Jo 3.21). Você não o consegue fazer por si mesmo. Em Atos 5.31, diz: "Deus, porém, com a sua destra, o exaltou a Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados." Deus oferece isso a você. E veja em Atos 11.18: "E ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para a vida".

 Em 2 Timóteo 2.25, encontramos uma passagem clássica sobre o arrependimento ser uma obra de Deus. Paulo diz que os servos de Deus devem disciplinar "com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem a verdade...".

 Você não consegue ver a verdade por si mesmo. Se você ou alguém que você ama é prisioneiro do pecado, fica impossível para vocês enxergá-lo. Quando o filho pródigo estava naquele chiqueiro e voltou à razão, foi porque Deus o havia tocado. De repente, ele olhou em volta de si e pensou: “O que estou fazendo aqui?”.

 Portanto, em primeiro lugar, ele teve uma mudança de mente. Depois teve uma mudança de coração. Ele teve este sentimento: “Não sou mais digno de ser chamado filho. Mereço ser escravo”. Passou a pensar de modo diferente sobre si mesmo. Antes ele estava inchado, mas depois voltou à razão e caiu em si.

 Ele teve uma mudança de mente e uma mudança de coração, mas ainda faltava uma outra parte do arrependimento. Quando alguém realmente está se arrependendo, a vontade começa a unir-se à mente e a formar um plano. “Levantar-me-ei e irei ter com meu pai e lhe direi...” Quando a pessoa está verdadeiramente arrependida, não precisa dizer-lhe o que fazer. Ela descobre por si mesma quando Deus faz a obra em seu coração. Arrependimento é mente, é emoção, é vontade.

 Arrependimento antes de avivamento

 Todas as bênçãos que Deus quer derramar para nós vêm através deste funil de arrependimento; arrependimento em mim antes de avivamento em mim. Quando foi a última vez que Deus tratou com você por algum pecado? Quando foi a última vez que seus olhos se encheram de lágrimas por causa da obra incompleta de santificação em sua vida? Quando foi a última vez que Deus quebrantou seu coração por causa da lacuna entre Jesus e você? Quer avivamento? Arrependimento é o ponto de partida.

 Algumas categorias de pecado

 O Espírito de Deus não traz convicção sobre generalidades. O Espírito de Deus é como um cirurgião: “Isto precisa ser cortado”. Vamos começar a sondar:

 A primeira categoria é orgulho, a segunda é prazer e a terceira é prioridade. Sob a categoria de orgulho: orgulho sobre sua posição. Se você quer ser apresentado, se quer ser conhecido, se quer ser reconhecido, se tem uma posição e está ansioso que os outros saibam quem você é ou o que conquistou, você tem um problema de orgulho. Orgulho é anti-Deus; onde há orgulho, Deus não está.

 Logo depois vem o orgulho de prestígio – meu status. Eu preciso de aplauso, preciso de reconhecimento. Depois vem orgulho de poder. “Não preciso de posição e prestígio; tenho poder. Eu governo minha casa.” Dominar os outros, usar minha influência é orgulho. Deus é capaz de humilhar aqueles que andam em orgulho (Daniel 4).

 Uma segunda categoria de pecado é prazer. Prazeres não são errados, mas desejá-los com a intensidade errada, na hora errada ou com a pessoa errada torna o prazer pecado. O primeiro na categoria de prazer é sexo: minhas necessidades, quando quero, da maneira que quero, aquilo que quero. É pecado. E, em segundo lugar, uma substância, legal ou ilegal. “Eu tenho que possuir ou conseguir isto.” A compulsão de ter algo além de Deus é pecado. Não esteja sob o domínio de nada além de Deus, seja uma pessoa, uma situação ou uma substância legal ou ilegal. Pela graça de Deus, como seguidor de Jesus, não aceito estar sob o domínio de coisa alguma. Se eu estiver, é pecado.

 Em seguida vêm “coisas”. Dizemos a nós mesmos: sei que vou ser feliz quando eu tiver aquele carro, aquela casa, aquela viagem, etc. Por um lado, há pessoas que pensam que as coisas são más em si mesmas e querem fazer votos monásticos. Isso não leva à santidade. Por outro lado, há pessoas que pensam que bênção e riqueza são a mesma coisa. Precisamos de equilíbrio. Salmo 62.10 diz, “...se as vossas riquezas prosperam não ponhais nelas o coração”. Não é errado ter coisas; é errado que elas me possuam! Deus não divide o trono com ninguém. Quando penso que coisas materiais podem me dar felicidade, me satisfazer e me dar algo que só Deus pode dar, isso é idolatria. Se é idolatria, é pecado.

 Em terceiro lugar, tem uma categoria geral de prioridades, o bem que não foi feito. Tiago diz que se você sabe fazer o bem e não o faz, é pecado (Tg 4.17). A primeira prioridade é com relação de não cuidar de mim mesmo. O meu corpo é templo do Espírito Santo, e não cuidar de mim – comer excessivamente, não se exercitar, trabalhar demais, não ter lazer, não ser uma pessoa equilibrada ou não viver de maneira saudável – é pecado. Preciso cuidar de mim mesmo. Quero servir a Deus por quantos dias ele me der, mas servir demais ou ter lazer demais não é honrar a Deus. Precisamos de equilíbrio.

 A segunda prioridade é os outros. Deus dá valor aos relacionamentos e às pessoas. Seja amável, bondoso, perdoador. Abrigar no coração ressentimento e falta de perdão como resultado de alguém que me feriu é um câncer para a alma, e é pecado. Precisamos arrepender-nos disso. “Estou errado, Deus, não posso guardar isso contra ela. Preciso liberá-la disso”.

 Guardei o melhor para o final – o maior prioridade é Deus em primeiro lugar. Deus primeiro em meu dia, Deus primeiro em minha semana, primeiro e com a maior prioridade em minha vida. “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3).

 Avivamento é apenas um sonho até que sejamos específicos e nos arrependamos de pecados específicos. Não apenas dizer: “Ó Deus, quero ser um cristão melhor”. Precisamos nos arrepender.

 Marcas de arrependimento

 Em 2 Coríntios 7, vemos cinco marcas de genuíno arrependimento. Uma base bíblica para identificar marcas de arrependimento é Lucas 3.8: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento”. Em outras palavras, embora não possa ver dentro do seu coração, quando o arrependimento existe no coração, este é o fruto que estará na árvore. Jesus disse: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7.20). Então, podemos saber se alguém está arrependido, mas talvez não de imediato. A pessoa pode fazer a oração, dizer as palavras e derramar as lágrimas, e, com o tempo, você verá os frutos. É por isso que lemos em Atos 26.20: “...que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento”.

 A primeira marca de verdadeiro arrependimento é tristeza pelo pecado. Paulo diz em 2 Coríntios 7.9-10: “...fostes contristados segundo Deus... Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação”.

 A expressão mais clara sobre os sentimentos que acompanham o arrependimento em toda a Palavra de Deus é tristeza. Mas nem toda a tristeza é arrependimento. O apóstolo Paulo diz que tristeza segundo o mundo é algo como: “Estou triste por sentir-me tão mal”, “Sinto muito que fui descoberto”, “Sinto muito por ter prejudicado tanto minha imagem”, “Sinto muito porque não gostas disso, Deus”. É um “Sinto muito por mim...”, “Sinto muito por mim...” em contraste a uma verdadeira tristeza de coração pelo que fiz contra Deus.

 O pecado é antes de tudo uma rejeição a Deus. O pecado diz: “Tu não tens razão sobre isso, Deus. Não vou sofrer por isso, Deus. Tu não podes satisfazer esta necessidade em mim, Deus. Eu preciso possuir isso, Deus”. Pecado é uma rejeição a Deus. Genuíno arrependimento é uma rejeição desse pensamento errado. Começa com uma tristeza santa, angústia da alma. A primeira marca de verdadeiro arrependimento é tristeza pelo pecado. Só Deus pode concedê-la.

 A segunda marca é repulsa pelo pecado. Veja o versículo 11: “Porque quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados!” O verdadeiro arrependimento de coração é óbvio, é zeloso, tem pressa, diligência. “Estou farto de minha boca fofoqueira.” “Não aguento mais meu olho lascivo.” “Estou cheio desse vício debilitante.”

 Note no versículo 11: “que indignação”, um sentimento de forte desconforto e oposição em que o objeto antes desejado se torna repulsivo. “Não desejo aquilo mais. Não o suporto.” Então um dos frutos do arrependimento é repulsa. É quando “nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” torna-se realidade (Rm 13.14). Só Deus pode conduzi-lo para um lugar onde você cai em si e vê o pecado pelo que realmente é.

 Eu acredito, porém, que você pode cultivar um coração arrependido. Você pode buscar ao Senhor. “...arai o campo de pousio; porque é tempo de buscar ao Senhor, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós” (Os 10.12), e: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 29.13). Você pode buscar a Deus por arrependimento. Se pedir pão, ele lhe dará uma pedra? Deus não é relutante em conceder arrependimento, mas não creio que seja algo fácil de se conseguir: tristeza pelo pecado e repulsa pelo pecado. “Que cuidado... que indignação...”

 A terceira característica do arrependimento é restituição a outros. Note também que em 2 Coríntios 7.11 Paulo diz: “que defesa”. É a ideia de empenhar-se para consertar as consequências do pecado. Quando você está realmente arrependido, você não vê a hora de acertar tudo com as pessoas que seu pecado feriu. Muitas pessoas na igreja dizem estar bem com Deus, mas não estão bem com aqueles que foram feridos pelo seu pecado. “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Rm 12.18).

 Que Deus nos perdoe por afirmarmos que estamos bem com ele, levantando mãos “santas” para ele, ao mesmo tempo em que ignoramos totalmente como nosso pecado afetou outros. Versículo 11 diz: “Em tudo destes prova de estardes inocentes neste assunto”. Você já fez tudo o que poderia ser exigido. Empenhou-se para ver o relacionamento restaurado.

 Quando arrependimento é muito difícil

 Há duas categorias de pecado em que arrependimento e restituição são muito difíceis. A primeira é oportunidade desperdiçada. Você joga fora uma oportunidade; como se arrepende disso? Uma garota teve um aborto. Como pode consertar isso? Um homem divorciou-se de modo não-bíblico. Agora sua primeira esposa já está casada com outro. Como se arrepende disso?

 Um casal tinha três filhos; o marido e a mulher trabalhavam fora. Eram ricos e muito ocupados. Seus filhos tinham tudo, menos os pais. Agora, depois de adultos, os filhos não querem nada com Deus. Como se arrepende disso? É muito difícil arrepender-se de oportunidades desperdiçadas.

 A segunda categoria é de prazeres consumidos. É extremamente difícil arrepender-se de um prazer consumido: uma explosão de raiva, uma bebedeira, um envolvimento homossexual, contemplação particular de pornografia, hábitos de glutonaria, uma forte compulsão, uma procura consciente, uma escolha deliberada, um prazer consumido.

 “Estou dizendo que sinto muito, Deus. Acho que estou arrependido. Quero estar arrependido, mas sempre faço novamente.” Veja Esaú (Hb 12.16-17). Ele não encontrou o arrependimento, apesar de tê-lo buscado diligentemente com lágrimas. Por quê? Ele era uma pessoa profana. Vendeu seu direito de primogênito por um prato de comida. Pecou contra a verdade, e isso ao ponto de não se importar mais.

 Você pergunta: “Pode ser tarde demais para uma pessoa?” Sim. O Espírito de Deus não contenderá para sempre com todos os homens (Gn 6.3). “É tarde demais para mim?” Se você ainda se importa, então não é. Esaú não conseguia mais se importar. Só se importava consigo mesmo. Às vezes a restituição é muito difícil. Como se faz restituição por uma oportunidade perdida? Como se faz restituição por um prazer consumido? É por isso que o pecado é tão sério.

 Graças a Deus, há boas novas também. Um quarto sinal de verdadeiro arrependimento é renovação para com Deus. Paulo diz em 2 Coríntios 7.11, “...que temor”. Temor é a atitude do coração que busca um relacionamento correto com aquele a quem se teme. “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Sl 111.10). Quando você vive em um estado de não arrependimento, você não teme a Deus. Você faz o que quer. Mas quando se arrepende, você tem esse temor em sua vida, temor de estar em um relacionamento errado com Deus, de perder seu favor, de fazer algo para descrédito de seu nome, ou de perder sua bênção. É doloroso lidar com desapontamento e injustiça, mas eu preferiria sofrer a injustiça do que exercer a vingança por mim mesmo, porque temo a Deus.

 Paulo diz “que temor, que saudades, que zelo”. Isso é avivamento, renovação! E veio do arrependimento. Zelo é uma paixão central pelas coisas do Senhor, um renovado interesse após um período de indiferença ou declínio, é experimentar e desfrutar mais de Deus em minha vida. É ser renovado para com Deus!

 A característica final de arrependimento genuíno é prosseguir adiante, não olhar para trás. Note o que diz em 2 Coríntios 7.9: “...de nossa parte, nenhum dano sofrêsseis”. Paulo está dizendo que não estava desperdiçando o tempo deles. Não estava falando de algum ponto trivial que não tem a ver com o melhor de Deus para suas vidas. Pelo contrário, se você levar a sério esse processo de arrependimento, sua vida alcançará níveis mais altos.

 E depois note no versículo 10: “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar”. Se a tristeza segundo Deus produz arrependimento sem pesar, o que a tristeza segundo o mundo produz? Pesar. Você sabe que seu arrependimento não é genuíno se está se perguntando: “Por que sou assim?”. Arrependimento é não pensar mais sobre o passado. Arrependimento é uma experiência que muda a vida. Arrependimento é “que Deus me ajude pelo resto de minha vida. Vai ser diferente agora e nada irá me impedir”.

 Até que ponto você está levando a santidade a sério? Não faça provisão para a carne. Nenhuma! O fato mais impressionante sobre o arrependimento é que ele produz tristeza genuína. Tristeza do mundo produz lamento e pesar. Tristeza genuína, segundo Deus é olhar para frente para aquilo que a partir de agora serei. “Eu posso ser diferente, posso ser mudado, posso ser renovado – se eu me arrepender...”

 Tratando com pecados específicos

 Senhor, sonda-me. Será que sou culpado de ira... ansiedade... contenda... vícios... intolerância... amargura... pretensão... dissensão... vaidade... desejo de dominar... excesso de emotividade... temor da opinião de outros... cobiça... língua crítica... engano... depressão... insensibilidade aos outros... dependência de drogas... alcoolismo... inveja... falsa modéstia... medo... sentimento de rejeição... sentimento de incapacidade... sentimento de inferioridade... glutonaria... ganância... falsa culpa... ódio... hostilidade... luxúria homossexual... idolatria... impaciência... impulsividade... pensamentos impuros... indiferença com outros... insegurança... intemperança... ciúme... preguiça... isolamento dos outros... desejos carnais por prazer... materialismo... negativismo... envolvimento em ocultismo... teimosia... hipersensibilidade a outros... passividade... preconceito... profanidade... transferência de culpa... disposição a fofoca... rebeldia a autoridade... ressentimento... inquietação... tristeza prolongada (inconsolável)... egocentrismo... autoindulgência... autojustificação... autopiedade... autoconfiança... justiça própria... autossuficiência... sensualidade... luxúria... falta de perdão... inflexibilidade... pavio curto... falta de amor... soberba... omissão... excesso de trabalho?

 Convido você a pensar sobre esses pecados específicos. Senhor, queime o nosso coração sobre essas coisas. Sou culpado? Sou assim? Deus, tu podes quebrantar meu coração com relação a isso? Podes dar-me fé para acreditar que honras o arrependimento genuíno a ponto de transformar-me? Posso quebrar o ciclo de pecar, confessar, pecar, confessar – que me prendeu por tanto tempo? Podes por teu Espírito remover por completo as racionalizações que me mantiveram amarrado neste lugar? Perdoa-me, Senhor, por ter me comparado com outros quando só tu és o padrão. Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos! Toda a terra está cheia da tua glória!


James MacDonald é pastor da Harvest Bible Chapel, Rolling Meadows, Illinois, EUA.

Postado por Roberto
Abraço